A Volvo declarou guerra às emissões em 2017, quando anunciou que ia electrificar toda a sua gama, e o elemento mais recente desta ofensiva é o Volvo XC40 Recharge PHEV, um SUV que combina as capacidades de um motor a combustão com as vantagens de um propulsor eléctrico.
Imagem não mudou… nada!
A imagem exterior não sofreu alterações e não fosse a porta de carregamento das baterias, posicionada junto à porta do condutor, e não saberíamos que este XC40 é híbrido. As linhas exteriores são sofisticadas, tal como se exige a uma proposta premium, mas contam com a simplicidade típica do design escandinavo.
Na dianteira, e tal como acontece com os mais recentes modelos da marca sueca, destaca-se a assinatura luminosa LED “martelo de Thor”, numa homenagem ao Deus da mitologia nórdica. Já nas laterais aquilo que mais salta à vista são as protecções em plástico das cavas das rodas que se unem às protecções dos pára-choques, um detalhe que ajuda a vincar a robustez desta proposta.
Na traseira, destaca-se a assinatura luminosa em “L”, como acontece com os irmãos XC60 e XC90, ainda que aqui tenham uma interpretação mais dinâmica, e claro, as ponteiras de escape cromadas.
Interior minimalista
Disponível com os níveis de equipamento Inscription (unidade ensaiada) e R-Design (carácter mais desportivo), o Volvo XC40 Recharge PHEV tem uma imagem exterior muito consensual, com um “look” que foi muito bem recebido pelo público. E se o exterior se caracteriza por linhas muito sóbrias e elegantes, o habitáculo não é diferente. O interior é minimalista, bem ao estilo do design do norte da Europa, mas transpira requinte e qualidade de construção.
Este é um dos melhores interiores do segmento e basta olhar em redor para o perceber. Desde os bancos (muito ergonómicos) até ao selector das mudanças transparente, passando pelo sistema de som Harman & Kardon e pelos apontamentos em madeira no tablier e nos painéis das portas, não há nada a apontar em termos de acabamentos.
A única crítica está relacionada com o ecrã de info-entretenimento, que surge na vertical, como um tablet. Os grafismos têm uma leitura óptima e são muito fáceis de interpretar, mas navegar pelos submenus deste sistema é algo que exige alguma habituação.
Espaço não falta
Espaço é coisa que não falta neste XC40, que apresenta óptimas quotas de habitabilidade nos lugares dianteiros e também na segunda fila de bancos, argumentos que lhe permitem afirmar-se como um verdadeiro familiar. Nem mesmo a volumetria da bagageira saiu prejudicada nesta versão híbrida de ligar à ficha, já que mantém os mesmos 460 litros de capacidade.
Unidade híbrida convence
A alimentar este XC40 Recharge PHEV está um motor a gasolina de três cilindros com 1,5 litros de capacidade que produz 180 cv e um propulsor eléctrico que produz o equivalente a 82 cv. Estes dois motores surgem montados na dianteira e são responsáveis pela motricidade do eixo frontal, que recebe uma potência combinada de 262 cv e um binário máximo de 425 Nm, através de uma caixa automática de dupla embraiagem com 7 velocidades.
São números muito interessantes e que apesar dos 1871 quilos do conjunto, permite acelerar dos 0 aos 100 km/h em 7,3 segundos e chegar aos 205 km/h de velocidade máxima.
48 km de autonomia em modo eléctrico
A alimentar o motor eléctrico de 60 kW está uma bateria de iões de lítio de 10,7 kWh (8,5 kWh de capacidade útil), montada em posição central, que nos permite percorrer 48 quilómetros em modo 100% eléctrico. Pode não parecer muito, mas para quem tenha onde carregar diariamente este Volvo, é o suficiente para que seja possível fazer o percurso “casa-trabalho-casa” sem recorrer ao motor a combustão.
No ecrã central é possível navegar entre três modos de condução, denominados Pure, Hybrid e Power. O primeiro, tal como o nome sugere, dá prioridade à condução em modo eléctrico, sendo que o último, Power, tem como única função oferecer-nos o máximo de rendimento possível. O intermédio, denominado Hybrid, é o que está definido por defeito quando ligamos o automóvel.
Como se comporta em estrada?
Em termos dinâmicos, podemos dizer que este é um carro bastante previsível e isso faz com que seja muito seguro. O peso adicional das baterias faz-se notar, mas isso não “estraga” a postura deste XC40, que não recusa nenhum cenário em estrada.
Conduzimos o Volvo XC40 Recharge PHEV. Vale a pena comprar o híbrido?
Não é o SUV mais divertido de conduzir do segmento, mas cumpriu com tudo o que lhe pedi durante os dias em que estive com ele e isso é, muitas vezes, tudo o que podemos pedir a um carro.
Muito confortável em estrada, com a suspensão a absorver quase todas as irregularidades da estrada, o XC40 é um “estradista” fantástico. Porém, e quando a energia armazenada nas baterias se esgota, pode contar com consumos a rondar os 7 l/100 km.
A única coisa que tenho a apontar está relacionada com a progressividade do pedal de travão, cuja transição entre a travagem regenerativa e a travagem com recurso ao sistema hidráulico se faz sentir em demasia e é, até, algo brusca.
Faz sentido comprar esta versão?
Esta é uma pergunta que costuma estar sempre associada às versões híbridas de automóveis que também estão disponíveis com motores a combustão e neste XC40 Recharge PHEV não é excepção. A diferença para a versão T3, com um motor a gasolina de 163 cv, ronda os 10 mil euros, pelo que para justificar este investimento extra é quase obrigatório ter um sítio onde carregar diariamente as baterias desta versão, de modo a usar o modo 100% eléctrico.
Os preços para esta versão começam nos 46.588 euros, mas a versão testada, que estava equipada com vários opcionais, está nos 59.365 euros.
Importa lembrar que até ao dia 30 de Junho a Volvo está a oferecer um ano de electricidade gratuita na compra deste XC40, com o reembolso da energia consumida a ser calculado através da “app” Volvo on Call.
No caso das empresas, e uma vez que há uma versão pensada para este efeito que tem um preço a começar nos 35 mil euros (sem IVA), esta é a variante do XC40 que faz mais sentido comprar. É certo que a este valor temos de somar o IVA, mas no caso das empresas é dedutível a 100%. E importa lembrar que nem estamos a falar dos benefícios fiscais para empresas, como o pagamento de apenas 10% de tributação autónoma e 25% do valor do ISV.
Ficha Técnica
Preço (desde): 46.588 euros
Motor: 3 cilindros em linha turbo
Cilindrada: 1477 cc
Motor Eléctrico: 82 cv (60 kW)
Potência Máxima: 262 cv
Binário Máximo: 425 Nm
Velocidade máxima: 205 km/h
0 a 100 km/h: 7,3 s
Emissões CO2: 46-55 g/km
Consumo misto: 2,0-2,4 l/100 km
Autor: Miguel Dias