Ricardo Sanches/Quatro Rodas

Joia da engenharia. É bem provável que você já tenha ouvido – ou lido – esse termo em algum lugar quando o assunto é motor.

Indiscutivelmente, é notável que os conjuntos mecânicos dos automóveis evoluem a olhos vistos – até como uma estratégia de sobrevivência das montadoras frente às severas normas ambientais.

As engenharias, obviamente, lançam mão de dispositivos e tecnologias na corrida frenética pela eficiência energética.

É um tal de colocar variação de fases no motor, turbinas, compressores mecânicos, sistemas de injeção direta… Isso sem falar nos modelos híbridos e puramente elétricos.

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Mas e a outra ponta? O que esses propulsores e suas soluções acarretam em manutenção e cuidados extras? QUATRO RODAS trouxe os vários tipos de motores existentes no mercado e no que eles pedem atenção especial.

Ciclo Otto aspirado 

É o mais comum e usado no Brasil. Por isso mesmo, é o que traz maior facilidade de manutenção, tanto em acesso como em custo para peças e mão de obra.

De qualquer forma, requer manutenção regular conforme o Manual do Proprietário, em especial para trocas de óleo, filtros e mangueiras.

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A etanol x A gasolina 

A gasolina oferece menor degradação do lubrificante e consegue ter intervalo maior de trocas, pois o etanol acaba se diluindo um pouco no óleo.

Por outro lado, o nível de carbonização do cárter é muito maior nos motores puramente a gasolina do que nos 100% movidos a etanol.

“Isso não é mais um problema tão grande com os motores flex hoje em dia”, diz Everton Lopes da Silva, mentor de Tecnologia da SAE Brasil.

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Ciclo Atkinson 

Comparado ao Otto, os motores Atkinson trabalham com a abertura e o fechamento das válvulas de forma antecipada ou tardia, dependendo do projeto.

É uma forma de o conjunto trabalhar com uma taxa de compressão efetivamente menor. É raro no país – o Toyota Corolla híbrido flex se vale de um motor Atkinson. A manutenção segue a do ciclo Otto.

Comando variável 

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Aqui deve-se atentar para o uso de óleo de boa qualidade e dentro das especificações do fabricante para evitar problemas justamente na parte do comando variável, que é banhado pelo lubrificante.

Comando duplo

O motor com comando duplo de válvulas demanda uma manutenção mais criteriosa e qualificada.

A troca da correia, por exemplo, é mais complicada – era o drama nos Fiat Marea e Tempra –, pois exige ferramental específico e mão de obra especializada.

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Injeção direta

Os motores com injeção direta são mais sensíveis à qualidade do combustível. A gasolina com muitas partículas ou adulterada altera os padrões do sistema e degrada o conjunto.

Como é uma peça que trabalha com alta pressão, os parâmetros de injeção devem ser mais precisos. Já o etanol adulterado vai acelerar a corrosão.

Por essa razão, outra parte que merece atenção nos carros com injeção direta é a do filtro de combustível. Essa peça deve ser trocada rigorosamente dentro dos prazos estipulados pelo fabricante do veículo, para que não deixe passar as impurezas para o sistema de injeção.

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Turbo

Nas unidades de Ciclo Otto sobrealimentadas é necessário que o usuário respeite a troca do filtro de ar. A degradação da peça permite a entrada de partículas abrasivas, que desgastam as paletas do turbocompressor.

Além disso, deve-se ter cuidado com a lubrificação, devido à própria característica de construção dos motores turbinados.

“Como há aumento de pressão dentro do cilindro e de esforço em todas as direções da câmara de combustão, isso leva o motor turbo a ter um consumo de lubrificante ligeiramente elevado frente ao aspirado”, explica o engenheiro mecânico, especialista em manutenção automotiva, Renato Passos.

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Desacelera no turbo 

Ainda nos sobrealimentados de Ciclo Otto, é preciso ter atenção às velas e aos componentes de manutenção rotineira. E também certos cuidados quando o carro está em uso contínuo.

Sabe aquela dica, “em uma viagem com o carro turbo, a cada 100 km, rodar 15 segundos em marcha lenta”? “Vale para o motor fazer resfriamento e evitar coqueificação do óleo. Os lubrificantes mais modernos ajudam a evitar esse efeito, só que ainda é uma boa prática”, sugere Passos.

Compressor mecânico 

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A principal diferença entre o motor com turbocompressor e o com compressor mecânico está no óleo. Os dois vão exercer uma pressão maior dentro da câmara de combustão.

Só que o compressor fica à parte do conjunto, não está tão integrado ao motor como a turbina. O óleo que circula no motor não circula no compressor mecânico.

Turbodiesel 

No Ciclo Diesel o motor funciona com pressões mais altas na câmara de combustão do que no Otto. Por isso, os componentes geralmente são mais robustos e, consequentemente, mais caros.

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Porém, são motores mais duráveis e cujos intervalos de manutenção costumam ser mais longos – um exemplo é o Jeep Renegade, cujas revisões das versões turbodiesel são a cada 20.000 km, contra espaços de 12.000 km para os flex.

Híbridos 

Nos híbridos, sejam leves, plug-in ou plenos, a grande questão está nas baterias – mesmo problema dos elétricos.

Como são modelos mais pesados, itens como suspensão, freios, pneus e transmissão costumam exigir maior atenção e manutenção. Os dois sistemas de propulsão, obviamente, não diminuem a necessidade de revisão periódica.

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O intervalo de manutenção do motor a combustão é que pode ser maior, mas varia conforme o uso.

“O motor a combustão, teoricamente, é menos exigido. Mas depende do uso do veículo. Na cidade, o elétrico é mais acionado, mas, em viagens mais longas e com muitas retomadas, o a combustão é o que trabalha mais”, explica Lopes da Silva.

Elétrico

Manutenção do elétrico é mais simples porque o motor também é mais simples. Além disso, não há troca de lubrificantes, filtros de óleo ou de outros fluidos usuais nos motores a combustão.

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E, como os sistemas de transmissão costumam ser de marcha única, não há custos elevados com embreagem ou substituição de óleo.

Aqui, pneus, freios e suspensão, pelo fato do peso da bateria, também requerem manutenção mais periódica.

“O freio tende a ter manutenção mais cara pelo seu sistema regenerativo. Ele funciona como gerador. Então, não é como tirar o cubo de roda como em um Opala. É mais complexo e depende de ferramental e mão de obra especializados”, adverte Renato Passos.

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