Recentemente reportámos as conclusões de um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) sobre o cumprimento da meta das 95 g/km de emissões de CO2 por parte da indústria automóvel.
Nesse mesmo estudo, a T&E apresentou os valores das emissões de CO2 de cada grupo automóvel e/ou fabricante obtidos no primeiro semestre de 2020, e o quão perto, ou longe — depende do ponto de vista —, estavam do seu objetivo até ao final do ano.
Agora e já a meio do último trimestre do ano, a indústria automóvel apressa-se em movimentações de modo a garantir que as contas das emissões no final do ano batam certo para evitar as avultadas multas. Recordamos que as multas são de 95 euros por grama de CO2 a mais e por carro vendido — rapidamente atingem valores exorbitantes.
VÊ TAMBÉM: 95 g/km CO2. Que marcas de automóveis estão a conseguir cumprir?
Jaguar Land Rover não vai conseguir cumprir
Uma situação que já é possível de constatar na Jaguar Land Rover. Recentemente, durante a última apresentação dos resultados financeiros, Adrian Mardell, diretor financeiro do grupo, respondendo a questões dos investidores, anunciou que a Jaguar Land Rover já colocou de parte 90 milhões de libras (aprox. 100 milhões de euros) para cobrir o valor da multa que prevê pagar.
Vimos este ano a Jaguar Land Rover lançar vários híbridos plug-in que deveriam contribuir decisivamente para a redução das suas emissões até ao final do ano. Porém, foram obrigados a suspender as vendas de dois desses modelos e logo os dois mais acessíveis e com maior potencial comercial entre todos os híbridos plug-in do grupo: o Land Rover Discovery PHEV e o Range Rover Evoque PHEV. A razão por detrás da suspensão da comercialização de ambos os modelos prende-se com discrepâncias encontradas nas emissões de CO2 oficiais, obrigando a nova re-certificação. Tudo isto resultou num número muito inferior de unidades a chegar à rua.
No final do primeiro semestre deste ano a Jaguar Land Rover estava a 13 g/km do seu objetivo, sendo aquela que mais longe estava de o cumprir. O objetivo é agora reduzir esse intervalo o máximo possível até ao final do ano — aproveitando o lançamento de novos híbridos plug-in —, mas é o próprio Adrian Mardell quem diz que, este ano, a Jaguar Land Rover não irá cumprir as metas de emissões, objetivo que só será cumprido em 2021.
Juntos venceremos
Entre as várias medidas que a CE (Comunidade Europeia) permite aos construtores para atingir as ambiciosas 95 g/km, uma delas é a de se poderem associarem entre eles para que o cálculo das emissões em conjunto seja mais favorável. Talvez a mais famosa dessas associações seja a efetuada entre a FCA e a Tesla, em que a primeira pagou generosamente à segunda (num contrato com a duração de três anos) — até deu para erigir a Gigafactory 4 em Berlim.
É a mais famosa, mas não é a única. A Mazda associou-se à Toyota e o Grupo Volkswagen à SAIC, parceira chinesa do gigante alemão que vende em alguns mercados europeus a marca MG (atualmente uma marca chinesa que tem uma completa gama de elétricos). Mas há mais…
Recentemente foi anunciado que a Honda juntar-se-ia à FCA e Tesla, de modo a que as suas emissões de CO2 fossem contabilizadas juntamente com as dos outros dois. Tudo para garantir o cumprimento das metas, apesar da gama da Honda ter hoje em dia propostas híbridas (não plug-in) e até um elétrico, o Honda E.
Também a Ford uniu-se à Volvo Cars (da qual chegou a ser a proprietária no passado, curiosamente). A marca norte-americana nos últimos tempos tem apostado fortemente na eletrificação e com excelentes resultados, onde o Kuga PHEV tem sido um sucesso comercial. Seria ele um dos principais responsáveis por a Ford atingir a meta. No entanto, foi anunciada recentemente uma campanha de recolha (recall) do Kuga PHEV por risco de incêndio, o que obrigou a suspender, temporariamente, as vendas do híbrido plug-in, prejudicando os objetivos do construtor.
Porquê juntar-se à Volvo Cars? O construtor sueco é um dos poucos que já garantiu o cumprimento das suas metas de redução de emissões e por uma confortável margem (objetivo era de 110,3 g/km, mas o registo já está nas 103,1 g/km) — os seus híbridos plug-in têm conhecido bastante sucesso comercial. Os outros que já também parecem ter garantido o atingir das metas de CO2 são o PSA Groupe, BMW Group e o Grupo Renault.