A apresentação europeia do sistema híbrido E-Tech decorreu em Portugal, para portugueses, depois de alguns jornalistas já terem experimentado o Clio E-Tech, devido aos constrangimentos de deslocação impostos pelo Covid-19.

Como diz a sabedoria popular, “não foi o Moamé à montanha, foi a montanha ao Moamé” e a Renault despejou ali nas novas instalações da Renault Retail Group em Loures duas ou três mãos cheias de Clio, Captur e Megane Sport Tourer, esta última com o bónus de ser já a derradeira evolução, ou seja, o modelo renovado pela casa francesa e que deverá chegar até nós em setembro.

Portanto, a proposta era cumprir 50 quilómetros ao volante dos três novos híbridos E-Tech: o Clio Hybrid, o Captur Hybrid Plug In e o Megane Hybrid Plug In. O primeiro não tem carregamento externo, os outros dois têm e são, no que toca á mecânica, exatamente iguais.

Neste artigo vou-lhe explicar tudo o que há para explicar sobre o novo E-Tech da Renault, sistema engenhoso que gerou várias patentes, não havendo nada igual no mundo. Isso é um bom começo! Depois, poderá ler os primeiros (curtos) ensaios aos três modelos e a minha opinião sobre o E-Tech. Vamos lá á tecnologia!

Afinal o que é o E-Tech? É mais uma sigla como o dCi, TCe?

É muito mais que apenas um chavão! O sistema congeminado pelos engenheiros da Renault quer ir um pouco mais além e pavimentar o caminho da eletrificação da casa francesa com vantagem face aos rivais. Muitos olham para a Renault como o “pãozinho sem sal”, quer pelo estilo quer pela inovação ausente, pelo menos aos olhos dos consumidores. Como muito bem disse alguém há uns anos, a Renault vende mobilidade, mas não sabe ser emocionante. E a presença na F1 não tem ajudado pela falta de resultados.

Tudo está a ficar diferente e com a chegada de Luca de Meo, ohh, ohh, a Renaukt vasi mudar e muito tenho a certeza. No estilo, nas gamas e na tecnologia e um dos passos mais importantes é este E-Tech.

Em primeiro lugar, dizer que todos os motores com tecnologia E-Tech fazem o arranque, sempre!, em modo 100% elétrico. Depois, a caixa de velocidades inovadora e o sistema de regeneração de energia, permitem performances interessantes. Finalmente, os consumos são, verdadeiramente, baixos. Isto porque o sistema consegue assegurar que até 80% do tempo de circulação é feito em modo totalmente elétrico e os modelos híbridos Plug In têm uma autonomia 100% elétrica de 50 km numa utilização mista e de 65 km em ambiente citadino. Tudo medições segundo o protocolo WLTP. Dizer que o sistema mantém a alimentação 100% elétrica até aos 135 km/h.

Vamos às porcas e aos parafusos!

O sistema E-Tech foi desenvolvida pela Renault, utilizando componentes desenhados no seio da Aliança Renault Nissan Mitsubishi. Exemplo disso é o motor a gasolina de 1.6 litros, que foi totalmente retrabalhado para ser um dos destaques do sistema.

Foram adicionados dois motores elétricos – um “e-motor” e um acionador de alta voltagem do tipo HSG (motor de arranque/gerador) – e a inovadora caixa de velocidades multimodo sem embraiagem e de carretos com dentes direitos.  

Associados estes dois motores elétricos à caixa de velocidades, são otimizadas e são mais fluídas as passagens de caixa sendo um desenvolvimento oriundo da F1. No Clio E-TECH Hybrid, a bateria é de 1.2 kWh (230V) e permite redução dos consumos e das emissões de CO2, uma vez que, até 80% do tempo de circulação em meio urbano, pode ser realizado em modo 100% elétrico.

Já nos Plug In,o Captur E-TECH Plug-in Hybrid e o Mégane E-TECH Plug-in Hybrid, têm uma bateria de 9.8 kWh (400V) que autoriza uma autonomia até 65 km, em modo 100% elétrico, em ciclo urbano.

