Como já fizeram antes Porsche, Lamborghini e Aston Martin – e todas as montadoras que acompanham as tendências –, a Ferrari está entrando no negócio de SUVs.

O Purosangue da Ferrari provavelmente só será lançado em 2022, mas os puristas dos carros esportivos já estão rangendo os dentes, como as engrenagens em suas transmissões manuais.

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A reclamação parece ser que a Ferrari não deveria se curvar para conquistar o mercado de SUVs, satisfazendo os caprichos dos consumidores dos EUA à China. Essa é a empresa cujos carros esportivos são tão exclusivos – muitos brincam que são feitos de “unobtainium”, ou algo impossível de obter – que muitas vezes seu valor aumenta no minuto em que um proprietário sai da concessionária dirigindo um deles. Isto é, uma vez que um possível proprietário tenha sido avaliado pela Ferrari ou por seus revendedores e recebido permissão para comprar uma. Esse processo pode parecer tão bizantino e misterioso quanto uma audiência com outro ícone italiano, cujo endereço é a Cidade do Vaticano, não Maranello.

Uma Ferrari clássica vale seu peso em ações da Tesla, e o lendário modelo 250 GTO se tornou o carro mais valioso da história: um GTO de 1963, um dos 39 já construídos, foi supostamente comprado por mais de US$ 70 milhões em 2018. No mesmo ano, um de 1962 bateu o recorde de venda pública, arrecadando US$ 48,4 milhões em leilão.

Ferrari: além do SUV Purosangue, outros dois modelos do tipo estão no radar da marca.

Ferrari: além do SUV Purosangue, outros dois modelos do tipo estão no radar da marca. (Bryan Derballa/The New York Times)

Há uma razão para que os carros da Ferrari sejam clássicos. No entanto, permanecer relevante significa algumas mudanças, e, embora não esteja de modo algum se popularizando, a evolução da Ferrari sugere que ela está disposta a se adaptar aos tempos.

Durante décadas, a Ferrari viveu pela visão de originalidade de Enzo Ferrari, seu quase mítico fundador. Executivos e aficionados da empresa ainda fazem a pergunta “O que Enzo faria?”, como se fosse 1947, quando a empresa começou a produzir carros para a estrada como uma linha separada para financiar sua amada “Scuderia”, a equipe de corrida. Uma de suas crenças, muito citada, era construir um carro a menos do que a empresa pudesse vender. Outra? Nunca, nunca produzir um carro de quatro portas.

Entre guerras de lances por modelos clássicos e manobras mais agressivas para os novos, pode-se esperar que a Ferrari mantenha zelosamente sua corda de veludo esticada, sem relaxá-la. Enrico Galliera, diretor comercial e de marketing da Ferrari, explicou que as listas de espera imensas da empresa e o caráter cada vez mais extremo de seus carros esportivos pediam uma gama de modelos mais ampla e uma abordagem mais inclusiva. “Francamente falando, não somos a favor de manter a família Ferrari pequena. Idealmente, mais pessoas vão desfrutar da emoção da Ferrari, não apenas dirigindo, mas fazendo parte de algo especial”, afirmou Galliera, acrescentando: “Nossa exclusividade não será prejudicada porque temos novos membros na família.”

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