O presdidente da BMW Group Brasil, Aksel Krieger, disse nesta terça-feira (11), em entrevista à LIve do Tempo, que a empresa continua acreditando no país

O presdidente da BMW Group Brasil, Aksel Krieger, disse nesta terça-feira (11), em entrevista à LIve do Tempo, que a empresa continua acreditando no país e que a tendência de vender mais carros fabricados aqui do importados vai continuar. Ele afirmou também que o as vendas de motos do grupo estão muito boas e que a pandemia está mudando o comportamento do consumidor, que agora quer ter o próprio carro de novo. Confira a entrevista.

A BMW tem fábrica de carros em Santa Catarina, fábrica de motos em Manaus com cinco anos, mais de R$ 1 bilhão em investimentos, mais de 60 mil unidades fabricadas no Brasil. Está presente no mundo há 103 anos. Qual foi o reflexo da pandemia no Brasil. Teve que demitir ou as pessoas estão em casa? A gente dividiu a crise em três fases. A primeira sendo a  segurança ds funcionários, clientes e concessionários; a segunda foi lidar com o novo “anormal”; e a terceira fase é a de recuperação. A gente lidou muito bem com isso. Na fábrica, por exemplo, a gente implementou mais de cem medidas de segurança, utilizamos máscaras, mudamos a rotina do refeitório, dobramos a frota dos ônibus, o pessoal do escritório, quem podia ficar em casa está em home office ainda. Depois, a gente entra numa fase com novo “anormal”, uma série de adaptações tiveram que ser feitas no nosso dia a dia, aceleramos a parte digital da empresa. Já tínhamos muita coisa engatilhada e soltamos muitas novidades durante a pandemia. A perfomance do mercado premium como um todo caiu quase 30%, e o mercado geral caiu 40%. A BMW conseguiu cair menos de 10%. A gente sofreu também, mas menos do que os nossos competidores. Não é uma época fácil. A gente vê uma recuperação lenta acontecendo, mas a gente ainda não saiu da crise. 

São quantos funcionários do grupo BMW no Brasil? A gente manteve o quadro de funcionários. Entre Manaus, Santa Catarina e São Paulo são quase mil colaboradores. Isso foi muito importante. Usamos também  a MP 936, que ajudou a salvar empregos no Brasil e em nossa companhia não foi diferente. 

Em 2019, vocês cresceram cerca de 15% nos carros, mas ou menos 40% nas motos. E esse ano a marca completa 25 anos de Brasil. Em que essa pandemia atrasou o cronograma de lançamentos e como vê o fechameento desses números para o final de 2020? Não alteramos o cronograma, mantivemos o passo da empresa com vários lançamentos. Dos 25 anos de Brasil, a gente está lançando 25 novos modelos entre motocicletas BMW e Mini Coupers também. A gente manteve o ritimo de lançamento. Muito importante também é falar sobre o processo de eletrificação da marca. O cliente tem escolha. Se ele quer um veículo a diesel, ele tem; se quer flex, tem;  se quer um híbrido, puro elétrico ou a gaoslina, temos toda a ganha de produtos aqui no Brasil. A demanda está voltando aos poucos ao normal. A Anfavea fala em menos 40% para este ano, o segmento premium vem sofrendo um pouco menos do que o massa, e teve ter menos 18%. É muito cedo ainda para falar de projeção, vou querer ficar pelo menos nesse ritmo que a gente está hoje de vendas mensais. A crise está aí, o câmbo está flutuando bastante, o que tem nos ajudado a manter o passo são os lançamentos que fizemos, a parte digital da empresa, a parceria que temos com nossa rede de concesisonários, com as pessoas.

Em junho, no último relatório, vocês se aproximaram das dez maiores marcas de emplacamentos no país. É possível manter essa continuidade até o fim do ano e se estabelecer entre os dez maiores vendedores de veiculos no país? O segmento premium tem seu nicho. Ele sofreu um pouco menos, provlavelmente esse será um ano complicado para o segmento de massa. Mas a gente vê a projeção de PIB para 2021 com uma recuperação também nesse segmento. É uma coisa um pouco atípica, algumas marcas que não são premium vendendo menos do que nós, isso não é normal. Aos poucos, elas devem voltar as patamares anteriores. Claro que adoraria vender 200 mil, 300 mil carros por ano como nos Estados Unidos e em outros mercados, mas a gente tem uma boa participação no segmento. A ideia nunca é se posicionar com volume. É um pouco um reflexo da crise, mas acredito que deve voltar ao normal.

