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O e-JS1 ainda não está nas lojas. De acordo com o grupo SHC, grupo que representa a JAC no Brasil, o elétrico chega ao mercado nacional em outubro para ser o elétrico mais barato por aqui, custando R$ 149.990 – se o valor não for reajustado até lá por causa da variação do dólar.
Como a Mobiauto revelou em primeira mão há alguns meses, o novato já é exibido e pode ser reservado nas poucas concessionárias da marca que ainda restam ativas no país. O novato é uma renovação do iEV20, que já é vendido no Brasil por R$ 159.990.
Segundo a SHC, os dois pequenos elétricos conviverão nas lojas por algum tempo, já que o antigo modelo é o preferido em locais com terrenos mais acidentados, como em Fernando de Noronha (PE), por ter o vão livre do solo mais elevado.
Nossa reportagem foi conhecer o pequenino e-JS1 junto da renovada família elétrica da marca chinesa, que está cada vez maior. Além dele, outra novidade é o SUV compacto-médio E-JS4, derivado do T60 Plus e que já pode ser comprado por R$ 249.990, e que inclusive tem dinâmica superior à do irmão a combustão.
Porém, nosso foco agora é explicar o que o chinesinho e-JS1 traz de atraente para se tornar uma boa opção de compra.
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Visual e acabamento interno
Para quem não pegou a inspiração visual do JAC nos VW, a dica é analisar o balanço dianteiro.
O detalhe em formato “C” pintado de cinza no pára-choque é inspirado no finado VW Up!, e o acabamento em preto brilhante que liga os faróis do e-JS1 lembra o do também elétrico VW ID.4. Os faróis são exclusivos do JAC, com iluminação e luzes de condução diurna de LED.
Na lateral, a pintura bicolor e as rodas de liga leve de 14 polegadas com acabamento diamantado e escurecido, chamam a atenção. Além disso, é de perfil que podemos ver que o veículo é uma evolução do iEV20, pois replica parte da silhueta, a distância entre-eixos, os vincos e as portas laterais do irmão.
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Na traseira, a inspiração no VW Up! aparece novamente no para-choque, mas as lanternas traseiras assumem personalidade própria com design atualizado e iluminação de LED. O emblema traseiro do veículo que testamos ainda é da Sol, mas as unidades entregues no Brasil a partir de outubro levarão o emblema da JAC.
Por dentro, plástico e mais plástico. Porém, diferentemente do iEV20 e até do Up!, o e-JS1 tem um acabamento mais agradável aos olhos, casando cores vivas e claras com texturas criativas, que dão sensação de limpeza e modernidade ao habitáculo.
O quadro de instrumentos de 6,2 polegadas é totalmente digital. Já a central multimídia de 10,25 polegadas, flutuante, comanda as configurações do ar-condicionado. Ela ainda está em mandarim, mas a SHC garante que até o lançamento o equipamento estará traduzido para o português.
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No console central ficam o botão de partida do motor, o freio de estacionamento eletrônico, porta-copos, apoia-braço e até um carregador de celular por indução. Este último, infelizmente, não deve equipar o e-JS1 vendido em outubro no Brasil, a fim de manter o subcompacto no preço de R$ 150.000.
O console central é suspenso e possui um “andar de baixo”, que pode servir como porta-objetos. É lá que se encontram as duas portas USB-A e a tomada 12V do veículo.
Ainda no habitáculo, uma influência mais direta da Volkswagen no projeto do e-JS1: seletor de faróis e maçanetas internas dos veículos vêm da marca alemã e estão presentes até no SUV recém-lançado Taos.
Por fim, os bancos dianteiros finos e com encostos de cabeça integrados são parecidos com os do Up!, embora tenham abas laterais mais generosas e estilo esportivo.
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Conforto e espaço
Os bancos são confortáveis e dão um bom encaixe para dirigir, graças aos apoios laterais elevados. Eles têm acabamento em couro sintético e faixas em cores que casam com o interior e exterior do subcompacto.
Na segunda fileira, o padrão de acabamento se repete, mas o espaço é bem limitado. Ali não há espaço tão confortável assim para adultos, mas o pequeno elétrico chinês leva três crianças pequenas sem sofrimento, já que o túnel central é baixo.
Os ocupantes ainda têm revisteiro no encosto dos dois bancos e acionamento elétrico dos vidros. Ponto negativo fica para o porta-malas, que tem apenas 121 litros e fica ainda mais limitado pela sacola para armazenar os cabos de carga da bateria.
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Em nosso teste, o isolamento acústico chamou atenção por ser superior ao do antecessor iEV20 e até em relação aos veículos de entrada da Volkswagen. Mesmo tendo quase 100% do acabamento em plástico rígido, o e-JS1 absorve bem os ruídos externos.
Mas o elétrico também tem suas peripécias. Por exemplo, ele vem com kit de reparo emergencial no lugar de estepe. Caso haja um furo de pneu, o motorista terá de se virar com o spray para vedá-lo. Além disso, algumas peças de acabamento estavam mal encaixadas e pareciam que iam se soltar.
Dimensões: 3.650 mm de comprimento; 1.670 mm de largura; 1.495 mm de altura; 2.390 mm de entre-eixos; 121 litros de porta-malas; 1.180 kg de peso bruto total.
