A eletrificação tem avançado no mercado brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), 15.965 carros com esse tipo de propulsão foram emplacados em 2020. Seja sob a forma de híbridos, híbridos plug-in ou completamente elétricos. Entre os híbridos convencionais, somente o Toyota Corolla, que ganhou essa tecnologia no final de 2019, teve 9 mil unidades vendidas ano passado.
No sedã da Toyota, a energia que alimenta o propulsor elétrico é gerada pelo motor flex a combustão e reaproveitada dos freios. O sistema capta a eletricidade e armazena na bateria. Há também a opção híbrida plug-in. Nesse caso, a bateria pode ser carregada também por uma tomada (desde que devidamente aterrada) ou carregador. A Volvo, por exemplo, implementou essa tecnologia em pelo menos uma versão dos seus modelos vendidos no país.
A outra opção é a puramente elétrica, quando o veículo não utiliza nenhum motor a combustão. Diversas marcas já oferecem esse tipo de carro no país, mas as vendas ainda são tímidas, e entre os três mais vendidos em 2020, o mais barato custa R$ 239.900. Os três mais emplacados foram:
Audi E-Tron
O elétrico da Audi chegou ao país em abril do ano passado e em setembro estreou com uma nova opção com carroceria estilo coupé (Sportback). Foi o mais vendido de 2020 no país com 183 unidades emplacadas, 133 do SUV e 50 do Sportback.
Ele conta com dois motores elétricos que rendem 408 cv de potência e entregam 67,7 kgfm de torque. A autonomia estimada, no ciclo WLTP, é de até 436 quilômetros para o SUV e de até 446 km para o Sportback.
Custa a partir de R$ 531.990 e pode ser equipado com diversos opcionais, como retrovisores externos que utilizam câmeras no lugar de espelhos e custam R$ 13 mil. Neste ano a empresa promete a estreia de uma outra versão, com três motores.
A previsão de autonomia da Audi é normatizada pelo Worldwide Harmonized Light vehicles Test Procedure (WLTP), Procedimento de Teste Global Harmonizado para Veículos Ligeiros. É chamado também de ciclo europeu.
O E-tron, da Audi, foi o campeão de emplacamentos entre os elétricos (Fotos: divulgação) |
Chevrolet Bolt
Com 108 exemplares licenciados, o Bolt ficou com a segunda posição no ranking. O modelo da Chevrolet é movido por um motor elétrico que entrega 203 cv de potência e 36,7 kgfm de torque.
A autonomia é de 416 quilômetros, de acordo com o ciclo EPA, que é aferido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Custa R$ 262.100 na versão Premier, a única oferecida no país.
Entre os destaques estão o porta-malas, com capacidade para 478 litros, 10 airbags e o retrovisor interno com câmera. Essa tecnologia faz com que a superfície do espelho de ré fique duplicada como uma tela, permitindo que você tenha um campo de visão da parte de trás do veículo mais amplo e menos obstruído do que em um espelho tradicional.
O Chevrolet Bolt ficou na segunda posição no mercado brasileiro |
Nissan Leaf
Carro elétrico mais vendido no mundo, o Nissan Leaf ficou com a terceira posição no mercado brasileiro com 105 emplacamentos em 2020. A versão vendida no Brasil é importada da Inglaterra e custa R$ 239.90. Seu motor rende 149 cv de potência e tem autonomia para rodar 240 quilômetros (WLTP).
A direção tem assistência elétrica e o alto torque faz com que o carro seja ágil no trânsito urbano. Graças aos 32,6 kgfm de força, quase o mesmo torque de um motor 1.4 turbo, o Leaf pula na frente dos outros carros em uma saída de sinal – inclusive de modelos turbinados com o mesmo torque, isso acontece porque no motor elétrico a força aparece quase de imediato, ao passo que em um sobrealimentado é preciso atingir pelo menos 1.500 rpm.
A terceira posição entre os mais emplacados ficou com o Nissan Leaf |
Quanto custa a recarga
Para que a bateria de um carro elétrico seja completamente carregada, é necessário que ele fique cerca de 10 horas plugado na tomada. É claro que é um tempo muito superior ante aos poucos minutos ao lado de uma bomba de gasolina, por exemplo.
Então vem logo uma pergunta: “quanto vai custar?”. Bem menos do que você imaginou. Para calcular, basta multiplicar o número de Watts (W), que está especificado no carregador do carro, pelo tempo em que o veículo ficou ligado na tomada, chegando então ao valor em quilowatt-hora (kWh).