Vocês trabalham com qual meta para este ano? Provavelmente a gente vai ficar muito parecido com as vendas do ano passado. Deve ficar entre menos 20% e menos 30%.

Minas Gerais é o segundo mercado da BMW no Brasil. Em números, qual a importância para o mercado de MInas para a BMW hoje? Existe uma proposta de expansão da rede no Estado? Temos nossa concesionária parceira em Minas. Nosso negócio é em volta das pessoas.  Minas foi um Estado que cresceu este ano, é bastante atípico, mas muito em função da concessionária Euroville no Estado. Eles fizeram um trabalho excelente no digital, no serviço de leva e trás, que ajudou a manter as vendas. Eles fizeram também em Nova Lima o que a gente chama de lojas temporárias. Fizemos uma experiência em são Paulo, e em Minas teve o mesmo desempenho. A gente monitora o Estado e quem sabe a Euroville possa expandir para outras cidades. Temos também a Euroville em Juiz de Fora. 

A expansão por meio de loja física de concessionária para o interior não vai acontecer agora por enquanto? A gente vai experimentando esse novos tipos de canais dentro do Estado. 

Vocês anteciparam algumas coisas que já estavam em curso devido à pandemia e que encontraram oportunidades. Como funciona esta estratégia? A gente expandiu a parte digital, que foi uma excelente estratégia nossa. Fomos a primeira marca a lançar um canal de vendas no Instagram, lançamos alguns veículos dentro desses canais e funcionou extremamente bem. Lançamos no Facebook um novo canal de vendas, temos uma parceria muito boa com o Mercado Livre no espaço de veículos usados. Isso funcionou muito bem. Essa parte digital nós fomos pioneiros, 20% da geração de leads feitas na internet a gente consegue converter para algum tipo de oportunidade no futuro. É um canal muito importante e a gente vem aprendendo. A pandemia ajudou  a usar esse canal da melhor maneira aqui no país. Estou muito feliz com os resultados, com a parceria com a rede de concessionários, e com essa inovação. A gente já tem serviços que leva o carro na casa do cliente, se ele quer fazer um test drive, se quer a entrega do carro na sua garagem ou em seviços de manutenção. Aumentou nosso leque de serviços. Chegou e é uma coisa que vai continuar acelerando aqui.

Como é essa interação via digital? Vocês já têm um showroom virtual,  inclusive atendimento com chatbot, num mercado que a conversa presencial e o contato são muitos intensos. O brasileiro de maneira geral é muito aberto à tecnologia. A gente lançou o ConnectedDrive, um aplicativo que você pode baixar no celular, trancar e destrancar o carro, localizar o veículo, até tirar uma foto dele, tem o serviço de concierge. O Brasil tem uma das maiores penetrações nesse ítem. A maioria dos clientes baixa o aplicativo e utiliza. Ele é aberto também à tecnologia na compra do veículo. Quando precisa entrar o humano, a gente está pronto para agir também. Mundo online e offline estão funcionando de maneira muito sincronizada. Showroom digital é a mesma coisa. A gente acelerou para oferecer o serviço para o cliente, para ele ter a flexibilidade de ir à concessionária ou via digital. Hoje, uma empresa automotiva é de tecnologia. Estamos apreenidendo a lidar com ela e a incorporar no nosso dia a dia. Estamos felizes com os resultados.

Em 2023, serão 25 carros eletrificados da BMW. Dá para sonhar com escala no carro elétrico no Brasil a partir de quando? Ao longo do tempo isso vai se expandindo. Quanto mais marcas entrarem nesse segmento, melhor. A bateria começa a ficar mais barata. Acredito que o preço vai baixar. Já há muitas tecnologias mais acessíveis aos clientes nos nossos veículos, e com o tempo isso deve ajudar a baixar os custos. O brasileiro é muito aberto a esse tipo de tecnologia. Os veículos eletrificados, a gente já vendeu até julho mais do que o ano passado inteiro. Essa transição está acontecendo, estamos lançando mais e mais modelos. A aceitação é excelente. Sempre dou exemplo do celular. No começo, todo mundo estranhava ter que carregar todo dia, e o carro não é diferente. A única coisa é que, quando chegar em casa, vai carregar à noite e de manhã ele vai estar pronto para você usar. Essa expansão já é vista em shopping center, que oferece o carregamento de graça enquanto você faz compras. É uma inovação. A BMW foi a primeira marca a trazer o veículo elétrico para o Btrasil e a gente vem acelerando bastante. Há vários lançamentos sendo feitos, tem, a Série3 híbrida, gem a X5, i3, o Mini Cooper também, a BMW está liderando essa expansão no país. 

