Volta e meia, algum aventureiro decide reviver o nome de alguma grande marca do passado. A bola da vez é a francesa Delage, que produziu esportivos e carros de alto luxo entre 1906 e 1953. Por trás da nova iniciativa da Delage, está Laurent Tapie — filho do bilionário Bernard Tapie, político e homem de negócios francês especializado em recuperar empresas quebradas (entre elas a Adidas).
O primeiro modelo da nova Delage
Automobiles é o D12, que promete “uma experiência próxima à de um Fórmula-1 em um carro homologado para andar no trânsito”. Os construtores pretendem ainda estabelecer o novo recorde para carros de rua no circuito de Nürburgring Nordschleife (a marca hoje pertence ao Lamborghini Aventador LP770-4 SVJ).
Se depender de conhecimento dos projetistas, o carro alcançará a meta. Benoît Bagur, o diretor técnico do projeto, já trabalhou nas equipes de competição de Citroën, Ligier, Seat e VW. Diversos integrantes da empresa vêm da Fórmula-1, e o chefe dos pilotos de testes é ninguém menos Jacques Villeneuve, o campeão de 1997.
A inspiração na F-1 é bem clara na forma do bico do supercarro
, bem como nas rodas dianteiras bem separadas do corpo principal da carroceria. O bico do Delage D12, aliás, é transparente, para mostrar os elementos da suspensão tipo inboard
(com amortecedores e molas instalados no centro do carro).
A estrutura central de fibra de carbono tem dois lugares em tandem, ou seja: o volante está em posição central, e atrás do motorista/piloto existe espaço para um passageiro. Portas não há: o acesso se dá levantando um canopi transparente que parece saído de um caça. O painel e o volante também estão mais para os aviões a jato do que para os automóveis convencionais.
O melhor do carro potente
é a sua mecânica, montada em posição central, logo atrás da cabine. O show é comandado por um V12 aspirado (feito na França, especialmente para a Delage) de nada menos que 7,6 litros de cilindrada e 1.003cv. Não bastando, há o auxílio de um motor elétrico que rende mais 82kW (112cv) na versão GT, voltada para as pistas. Com isso, a potência combinada chega a 1.115cv!
Há ainda a versão Club, mais adaptada (digamos assim) ao uso no trânsito. Neste caso, o motor elétrico rende 15kW (20cv) e serve para mover o carro em congestionamentos ou na hora de estacionar e dar marcha à ré. Mesmo no Club, a potência total é de delirantes 1.023cv.
Laurent Tapie diz que o D12 GT (com seus 1.400kg) tem a aceleração mais brutal, mas que o D12 Club (de 1.310 kg) é o melhor em circuitos sinuosos. O câmbio é automatizado, de oito marchas, com tração apenas na traseira. Para manter o peso baixo, até as rodas são de fibra de carbono. O fabricante afirma que a aceleração de 0 a 100km/h se dá em 2,8s, com velocidade máxima de 375km/h, mesmo na versão Club.
Se tudo sair conforme o planejado, a produção terá início no ano que vem, perto de Paris. A previsão é de que sejam construídos somente 30 exemplares do D12 — cada um será vendido por 2 milhões de euros, o equivalente a R$ 13,3 milhões. A ideia é não parar por aí. Tapie já anuncia para 2022 um segundo modelo, com mais laços visuais com os Delage
do passado, porém movido por “uma tecnologia revolucionária”. A ver.