Um artigo veículo nos principais jornais do Reino Unido está gerando polêmica no país. Trata-se de um relatório intitulado “Descarbonização do transporte rodoviário: não há bala de prata”, falando sobre carros elétricos.
A pesquisa do relatório indica que os carros elétricos precisariam rodar 80.000 km para compensarem a emissão de carbono de um carro a combustão. Isso é dito em relação à energia consumida para produzir tal veículo com bateria.
O documento surgiu nos principais meios de comunicação da Grã-Bretanha logo após o anúncio do governo para eliminar as vendas de carros a gasolina e diesel em 2030.
Contudo, a alegação da suposta pesquisa está sendo contestada por pesquisadores e até pela Bloomberg New Energy Finance. O motivo? Dados não confiáveis e pesquisadores não identificados.
Pior que isso, foi a descoberta de que o “estudo” fora promovido por fabricantes de veículos e sistemas automotivos. Auke Hoekstra, pesquisador da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, investigou o caso e descobriu quem está por trás dele.
Hoekstra encontrou a ponta do iceberg ao contestar a ausência dos pesquisadores do estudo, publicando uma postagem no Twitter. Foi lá que Michael Liebreich, consultor oficial do UK Board of Trade e fundador da Bloomberg New Energy Finance, resumiu o assunto:
“1) o relatório usou números de consumo de combustível com base no ciclo de teste WLTP, mas eles são bem conhecidos por subestimar os números do mundo real por uma ampla margem;
2) o relatório não levou em consideração as emissões da produção de gasolina;
3) o relatório não levou em consideração o fato de que a eletricidade no Reino Unido (como em todos os mercados do mundo) se tornará mais limpa ao longo da vida de um carro comprado hoje;
4) parecia haver anomalias na pegada de CO2 associadas à construção do resto dos carros, excluindo todo o sistema de transmissão.”
Já a origem do estudo veio de uma empresa associada com James Michael Stephens, gerente sênior de comunicação da Aston Martin para relações governamentais. Mas, quais as outras empresas por trás do “estudo”?
Hoekstra publicou no Twitter o arquivo em PDF do relatório e nele aparecem os apoiadores… A lista tem, além da Aston Martin, Honda, Bosch e McLaren, além de entidades que seriam contra os carros elétricos.
Em resumo, o suposto levantamento teria como objetivo impactar a opinião pública britânica contra o foco na eletrificação, proposta pelo governo, mantendo assim a indústria no modelo atual.
Entre as empresas envolvidas, a Honda foi a que criticou abertamente a eletrificação, alegando que o modelo para o futuro é a melhora na eficiência energética. Com essa polêmica, a queda de braço entre carros a combustão e elétricos parece entrar em uma nova fase.
[Fonte: FCE]