Aqui no Brasil, até 2023, a gente vai ter um preço melhor ou depende de câmbio, do mercado? A gente vai continuar trazendo. É muito difícil prever, tem muita variável, o que eu vejo é que a gente também vai trazer veículos para o país. Eu não vou consiguir lançar um carro com preço de um veículo popular, mas ao longo do tempo isso vai melhorando. Um ponto importante é falar das baterias. Muita gente tem dúvida sobre a garantia de um veículo elétrico, da bateria. Hoje, a gente dá garantias de seis a oito anos na bateria. Ele pode rodar bastante, e isso vai melhorando ao longo do tempo. A tecnolgia está evoluindo muito rápido.

Qual é a infraestrutura que o país precisa ter para dar mais confiabilidade ao produto elétrico? Hoje, se o cliente pega mais a estrada e vai muito mais longe, talvez veículo  plug-in hybrids seja uma solução interessante. Ele, no dia a dia, pode usar o carro puramente elétrico, quando vai pegar uma estrada, vai entrar o motor a combustão para ajudar o elétrico. A gente tem isso na 330, no X5, e em vários veículos. No Mini Countryman também. Depende muito do uso. O cliente que usa mais o urbano vai poder carregar o carro em casa. O que é importante é que a maoria dos fabricantes alemães usa a mesma tomada. Você pode dividir a infraestutura.  Uma tecnologia transitória muito boa é a veículo plug-in elétrico, que tem o melhor dos dois mundos: motor elétrico e a combustão. O i3 é inovador, mas tem um uso um pouco mais urbano. Depende da distãncia que você vai ter. Dá para fazer 300 Km. A gente foi a primeira marca a fazer o maior corredor elétrico da América Latina, aqui no Brasil. Vamos continuar inovando e trazendo tencologia para o Brasil.

Já estamos produzindo esse carro no Brasil? O i3 é importado.

Tem planos de produzir aqui no Brasil? Sempre tenho alguns sonhos aqui no Brasil e um deles é trazer um veículo plug-in para o país. Ainda não tem nada confirmado.

Qual o investimento para um carro desse no Brasil? Uma sistema tributário simplificado, com menos carga de inpostos, poderia ajudar? O ambiente brasileiro tem algumas partes especiais. Um lado tem a ver com a complexidade do sistema tributário. Meu time de finanças é maior do que o time de vendas. A gente vê com bons olhos a reforma. Os acordos de livre comércio que vem sendo feitos também ajudam o Brasil a se tornar mais competitivo. A previsibilidade ajuda bastante também. A BMW tem mais de cem anos de história, a gente nunca enxerga o curto prazo, e a gente acredita no país.

Está no seu radar trazer um veículo plug-in para este ano ou para o ano que vem? Pode fazer essa pergunta semana que vem que te respondo. A gente vai continuar trazendo novos produtos, a aceitação tem sido fantástica. 

Como essa disparada do dólar está impactando os negócios da BMW? O câmbio para nosso lado é ainda mais forte porque é em euro. Está em R$, 6,40. Tivemos que fazer alguns ajustes de preços no mercado. A gente continua monitorando. A gente tem que ver um pouco para a frente. Há um crise ainda, o dinheiro está procurando lugares com menos risco. O real fica muito fraco nesse periodo, outras moedas também. Mas a gente olha um pouco mais para a frente, a gente acredita no país. O governo tem feito reformas. Não vamos tomar nenhuma decisão drástica com aumento de preços, repassar tudo para o mercado não é nossa ideia. Impacta muito nosso negócio, mas a gente tem que olhar com calma e para frente. 

Por que a BMW aboliu a tração traseira em veículos tradicionais como o X1, Série 1 e Série 2? A gente sempre fala na BMW do puro prazer de dirigir o veículo que seja tração traseira ou dianteira. Para nós tem que desempenhar da mesma maneira. O veículo tem uma dinâmica que encanta os clientes. A gente continua entregando os melhores veículos com tração traseira e dianteira. Convido a dirigir nossos veículos. E temos também o 4X4.

