A transformação do mercado automotivo rumo a eletrificação pode não ser tão notável no Brasil ainda. Na Europa, onde muitos países se preparam para abolir motores a combustão nos carros novos em menos de 20 anos, porém, essa transformação gera preocupações com o desenvolvimento de tecnologias e também com os empregos.
Uma das empresas que está empenhada em integrar-se ao mercado de veículos elétricos é a Volkswagen. A ideia de ver uma das mais tradicionais fabricantes de automóveis do mundo rumando à eletrificação pode soar apática aos mais preciosistas, mas a tendência, principalmente de fabricantes europeus, é buscar uma alternativa viável e pouco poluente para os motores a combustão. Mas isso pode acabar com até 12% dos empregos que tem hoje.
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A fabricante alemã já estipulou a meta de 500.000 veículos elétricos vendidos anualmente até o ano de 2025. Mas, para cumpri-la, terá de reformular sua produção e dedicar fábricas inteiras somente para esses modelos.
Essas atitudes terão consequências severas sobre o catálogo da VW. O Passat já têm seus dias contados e o Polo poderá ser substituído pelos novos modelos da linha “ID” futuramente. Já os clássicos Kombi e Fusca podem ser resgatados em versões elétricas.
No entanto, os impactos das inovações tecnológicas não vão recair apenas sobre o consumidor. Estudos sobre o mercado automobilístico mundial apresentam uma queda no número de empregos que varia entre 35% e 62%. Os números elevados se justificam uma vez que os carros elétricos são mais fáceis e rápidos de serem fabricados. Eles têm menos peças, por exemplo, e exigem menos mão de obra no processo de montagem.
O conselho independente de sustentabilidade do Grupo VW, buscando por uma visão mais clara dos empregos nesta década, encomendou um estudo ao Instituto Fraunhofer para Organização e Engenharia Industrial (IAO), especializado em pesquisa aplicada.
A pesquisa revelou resultados um pouco mais animadores do que os antes divulgados. O enxugamento previsto até 2029 é de, em média, 12% dos funcionários. O estudo foi realizado durante um ano e conta com mais de 30 grupos de funcionários analisados e 60 representantes de todas as unidades de negócios da VW.
Para comparar as demandas de mão de obra, foram tomados como base a linha de produção do Golf VIII e do elétrico ID.3.
As áreas mais afetadas pela eletromobilidade, segundo o IOA, serão a de produção de componentes, pois a demanda de mão de obra para construir um conjunto mecânico convencional é cerca de 70% maior que a necessária para construir um conjunto elétrico, e a de logística, com a chegada de transportes automatizados. As reduções para as duas áreas variam entre 7% e 20%.
Com tarefas manuais e repetitivas perdendo espaço, as áreas de planejamento logístico e planejamento de produção vão demandar mais funcionários. Mesmo que não equilibrando as grandes perdas, os empregos crescerão cerca de 3% até 2029.
Outras áreas que sofrerão com os cortes são a de aquisições, com um enxugamento de até 6%, finanças, perdendo cerca de 2% dos colaboradores e recursos humanos, com uma variação de -3% a -5%.
No entanto, o estudo destaca que novas profissões com mais requisitos de qualificação serão criadas, principalmente para os profissionais das áreas de Ti e inovações tecnológicas, diretamente ligadas ao processo de transformação digital das empresas.
A Volkswagen estima, por exemplo, que, até 2024, novos 1.000 empregos serão gerados no desenvolvimento de baterias para os modelos elétricos.
Essas vagas vão demandar muito mais treinamento e conhecimentos especializados em digitalização e automação, mas o instituto destaca que somente a Volkswagen não conseguirá qualificar sozinha os funcionários e sugere parcerias com o governo alemão.
Mesmo que criadas novas oportunidades, o setor automotivo ainda encarará grandes cortes e pode gerar grandes impactos para o mercado alemão, visto que cerca de 5% de todos os empregos no país estão ligados direta ou indiretamente à indústria automotiva.
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