A tarifa varia em cada estado e, na Bahia, a Coelba cobrou R$ 0,83 por kWh – valor da soma entre a Tarifa de Energia Consumida (TE) e Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição (TUSD) em janeiro. Ou seja, essa é a base de cálculo para o custo de abastecimento do carro elétrico, como o preço do litro da gasolina para os modelos a combustão.
O proprietário pode instalar em sua casa um carregador rápido (Foto: Fernanda Freixosa/Jaguar) |
De acordo com a Chevrolet, o Bolt EV tem baterias com capacidade de 66 kWh e uma autonomia estimada de 416 quilômetros. Fazendo uma regra de três simples, sabemos que o veículo gasta 15,8 kWh para rodar 100 km. Considerando o preço do kWh como R$ 0,83, então a energia de 15,8 kWh necessária para rodar 100 km vai custar R$ 13,11.
Em um automóvel convencional, que faz em média 10 km por litro, o custo para rodar 100 km será de R$ 45, levando em conta o valor médio desse combustível em Salvador. Resultado: rodar com o automóvel elétrico é 3,4 vezes mais barato do que com um similar a gasolina.
No dia a dia
A rotina de quem vai utilizar um carro elétrico na cidade não será complexa, basta ter alguns cuidados. Quem vai rodar com o Renault Zoe, que tem autonomia de 200 km, poderá circular por até 30 km por dia durante toda a semana. O que pode dobrar para o proprietário de um Bolt – que inclusive poderá ir de Salvador a Aracaju com uma carga. Mas o normal é que o cliente instale um carregador em casa e a bateria seja preenchida durante a noite.
Alguns modelos contam com uma forma de dirigir diferente, usando apenas um pedal, como o Nissan Leaf ou o Jaguar I-Pace. O sistema permite que o condutor dê a partida, acelere, desacelere e se mantenha parado apenas aumentando ou diminuindo a pressão exercida sobre o acelerador.
Com o tempo o motorista se adapta à condução do carro elétrico |
Quando nenhuma pressão é exercida neste pedal, os freios regenerativos ou de fricção são automaticamente acionados, permitindo parar totalmente o veículo e mantê-lo imóvel mesmo em ladeiras, até que o acelerador volte a ser pressionado. É uma sensação de guiar completamente distinta.
Onde ficam os carregadores
Diversos locais já contam com carregadores. E o melhor: não possui custo. Interessados em receber os motoristas desses veículos, os empreendimentos não limitam o uso e não cobram pela recarga.
Os eletropostos estão na Bahia Marina, supermercado Pão de Açúcar, no Costa Azul, e nos shoppings Barra, da Bahia, Itaigara, Salvador e, futuramente, no Parque Shopping, em Lauro de Freitas.
A Arena Fonte Nova, o Hospital da Bahia, os centros empresariais Hangar e o Wall Street, na Avenida Paralela, vão receber os equipamentos em breve.
Em Feira de Santana, há um carregador no Boulevard Shopping.
A Bahia Marina é um dos locais que não cobram pelo carregamento do carro (Foto: Antônio Meira Jr./CORREIO) |
De Salvador até Natal
A Neoenergia está instalando 18 postos de recarga para carros elétricos e híbridos plug-in em seis capitais do Nordeste. A iniciativa irá beneficiar setenta municípios, entre eles Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa e Natal.
Serão 12 eletropostos nas rodovias – um deles em Massarandupió, na Linha Verde (BA-099), e seis em shoppings de Salvador, Recife e Natal. No total, serão 1.091 quilômetros de estradas, o que vai facilitar viagens com os veículos completamente elétricos, que rodam, atualmente, menos de 500 km com uma carga completa.
Como está na Europa
Um levantamento feito pela Jato Dynamics mostra a evolução dos emplacamentos de veículos híbridos e elétricos em 22 países da Europa. Em 2019, 61% dos modelos vendidos eram movidos a gasolina, 31% a diesel e 6,3% eram eletrificados.
No ano passado, os eletrificados corresponderam a 24% das vendas, enquanto carros a gasolina passaram para 49% e os movidos a diesel para 25%.
Ranking europeu
Os carros puramente elétricos mais vendidos na Europa em 2020 foram: Renault Zoe (99.261 unidades), Tesla Model 3 (85.713), Volkswagen ID.3 (56.118), Hyundai Kona (47.796), VW Golf (33.650), Peugeot 208 (31.287), Kia Niro (31.019), Nissan Leaf (30.916), Audi E-Tron (26.354) e BMW i3 (23.113).
O maior crescimento em relação a 2019 foi do Niro (208%) e a maior queda foi a do i3 (27%). O ID.3 e o 208 foram lançados em 2020.
Na Europa o elétrico mais vendido em 2020 foi o Renault Zoe |