Com a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), a economia global foi seriamente abalada, com uma recessão que atingiu a maioria esmagadora dos países e as indústrias sendo brutalmente afetadas por conta das medidas de isolamento que culminaram não apenas com menos consumo, mas também menos produção.
Aqui no Brasil, claro, não foi diferente. Com um país combalido depois de anos de crise econômica, não seria surpresa se tivéssemos tão ou mais dificuldades que outras nações. Um dos setores que mais sentiram essa queda na atividade econômica foi o automotivo, sexto maior do mundo e que viu os números despencarem nos meses em que a pandemia esteve no auge por aqui.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, em entrevista ao Valor Econômico, o país estava começando a sair da estagnação e a retomar um bom ritmo de produção antes da pandemia, muito em função de alguns acordos do Governo Federal para a descentralização da produção, hoje concentrada em alguns estados. Para ser mais específico, com alguns incentivos fiscais, algumas fábricas devem começar a aparecer no Centro-Oeste. Mas, claro, a pandemia mudou um pouco o curso das coisas.
Hoje, no “pós-pandemia”, por assim dizer, o cenário no mercado parece um pouco confuso. Por mais que as empresas tenham focado em lançamentos mais robustos para 2021, pudemos ver grande produtos em 2020, como a Fiat Strada, o Chevrolet Tracker e o Volkswagen Nivus, para citar alguns.
Mas, segundo especialistas e, inclusive, algumas montadoras, os carros elétricos e híbridos podem ajudar em uma possível grande retomada para daqui alguns anos. O que falta, porém, é determinar quais passos o mercado deve seguir em direção à eletrificação. “Nesse sentido, o Brasil carece de definições governamentais, principalmente em relação à matriz energética do seu transporte. O país precisa de uma visão de futuro. Que tipo de mobilidade vamos ter? Os carros serão elétricos, híbridos? Essa definição é importante”, afirmam Paulo Cardamone e Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, empresa de consultoria especializada no setor automotivo, também em entrevista ao Valor.
Não estamos tão carentes assim
Para você, amigo leitor, que acompanha o Canaltech, não é surpresa que o Brasil ainda está bem atrás da Europa e da China quando falamos em carros elétricos. Sobretudo quando analisamos as medidas governamentais que estão sendo adotadas no Velho Continente, por exemplo, em que, se confirmadas, devem praticamente abolir os veículos à combustão em 2025.
Mas calma. Tem muita coisa boa vindo por aí — e de gente bem famosa. Ford, Fiat, Chevrolet e outras marcas já confirmaram mais carros elétricos e híbridos para o nosso mercado, isso sem falar nas montadoras consideradas “premium”, como BMW, Mercedes e Volvo. E por falar em Fiat, a FCA deve anunciar, em breve, a chegada do Fiat 500 elétrico e das versões híbridas plug-in do Jeep Renegade e Jeep Compass.
“Vemos uma forte tendência para veículos híbridos e elétricos, principalmente entre os clientes que desejam veículos mais premium, tecnológicos e com menor impacto sobre o meio ambiente. Os custos e a estrutura para dar forma a essas tendências, tornando-as mais acessíveis e de alcance mais abrangente, são os desafios das montadoras para os próximos anos”, disse Breno Kamei, diretor de Portfólio, Pesquisa e Inteligência Competitiva da FCA para a América Latina, em entrevista ao Canaltech.
O Canaltech já testou vários carros eletrificados, sejam eles elétricos, híbridos convencionais ou híbridos plug-in. Há, sim, opções. Caras, é verdade, mas que não param de crescer. Se houver uma guinada do mercado nesse sentido, podemos ver uma boa retomada não apenas da economia em geral, mas também deste segmento, que é de suma importância para o Brasil há décadas.
Com isso em vista, é possível vislumbrar um grande acréscimo de produtos desse tipo no mercado brasileiro, o que deve, claro, chamar a atenção dos governantes para estimular a produção desses veículos, que serão o futuro da mobilidade em pouco tempo. Com 38 fábricas, as 23 montadoras instaladas no Brasil têm capacidade para produzir 5 milhões de veículos por ano. Seria demais sonhar com, pelo menos, um terço deles serem eletrificados?
Com informações: Valor Econômico
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