Veículos elétricos são uma forte tendência internacional, mas o Brasil ainda está distante deste cenário. A busca pelos carros elétricos tem crescido, mas o alto valor de compra é o maior desafio para o brasileiro. Contornando essa dificuldade, dois engenheiros foram criativos na conversão de conhecidos modelos à combustão para alimentação por eletricidade.
Um deles é o conhecido Elifas Gurgel. Popular na indústria nacional, ele importou a ideia após participar de Workshop nos EUA. Chegando ao Brasil, encomendou um kit com motor elétrico, controlador do motor e bomba de vácuo de uma empresa norte-americana, além de um Volkswagen Gol zero-quilômetro — especialmente escolhido pela sua fácil manutenção, peças abundantes, baixo custo e peso inferior a 1 tonelada.
O projeto começou no desmonte do motor à combustão e na construção do conjunto elétrico — composto pelo kit importado dos EUA e um banco com 40 baterias de íon-lítio de 180A vindo da China.
Motor finalizado no Gol elétrico.Fonte: Elifas Gurgel/Reprodução
O Gol elétrico passou a ter potência de 70 cv e uma única carga da bateria de 24 kWh o torna capaz de percorrer 150 km. A alimentação também não é das piores, levando apenas oito horas para atingir a carga total.
Toda a transformação custou cerca de R$ 60 mil — sem contar com o custo do Gol zero-quilômetro que, na época, valia R$ 25 mil. Apesar do investimento, Elifas diz que o pioneirismo dificultou o projeto. Ele relata grande dificuldade para encontrar as peças necessárias e confessa ter adaptado — ou criado do zero — boa parte delas. Posteriormente, o engenheiro teve que enfrentar a legislação brasileira.
Após longo período procurando apoio político, o engenheiro teve seu pedido aceito e publicado no Diário Oficial da União (DOU) em abril de 2010. Seguindo as exigências estatais, Elifas abriu uma empresa de conversão — a 4GVE — e adicionou airbags e ABS ao seu elétrico — que agora se chamava Volkswagen Gol 4GVE elétrico EGA.
Elifas Gurgel ao lado do seu exclusivo Gol elétrico.Fonte: Veículo Elétrico/Reprodução
Um Fusca seguindo tendências
Outro caso de sucesso é do Denis Vaneti. O rapaz se inspirou ao assistir um programa de televisão estrangeiro e quis dar corpo à ideia no seu Fusca.
Vaneti iniciou uma longa pesquisa para entender o processo de transformação e tomar conhecimento de todos os componentes e ferramentas necessários para o projeto. Seu objetivo era desenvolver uma solução barata e acessível, além de cessar a emissão de poluentes do antigo motor.
O engenheiro descreve vários detalhes sobre seu projeto no próprio canal do YouTube, onde explica a sua decisão de baterias, as atuais condições e pendências do projeto e sua situação com o Estado. Diferentemente do Gol 4GVE de Elifas Gurgel, o Fusca de Vaneti ainda não foi regularizado e não está autorizado a percorrer vias públicas, mas o engenheiro pretende solucionar esse problema em breve.