Planta da Sigma em Minas Gerais (crédito: Divulgação)

SÃO PAULO – O carro elétrico não é mais um sinônimo de sustentabilidade sozinho. Os questionamentos a respeito da matriz energética usada para recarregar a bateria e, posteriormente, as preocupações com o processo de fabricação da bateria e extração do lítio usado nela tornaram-se as novas preocupações de ambientalistas e entusiastas das tecnologias limpas.

É nesse cenário que a Sigma quer ganhar espaço, usando a seu favor a “corrida verde” dos carros elétricos, fenômeno que ocorre principalmente na Europa. “O consumidor na Europa é consciente, porque ele tem que pagar mais pelo carro elétrico. Ele quer saber se esse veículo, para tirar carbono nas ruas da Alemanha, não vai só deslocar esse carbono para outros países”, explica Ana Gardner, co-presidente e diretora de estratégia da Sigma.

De acordo com Ana, essa demanda por menor impacto ambiental ao longo da cadeia de produção e de fornecedores dos carros elétricos favorece a Sigma, uma vez que a empresa busca atender aos critérios ESG (governança corporativa, social e ambiental) em todo o seu processo produtivo.

quando o InfoMoney conversou com a Sigma pela primeira vez, o preço do lítio estava na casa dos US$ 450.

A logística, apesar do enorme gargalo que o Brasil possui neste sentido, não preocupa tanto a empresa na avaliação de Ana Gardner. “Estamos em Minas Gerais, e o estado é todo pronto para mineração. A rodovia asfaltada leva da porta da mina direto para o porto de Ilhéus. Nosso custo é o mesmo da Austrália”, defende.

Sem perspectiva para elétricos no Brasil

Em relação ao mercado, a diretora da Sigma admite que os planos são de exportar o metal para a produção desses veículos lá fora, uma vez que a demanda e a infraestrutura para eletrificação de carros no Brasil beira a inexistência atualmente.

“Aqui somos um fornecedor global, nosso mercado é o mundo. Temos qualidade, custo, pureza e trouxemos o atributo verde. Entregamos para os maiores players, concorrendo com empresas maiores. Se o Brasil precisar do nosso lítio nós entregamos, mas hoje não há demanda local”.

Por outro lado, Ana ressalta que o Brasil tem características que permitem que o país tenha uma frota sustentável sem precisar apostar na eletrificação como fazem os países desenvolvidos. Isso porque o etanol brasileiro daria conta de suprir o mercado. “Contanto que não polua não importa se é elétrico ou movido à combustão, mas com álcool”.

Vale lembrar que como o etanol é um combustível renovável, suas emissões de gás carbônico são neutralizadas pela cana-de-açúcar plantada, que retira o CO2 da atmosfera e libera oxigênio no lugar.

É certo que em carros Flex os motores são calibrados para emitir a mesma quantidade de poluentes, então faria pouca diferença abastecer com álcool ou gasolina em termos de emissão de gases do Efeito Estufa. No entanto, a vantagem do etanol, nesse caso, seria que o álcool não expele resíduos tóxicos como o benzeno, ao contrário da gasolina.

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