O projeto da Embraer de criar um veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, conhecido pela sigla em inglês eVTOL e carinhosamente apelidado de “carro voador”, está alcançando novos patamares. O desenvolvimento do eVTOL saiu do guarda-chuva da EmbraerX, braço de inovação do grupo, e agora vai caminhar com as próprias pernas em uma empresa separada, a Eve Urban Air Mobility Solutions, ou somente Eve (se lê IVI).

O presidente e CEO da EmbraerX, Daniel Moczydlower, explicou que o projeto do eVTOL está em desenvolvimento dentro da EmbraerX há cerca de quatro anos e a ideia veio ganhando corpo desde então. “Por mais que o mercado (para um veículo como esse) não exista hoje, dá para olhar no futuro. Muita gente está apostando nele e tudo nos leva a crer que não é uma aposta despropositada”, disse, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Moczydlower explicou que a criação da Eve, que hoje é uma espécie de startup, dará mais agilidade no desenvolvimento do projeto. “A Embraer vai capturar um espaço importante no mercado se ela se mover rápido. Agora o projeto tem de acelerar, ganhar velocidade, para sermos os primeiros a entrar”, disse.

A aposta nesse mercado potencial por parte da Embraer não veio do nada. A EmbraerX integra o Uber Elevate (projeto de transporte aéreo compartilhado e acessível da Uber) desde o seu início, em 2017. “A Uber tem dados riquíssimos sobre o transporte de pessoas nas maiores cidades do mundo. Eles sabem quais as rotas mais densas, quanto tempo se perde no transito nessas rotas e quais seriam os melhores mercados para esse tipo de transporte”, disse. Uma das principais apostas é o mercado dos Estados Unidos.

A ideia é mais do que substituir o helicóptero e sim criar uma nova dinâmica para as viagens aéreas nas grandes cidades, que demandará também uma reconfiguração do controle de tráfego aéreo urbano para se fazer frente ao crescimento no número de pousos e decolagens. “O helicóptero é uma das máquinas mais ineficientes que existe. O consumo de combustível é elevado, faz muito barulho. A única razão de ele existir é a possibilidade de se fazer pousos e decolagens na vertical. Queremos encontrar uma equação de custo que permita usar um eVTOL com a mesma frequência que se usa um Uber Black (modalidade de carros mais luxuosos no aplicativo de transporte Uber)”.

Apesar de parecer futurista, Moczydlower explicou que a chegada ao mercado de veículos nestas características está cada vez mais próxima. Ele destacou que há diversas projeções por parte de consultorias que vão desde 2023 até 2028. “De qualquer forma, todos concordam que será nesta década.”

O eVTOL já passou pelos testes de simuladores (semelhantes aos feitos na aeronaves). Na parte física, já foi operado um modelo de teste “1 para 10” (em que se divide o tamanho real do veículo por 10, para testar a engenharia) e está em desenvolvimento agora o teste “1 para 3”. “A estimativa é fazer o teste 1 para 1 no começo do ano que vem. O que já avançamos com o simulador e os protótipos já nos dá bastante segurança da viabilidade do que estamos desenvolvendo”, disse.

No momento, o grupo não pretende divulgar o valor a ser aportado na Eve. “O que posso dizer é que a Embraer está proporcionando o que chamamos de seed capital (investimento em projetos em fase de desenvolvimento). E conforme a projeto vai crescendo e ganhando velocidade nós vamos ter necessidade de mais investimentos”, disse.

Projetos

Com a criação da Eve, a EmbraerX, que surgiu em 2017, agora vai focar em outros projetos de inovação do grupo. O executivo destacou que o mais avançado deles é o Beacon, uma espécie de marketplace de manutenção e serviços aeronáuticos e que ultrapassa as aeronaves da Embraer.

“Temos uma companhia que começou a usar e está super satisfeita. A proposta é atender na plataforma outras fabricantes além da Embraer”, disse, destacando ainda não poder dar mais detalhes e que em breve o grupo deve anunciar novidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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