Não faz cinco anos e os Estados Unidos eram o maior fabricante e o maior mercado mundial de veículos elétricos do mundo, posição perdida em 2015 para a China, país sede da BYD, Xpeng, Nio e outras marcas que vêm diminuindo drasticamente a poluição nas grandes cidades e a dependência chinesa da importação de petróleo.
Apesar do sucesso internacional da Tesla, a fabricante de e-carros americana que vale mais que a Toyota, a maior fabricante de automóveis do mundo, o mercado americano deixou não só de ser o maior do mundo, nesse critério, como não é visto mais como o principal objetivo para as empresas chinesas, atualmente mais preocupadas com o avanço das rivais europeias neste campo.
Nesta semana, ao reportar um crescimento de 342% em sua receita anual, o CEO da Xpeng Motors, He Xiaopeng, manifestou preocupação com o avanço de competidores europeus, notadamente alemães.
Só nos últimos 12 meses, a soma dos investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento por companhias como Volks, BMW e Mercedes Benz equivale ao mesmo valor investido por empresas chinesas no setor. Quando somados gastos feitos por empresas italianas e francesas, por exemplo, a União Europeia supera a China.
Atualmente, a Xpeng é, ao lado da Tesla, a única fabricante de carros elétricos em grande volume que também domina tecnologias para transformar seus veículos em autônomos.
Neste momento, veículos da Xpeng saem de fábrica com sensores e equipamentos que os habilitam a dirigir sozinhos, ainda que a regulação não permita que isto aconteça totalmente.
Usuários da Xpeng podem fazer “upgrades” de software, “desbloqueando” novas funções autônomas tão logo estas são liberadas por autoridades regulatórias.
A mais recente mudança permite, por exemplo, que os carros da Xpeng funcionem de forma autônoma em autoestradas chinesas, incluindo as funções de mudar de faixa, entrar e sair de vias principais para vicinais.
Apesar do avanço tech, alguns componentes de engenharia mecânica dos Xpeng ainda são considerados “inferiores” em relação aos rivais europeus e, particularmente, alguns chips usados para processar os sistemas de autonavegação são importados.
A situação é curiosa pois, nos últimos anos, a rivalidade tecnológica deu-se basicamente entre chineses e americanos, mas particularmente em itens que envolvem energias limpas e tecnologias para carros elétricos, os Estados Unidos parecem ter ficado para trás.
China e UE são os mercados onde há mais restrições a carros movidos a combustível fóssil, o que impulsionou o crescimento e uma rica indústria de carros, ônibus e até caminhões movidos por energias alternativas.