Depois de iniciativas como a do Grupo Renault, a semana registrou outro importante anúncio sobre as estratégias de um grande conglomerado automotivo para os próximos anos. A Volkswagen divulgou seu plano chamado Accelerate, que contempla temas como a eletrificação dos carros da marca, novos modelos de negócios e condução autônoma.
Entre alguns pontos de destaque reunidos na nova estratégia, a Volkswagen declarou que planeja lançar em 2025 seu automóvel elétrico abaixo do ID.3. Previsto para ser o carro mais acessível da marca movido apenas a eletricidade, a meta da Volkswagen é que o veículo custe por volta de 20 mil euros, cerca de R$ 135 mil pela cotação atual da moeda europeia. Importante destacar que a novidade era esperada para 2023 e a Volkswagen não tornou público por quais motivos os planos foram postergados. Hoje em dia, aqui no Brasil, a JAC comercializa o iEV20 com propulsão 100% elétrica por R$ 149.900. O Nissan Leaf, por sua vez, é tabelado em R$ 239.900, mesma faixa de preço em que o elétrico Chevrolet Bolt (R$ 262.100) atua por aqui.
Logo, é interessante ficarmos de olho no futuro elétrico “popular” da Volkswagen uma vez que ele teria um atributo fundamental para chegar ao nosso mercado, no caso o valor mais acessível.
A Volkswagen também deixa claro que “planeja acelerar rapidamente a campanha elétrica global”, aumentando sua participação no mercado para mais de 70% das entregas de carros totalmente elétricos na Europa – o dobro da meta de 35% anteriormente planejada. Nos Estados Unidos e China, a marca está visando uma participação no mercado de veículos elétricos de mais de 50%.
A fabricante também confirmou que vai lançar ao menos um novo modelo por ano baseado em sua nova plataforma modular para modelos exclusivamente elétricos (MEB). No catálogo de novidades figuram produtos como o ID.4 GTX, um SUV com tração integral previsto para este semestre, seguido pelo esportivo ID.5 no segundo semestre deste ano. O mercado chinês contará com um SUV 7 lugares elétrico chamado ID.6 X, o qual também terá uma versão Cross. O modelo vai estrear por lá na segunda metade de 2021.
A Volkswagen inclusive anunciou que trabalha em melhorias para a MEB contemplando ganhos em desempenho, autonomia e capacidade de carga. Em 2026, a marca confirmou que vai lançar um novo modelo elétrico que será sua referência em propulsão eletrificada. Até o momento chamado de Projeto Trinity, ele terá carroceria três volumes e capacidade para oferecer Nível 4 de direção autônoma.
Interessante pontuar que a Volkswagen não vai dar as costas para os atuais modelos a combustão. A marca garantiu sucessores para Golf, Tiguan, Passat, Tayron e T-Roc. “Continuaremos precisando de motores a combustão por algum tempo, mas eles têm que ser tão eficientes quanto possível. É por isso que a nova geração de nossos principais produtos – que são todos modelos globais – também será equipada com a última geração de tecnologia híbrida plug-in, com uma autonomia elétrica de até 100 quilômetros”, revelou Ralf Brandstätter, CEO da marca Volkswagen.
Como mostra-se uma tendência entre as grandes fabricantes globais, a Volkswagen também vai destinar cada vez mais atenção para “transformar o veículo num produto baseado em software” bem como favorecer cada vez mais a “experiência digital do cliente”. Isso vai permitir que a empresa ofereça novos serviços diretamente no automóvel, como realizar compras pela tela da central multimídia, por exemplo, gerando novas fontes de receita para a companhia.
Ainda segundo a Volkswagen adianta, a empresa também vai tornar a estrutura de seu portfólio de veículos muito menos complexa. As futuras gerações de automóveis serão produzidas com um número de versões muito menor. As configurações individuais, explica a marca, não serão mais definidas pelo hardware quando o veículo for adquirido. O veículo terá praticamente tudo a bordo e os clientes poderão adicionar as funções desejadas sob demanda a qualquer momento usando o “ecossistema digital”. Com isso, a complexidade da produção será significativamente reduzida, destaca a VW.
Para executar toda essa transformação, a Volkswagen vai alocar cerca de 16 bilhões de euros (mais de R$ 100 bilhões) para investimentos em mobilidade elétrica, hibridização e digitalização até 2025. A empresa também vai aumentar sua eficiência com a nova estratégia e alcançar uma meta de margem operacional de pelo menos 6% até 2023 e garantida no longo prazo. O foco nesse aspecto, destaca a VW, será tornar-se mais resiliente ante flutuações do mercado. Para conseguir isso, a Volkswagen está procurando cortar seus custos fixos em 5% antes de 2023, aumentar a produtividade das fábricas em 5% ao ano, otimizar os custos com materiais em 7% e trazer todas as regiões a números lucrativos de longo prazo. Na América do Sul e Estados Unidos, a Volkswagen está se esforçando para chegar ao equilíbrio ainda neste ano fiscal.
Com declarações fortes, o CEO da fabricante alemã acrescenta que “nos próximos anos, vamos mudar a Volkswagen como nunca antes”. “A mobilidade elétrica foi apenas o começo. A transformação real ainda está por vir. Com nossa estratégia, vamos acelerar rumo ao futuro digital”, conclui Brandstätter.