Você entende que a porta de entrada para um consumidor que nunca teve um veículo premium são carros usados da BMW? É um programa que a gente tem com muito sucesso.  A gente oferece não só carros da BMW, mas também para a linha Mini. Quando você compra um veículo certificado na BMW, ganha dois anos de garantia de fábrica. É uma porta de entrada para os clientes da marca também. A gente lançou no Mercado Livre um canal com todos os veículos da marca disponíveis. O carro usado também garante o veículo do futuro. Quanto maior o valor do usado, melhor será a fidelidade do cliente porque vão ficar satisfeitos pois o veículo desvaloriza menos. É um outro canal de escoamento que vem funcionando muito bem. A gente também tem um pacote muito bom com um plano de manutenção. 

O segmento nacional da BMW é maior do que o importado… O mercado premium hoje no Brasil. No ano passado, fechou por volta de 41 mil unidades. Dentro dessa gama, vão ter os clássicos alemães, uma marca inglesa. Antes, qualquer veículo importado era considerado premium. Mas sempre olho o bolso do cliente. Às vezes tem o um veículo não premium que custa a mesma coisa que um BMW. Se ele tem R$ 250 mil para comprar um carro e não é premium, essa outra marca está competindo comigo. 

A BMW tem uma proporção de veículos produzidos no país maior do que de importados. É uma tendência que veio para ficar? Basicamente, hoje, oito em cada dez carros da BMW mais ou menos são fabricados no Brasil. É uma tendência que vai ficar. Fizemos um investimento grande na nossa fábrica e continuamos acreditando no país, O máximo que a gente consegue fabricar no país a gente faz de tudo para ter esse veículo aqui. Tem o X1, Série 3, a X3, a X4, são veículos fabricados no Brasil. 

Qual é o perfil de consumo de consumo no Brasil, o modelo que mais faz sucesso? E os financiamentos estão facilitando a compra? O brasileiro tem uma dinâmica muito grande para as SUVs. Se for ver hoje, a X1 é um veículo de extremo sucesso no país. O nosso sedã também, que é a Série 3, tem muito volume no país. A Série 3 vende um pouco mais do que a X1. No Brasil, 60% das vendas são SUVs com relação aos sedãs. O consumidor brasileiro hoje, com relação ao restante do mundo, Europa, Estados Unidos, é em média mais jovem, de 40 a  45 anos. Na Europa é um pouco mais velho. Na China é 35 anos. É um público jovem, dinâmico e aberto à tecnologia. A linguagem da indústria está mudando muito, falando em tecnologia, eletrificação, conectividade. A marca foi a primeira a lançar no Brasil o update do software do veículo usando o próprio celular ou até mesmo o chip, SMS, que vem dentro do carro. A gente testa veículo autônomo em Santa Catarina. A taxa de juros no país vem caindo, o que abre possibilidade de financiamento de veículo. Temos o braço financeiro da marca, a aceitação desses produtos vem aumentando de forma rápida. Temos um programa inovador, você pode financiar o carro e a marca recompra o veículo depois de dois anos. Parcela fica reduzida e traz muita flexibilidade pára o cliente 

O serviço  de compratilhamento de veículos pode se tornar realidade no Brasil? A gente sempre teve algumas parcerias com aplicativos, mas na pandemia mudou um pouco a dinâmica. No Brasil e em outros merecados. Os clientes estão querendo ter o próprio carro. Essas crises reduzem o compartilhamento. 

Marca Mini pertence à BMW. Ela vem recebendo investimento, novas versões e produtos. Qual o tamanho de mercado  da Mini? Ela tem um excelente posicionamento, um nicho. A Mini vai seguir na linha da eletrificação, termos várias supresas no futuro com relação a ela. Este ano a gente lança aqui o GP, um carro pequenininho com mais de 300CV. Compacto e ágil. 

Qual o tamanho da operação de motos  no Brasil? O Brasil é um mercado muito grande de motocicletas. Temos um modelo, a G310, nessa linha, o país é que mais vende no mundo. É um dos poucos mercados que vendo quase um carro e uma moto. O clima ajuda, a paixão pelas motocicletas. Acima de 500 cilindradas somos líderes de mercado. Nossa fábrica em Manaus tem capacidade instalada de quase 10 mil motos para mais. A gente continua investindo pesado. Com a pandemia, as vendas continuaram muito bem. Julho foi um dos melhores meses da história. 

Linhas de motos foram renovadas? Essas Big Trails têm um posicionamento de marca, motor lateral, é dinâmica. Os clientes também gostam de fazer viagens longas, para Chile, Patagônia, e ela oferece conforto e dirigibilidade. Moto grande, muito dinâmica e rápida. Outras linhas também são muito bem aceitas. Nossa moto de entrada é de R$ 20 mil, que é G310, tem uma aceitação muito grande. 



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