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Desempenho, autonomia e dirigibilidade
O motor elétrico perdeu força na transição do iEV20 para o E-JS1: são 61 cv de potência e 15,3 kgfm de torque, contra 68 cv e 21,9 kgfm do irmão. Mas a diferença dos 7 cv e 6,3 kgfm mal é sentida, porque na verdade o e-JS1 é mais leve e parece ser até mais esperto que seu antecessor.
Motor: elétrico, dianteiro, 61 cv, 15,3 kgfm / Câmbio: automático de uma marcha infinita / Tração: dianteira / 0 a 100 km/h: não divulgado / Velocidade máxima: 110 km/h.
A marca ainda não divulgou dados de aceleração, mas não espere o desempenho de um carro esportivo. O novo elétrico mais barato do Brasil tem proposta prioritariamente urbana, até por isso sua velocidade máxima é limitada em 110 km/h.
Outro ponto que comprova isso é sua autonomia. A bateria de 30,2 kWh rende 302 km, segundo a JAC, mas vale lembrar que esse ciclo não é medido em WLTP, que é o método mais rigoroso de medição.
Bateria: 30,2 kWh de capacidade total de energia / tipo: fosfato de ferro-lítio / autonomia: 302 km em NEDC / carregamento: 1h entre 15% e 85%, em carregamento rápido em Eletroposto CC; 3,5h entre 15% e 85% em carregamento moderado Wallbox CA; 11h de 0% a 100% em carregamento lento em casa CA.
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O subcompacto ainda tem o sistema de regeneração da bateria durante as desacelerações, mas ele não se mostra tão eficiente quanto o de Nissan Leaf ou Renault Zoe, por exemplo.
Embora não dê para confiar fielmente nos dados de autonomia e no trabalho de regeneração da energia dissipada nas frenagens, no geral a bateria cumpre com a entrega de uma autonomia digna para deslocamentos citadinos.
Em nossa avaliação, o motor elétrico – que tem torque de um VW Gol 1.6 MSI – deixa o veículo esperto na medida certa para sair de situações de trânsito e responde bem às acelerações. Muito disso por causa do peso baixo para um elétrico: o e-JS1 tem 1.180 kg.
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Outras três gratas surpresas estão na recalibração das suspensões, nas assistências à direção – área na qual vemos mais um dedo da Volkswagen -, e também no novo acionamento do câmbio automático.
Comecemos pelas suspensões, cujas adequações deixaram o novato mais firme para fazer curvas e para enfrentar as imperfeições da via, sem ficar pulando como o iEV20 depois de passar por lombadas, por exemplo.
Dados técnicos: suspensão: independente McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira) / freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira) / direção: assistência elétrica progressiva com 9 m de diâmetro de giro / Pneus: 165/65 R14.
A assistência elétrica da direção também ficou mais justa, melhorando a dinâmica de condução e deixando de lado a sensação de que o volante está com folga ou bobo, como temos em outros JAC.
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Já o câmbio deixou de ser acionado no seletor do console central e está agora colocado na coluna de direção, igual aos Mercedes-Benz. Se é mais difícil se acostumar a esse padrão, por outro lado o seu funcionamento agora é mais preciso.
Itens de série – JAC e-JS1
Visual: rodas diamantadas de liga leve de 14 polegadas e bancos revestidos em couro sintético.
Conforto: apoia-braço central para a primeira fileira, vidros elétricos nas quatro portas, ar-condicionado digital e automático, volante multifuncional, chave presencial e partida por botão e piloto automático.
Segurança: sensor de estacionamento traseiro, airbag duplo, controle de tração e estabilidade, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, luz de condução diurna, faróis e lanternas de LED, alerta de não afivelamento do cinto de segurança, direção elétrica progressiva, aviso de excesso de velocidade e isofix.
Tecnologia: painel de instrumento em TFT de 6,2 polegadas, central multimídia de 10,25 polegadas com espalhamento EasyConnect, câmera de ré panorâmica, sistema i-Pedal para regeneração de carga, computador de bordo e freio de estacionamento eletrônico.
*A lista de equipamentos acima é provisória e baseada no e-JS1 vendido na China. Até o lançamento do subcompacto essa lista pode ser alterada.
O e-JS1 pode ganhar o coração dos brasileiros?
A JAC trouxe ao Brasil um segmento que está dominando a China e que já está se espalhando pela Europa: o dos minicarros elétricos de baixíssimo custo.
A etiqueta, claro, é mais elevada que nesses países, mas o e-JS1 também é maior, leva cinco pessoas, tem quatro portas e se adapta melhor ao que pede o mercado nacional.
Ele ainda garante uma boa experiência de condução. Seria mais interessante se chegasse equipado com o carregador por indução, claro, mas aguardemos a lista completa com os itens de série no lançamento.
Merece espaço na sua garagem? Se a ideia for ter um carro elétrico urbano para uso individual e nem tão caro assim, sim, pois ele cumpre bem esse papel.
Porém, talvez seja importante ter um outro carro para enfrentar distâncias mais longas, além de saber que a atual rede da JAC no Brasil é minúscula, com pouco mais de dez pontos de assistência em todo o território nacional.
Imagens: Renan Bandeira / Arte das placas: Kleber Silva
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