Outro destaque deste E-Tech, reside na adaptação automática às condições de condução, ao estar baseado numa arquitetura em ‘série-paralelo’, que permite a combinação dos diferentes tipos de hibridização (série, paralelo e série-paralelo), uma vez que os motores podem funcionar independentemente ou combinados. O grupo motopropulsor gere os motores e a sua entrega de potência (de acordo com a aceleração) e as oportunidades de regeneração da bateria. Esta gestão é operada de acordo com 15 combinações possíveis, entre os motores e as relações engrenadas na caixa de velocidades. 

Quando em uso, a mudança de um modo para o outro é praticamente impercetível e não requer nenhuma intervenção do condutor. O sistema E-Tech escolhe, automaticamente, o modo mais apropriado para a situação, de forma a otimizar as emissões e o consumo de combustível. Mas há mais!

Reclama aRenault tecnologia E-TECH otimiza a energia nas fases de abrandamento ou de travagem. Isto com a regeneração de bateria em desaceleração: quando o condutor levanta o pedal do acelerador e o seletor da caixa de velocidades está em “Drive”, o motor elétrico primário funciona como um gerador que recupera a energia cinética produzida pela desaceleração e transforma-a em energia elétrica que é encaminhada para a bateria.

Se quiser maior regeneração, está disponível o modo “B”, que resulta num abrandamento ainda mais pronunciado, até uma velocidade de aproximadamente 7 km/h. Porém, não trava o carro como sucede com os Nissan equipados com o “e-pedal”. Quando o condutor pressiona o travão, o processo de travagem é espoletado eletricamente e pode ser complementado, se necessário, com a força de travagem hidráulica oriunda das pastilhas de travão. Também aqui o motor elétrico providencia a força de travagem adicional e recupera o excesso de energia para o devolver à bateria.

A terceira funcionalidade no híbrido Plug In, é o ”E- Save”, disponível no Multi-Sense. Este modo limita a utilização do motor elétrico e dá prioridade ao motor de combustão interna, assegurando a manutenção de uma reserva de carga na bateria (pelo menos 40%). Deste modo, fica salvaguardada a utilização de uma considerável percentagem de energia para a condução em modo 100% elétrico, para usar na cidade, por exemplo.

Finalmente dizer que a caixa de velocidades é multimodo de carretos direitos. Assim, esta caixa, sem embraiagem, permite um arranque 100% elétrico, reduz significativamente a quebra entre passagens de caixa, o que acaba por melhorar o conforto de condução e o desempenho, sendo este um exemplo da transferência de tecnologia da Fórmula 1 para os carros do quotidiano.

Resumindo…

Em resumo, a ideia do E-Tech é manter o motor a funcionar no patamar de rotações e regime de aceleração mais eficiente, o que significa que algumas vezes está a oferecer impulso ao carro, outras vezes isso significa estar a carregar a bateria. Enfim, é este o objetivo de um híbrido, mas a Renault conseguiu isso com um sistema simples e sem os efeitos de elástico típicos de outros híbridos. Não há embraiagem porque o carro arranca, sempre!, em modo 100% elétrico e a marcha atrás é, sempre!, feita pelo motor elétrico, pelo que a caixa não tem marcha atrás. A caixa não é sincronizada e tem dentes direitos como na competição. E aqui, para evitar termos as passagens de caixa à bruta como sucede nos carros de competição, a Renault instalou outro motor elétrico, mais pequeno, que controla a velocidade do volante do motor e suaviza a engrenagem das mudanças. Este motor elétrico é do género motor de arranque/gerador e está responsável pelo motor começar a trabalhar. O motor de quatro cilindros com 1.6 litros é muito simples (duas válvulas por cilindro, sem variação do tempo de abertura das válvulas e sem turbo) e no que toca aos acessórios que consomem energia, não há correias pois as bombas de água, óleo, ar condicionado e do servo freio são, todas, elétricas.

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