Com três motores, volante que parece manche de avião e aceleração insana, o Tesla Model S Plaid é um dos carros produzidos em série mais rápidos do planeta.
Capaz de acelerar de zero a 96 km/h em apenas 1,99 segundo, o sedã 100% elétrico da empresa de Elon Musk tem um brasileiro entre seus primeiros compradores em todo o mundo.
Morador de Atlanta, no Estado norte-americano da Geórgia, Anderson Dick recebeu seu Tesla no último dia 24, após quase um ano de espera pelo carrão – o mais caro e potente da marca californiana, com preço sugerido de US$ 130 mil (cerca de R$ 671,5 mil na conversão direta) e 1.034 cv.
Curiosamente, Dick é um apaixonado pelo cheiro de gasolina e sua trajetória profissional está ligada de forma umbilical a motores a combustão. Fundador e CEO da FuelTech, fabricante de injeções programáveis, Anderson é figura conhecida entre amantes de corridas de arrancada.
Além do Model S Plaid, o gaúcho tem na garagem carros como Chevrolet Corvette C8 e Ferrari F355 Spider – ambos modificados por ele, incluindo injeção da própria firma, que se tornaram uma espécie de vitrine do que a empresa é capaz.
“Na verdade, já tive outro Model S durante dois anos nos EUA. Carros elétricos vieram para ficar, é só questão de tempo para se tornarem maioria nas ruas. Como empresário, minha função também é entender as novas tecnologias no que se refere a performance, de olho no futuro. Nada melhor do que um produto que é referência na sua área, com espaço para a família”, analisa o pai de três meninos.
Drag race contra Corvette de 1.090 cv
Dick, que também atua como youtuber, já publicou um vídeo com suas primeiras impressões do Model S Plaid. Nos próximos dias, irá produzir mais conteúdo a respeito da nova aquisição – incluindo uma drag race em autódromo contra seu Corvette “mexido”, cujo ganhador ele ainda mantém em segredo.
O brasileiro já conseguiu comprovar no uso diário que, apesar de sentir falta do “ronco” proporcionado por motores a combustão, o desempenho do Tesla é mesmo de tirar o fôlego, superando facilmente Ferraris, Lamborghinis e Bugattis de alta cilindrada.
Basta pisar fundo que as costas imediatamente “grudam” no banco em quase total silêncio. Anderson, inclusive, não pretende, ao menos em um primeiro momento, modificar o sedã em busca de mais desempenho, como faz nos seus automóveis convencionais.
Volante polêmico
Mais do que alta performance, pontua, o que tem chamado sua atenção no Tesla é a tecnologia disponível – e o jeito incomum como ela é utilizada.
O volante não tem a parte superior e é mais largo do que o usual; o câmbio dispensa alavanca ou botões convencionais; e a vasta maioria dos comandos é realizada por meio da grande tela tátil no console central, que lembra um tablet enorme.
“Quando eu fecho a porta, coloco o cinto e piso no freio, o carro automaticamente ativa a ré se houver espaço livre atrás. Se eu dsafivelo o cinto, o Tesla já seleciona a posição ‘P’ [park]. Se quiser andar para a frente, basta deslizar o dedo para cima no canto esquerdo da multimídia. Funciona muito bem”.
Também há uma fileira de botões virtuais no console, junto ao pisca-alerta, com as opções “P”, “R” (Ré), “N” (Neutro) e “D” (Drive) – que se acendem ao toque de um dedo.
Outro recurso muito falado (e polêmico) dos carros da Tesla é o Autopilot, que ativa a função de condução semiautônoma do carro.
Ao contrário do que muita gente pensa, esclarece Dick, o recurso não fica ativado indefinidamente – como em automóveis semiautônomos de outras marcas, é preciso colocar as mãos no volante e olhar para a pista depois de um tempo – caso contrário, dentro de aproximadamente 30 segundos o veículo começa a emitir sinal luminoso no painel, seguido por um bipe, para que o condutor ponha as mãos na direção.
Se os avisos forem ignorados, salienta, o Tesla vai para o acostamento, se estiver houver um, e para.
“Nessa circunstância, o Autopilot é desativado e poderá ser usado novamente apenas na próxima viagem, após o veículo ficar estacionado por algum tempo”.
“Uso o Autopilot 70% do tempo. Com ele, o Model S pode trocar sozinho de faixa e sair de uma rodovia. Além disso, reconhece o sinal vermelho e para de forma autônoma, para retomar a viagem quando acende a luz verde”.
Marca promete mais de 600 km de autonomia
E como fica a autonomia? Anderson ainda não rodou tanto com sua aquisição para testá-la como pretende, mas se diz bastante satisfeito tanto com a duração da carga quanto com o tempo necessário para “encher” novamente as baterias. A Tesla promete quase 640 km com uma carga completa no ciclo EPA (norte-americano).
“Não cheguei a fazer contas, mas teve um dia em que rodei bastante na cidade, mostrando o carro a amigos, e percorri mais uns 250 km na estrada. Ainda restaram uns 40% de carga”, relata.
De acordo com Anderson, a recarga total em um carregador de 13 kW de parede, que mantém em casa, leva cerca de seis horas e custa aproximadamente R$ 65 ou 1/4 do custo que gastaria com combustível.
O tempo cai para cerca de 30 minutos em um carregador da rede Supercharger de 250 kW que a Tesla disponibiliza em estacionamentos e outros estabelecimentos comerciais dos EUA.
“No Supercharger, o custo é um pouco maior do que a recarga feita em casa, mas a montadora dá benefícios. Quem indica alguém para comprar veículo da marca ganha bônus para recarga equivalente a 1.600 km de autonomia”.
No cômputo geral, Dick se diz satisfeito com o novo carro. Suas críticas vão para o volante “Yoke” e para a tela multimídia do banco traseiro, muito baixa e pequena na sua opinião.
“A direção especialmente é muito polêmica. Ninguém diz que gostou, embora libere área de visão diante do painel de instrumentos. A gente logo se acostuma”.