A Toyota foi uma das últimas a lançar um SUV médio, mas nem por isso se saiu melhor que a concorrência: foi um pouco decepcionante o tão aguardado Corolla Cross.

O utilitário esportivo é derivado do sedã e aproveita sua plataforma para reduzir custos. Mas sequer manteve todas as qualidades dele, pois eliminou a suspensão traseira multilink, ponto alto de sua mecânica. E conseguiu reduzir em 30 litros a capacidade de porta-malas do sedã. Afinal, um SUV não é para a família?

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Fora estas derrapagens de projeto, o SUV mantem a boa mecânica do Corolla, inclusive as duas opções de motorização, combustão e híbrida. Pelo preço e concorrência a enfrentar, seu acabamento deixa a desejar. E estilo é sempre subjetivo, mas sua grade tem um desenho estranhamente agressivo.

Só não faltou capricho no preço…

Versão Preço
Corolla Cross XR 2.0 R$ 139.990
Corolla Cross XRE 2.0 R$ 149.990
Corolla Cross XRV Hybrid R$ 172.990
Corolla Cross XRX Hybrid R$ 179.990
Corolla Cross Special Edition R$ 183.980

5 motivos para não comprar o Corolla Cross

Veja 5 pontos nos quais o novo SUV médio da Toyota derrapou e podem te decepcionar.

1. Eixo traseiro mequetrefe

Apesar de ter a mesma plataforma que o Corolla sedã, a Toyota reduziu custos no Cross substituindo a excelente suspensão traseira do tipo multilink pelo mequetrefe eixo de torção que equipa qualquer Golzinho da vida. Ou seja, exatamente o SUV, que mais depende de estabilidade, ficou desprovido deste sofisticado sistema presente no sedã.

2. Porta-malas: menor que o do sedã

Para não apanhar feio do VW Taos (chega em maio) em capacidade do porta-malas (498 litros), o Corolla Cross carrega o estepe de emergência, aquele fininho cheio de limitações.

Perdeu, mesmo assim: apenas 440 litros, mas à frente do outro concorrente, o Jeep Compass.  Difícil explicar, mas inferior até que o do seu irmão sedã, com capacidade de 470 litros.

porta-malas do toyota corolla cross flex 2022

3. Estepe perigoso

Se o estepe de emergência já inspira cautela em qualquer automóvel, no Corolla Cross o problema é muito mais grave. Mesmo as versões com roda de 18” continuam carregando o estepe aro 17”, com diâmetro total 5% inferior às outras quatro. Consensual na indústria automobilística é não ultrapassar 2%.

Os engenheiros da Toyota disseram ter testado o carro, mas confessaram  não terem realizado o teste que valida sua estabilidade na hora “H”, o do Alce. Que evita acidentes ao se desviar emergencialmente de um obstáculo na pista.

4. Deve em desempenho

No asfalto, o desempenho do SUV não empolga e, pela relação peso/potência e fica devendo aos concorrentes diretos. Já a altura livre do solo é sutilmente superior ao do sedã: apenas 1,3 cm (ver ficha técnica abaixo). Ou seja, não alivia em nada enfrentar obstáculos urbanos como pedras ou lombadas.

5. Acabamento tosco

O freio de estacionamento é acionado por um obsoleto pedal para o pé esquerdo, inspirado no Ford Galaxie 67 (ou talvez na picape Chevrolet D20 da década de 80…).

Esperava-se, num carro que custa acima de R$ 150 mil, um sistema eletromecânico acionado por um botão no console. Para, quem sabe, ocupar o lugar de um tosco pedaço de borracha solto para esconder dois estranhos parafusos.

Acabamento interior pobre de uma maneira geral, com plástico duro por toda parte, inferior aos seus concorrentes diretos como o Jeep Compass ou o VW Taos.

Conheça em detalhes o SUV da Toyota:

Cinco motivos para comprar o Corolla Cross

Listados os pontos positivos, é hora de enumerar os negativos. Veja cinco motivos para desistir de comprar o novo SUV da Toyota

1. Muita segurança

Sete airbags e muitos dispositivos eletrônicos de segurança integrados ao sistema Toyota Safety Sense, que alerta o motorista sobre veículos à frente com radares e sensores. Como novidade, detecção de pedestres e ciclistas.

O SUV oferece um pacote recheado de soluções eletrônicas para evitar acidentes ou atenuar suas consequências: câmera de ré, controle de estabilidade e tração, assistência para arrancar na subida (Hill-Holder), alerta de ponto cego no retrovisor e de tráfego na traseira, de pré-colisão frontal e permanência na faixa.

2. Infotenimento

Além do computador de bordo digital com TFT num display de 4,2” no painel, um sistema multimídia com tela central sensível ao toque de 8” com inúmeras funções. Neste aspecto, superior ao Corolla sedã, mas ainda exige cabos para espelhamento de celulares.

3. Conforto a bordo

O SUV acomoda bem nos bancos dianteiros e traseiro. Neste, relativo conforto para dois adultos e uma criança. Túnel central baixo ajuda. Porta-trecos nas portas dianteiras, traseiras e no console central conferem praticidade para o motorista e passageiros. Ar condicionado não é dual-zone mas tem saída central para o banco traseiro.

4. Confiabilidade: marca registrada

A mecânica – mesma do sedã – tem a robustez que já se tornou marca registrada da empresa japonesa: carros que “não quebram”. Ela já foi testada pelo irmão de três volumes e não foi alvo de queixas no mercado brasileiro.

5. Híbrido flex: pioneiro no mundo

A Toyota foi pioneira no Brasil (e no mundo) com o primeiro híbrido flex, o Corolla sedã. E agora, o primeiro SUV.

Ao contrário dos modelos convencionais, o consumo do híbrido é menor no trânsito urbano: segundo o Inmetro, 13,9 km por litro de gasolina na estrada, 17 km na cidade. Tem um motor flex e dois elétricos. Mas oferece também a versão 2.0 a combustão, a mais vendida no caso do sedã.

Corolla Cross: veredito

A marca japonesa usou e abusou da confiabilidade de seus produtos junto ao mercado e aposta em atrair uma legião de clientes. Mas, em seu primeiro SUV produzido aqui, a Toyota caprichou mais no preço que na mecânica e acabamento.

Ficha técnica Toyota Corolla Cross flex Toyota Corolla Cross híbrido
Motor 2.0 16V 1.8 16V + 2 elétricos
Potência 177 cv (etanol) 123 cv (combinada)
Torque 21,4 kgfm (e) torque combinado não informado
Câmbio CVT com 10 marchas simuladas CVT
Suspensão McPherson na dianteira; eixo de torção na traseira
Dimensões 4,46 m de comprimento; 1,825 m de largura; 2,640 m de entre-eixos; 1,620 m de altura
Porta-malas 440 litros
Vão livre do solo 16,1 cm

Fotos: Toyota | Divulgação

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