A corrida começou – e promete ser das grandes. A Microsoft nem esperou baixar a poeira do lançamento da Meta, novo nome e rumo da companhia que criou o Facebook, na semana passada, para informar que os 250 milhões de usuários que acessam pelo menos uma vez por mês o aplicativo Microsoft Teams poderão, em breve, usufruir de uma experiência mais imersiva no metaverso, com bate-papo e conferências protagonizadas por avatares e em cenários totalmente virtuais.
Na semana passada, durante o Microsoft Ignite, evento anual para desenvolvedores e profissionais de TI, a empresa dedicou um painel de 40 minutos para falar sobre trabalho híbrido.
Em seu último Índice de Tendências de Trabalho, a Microsoft descobriu que, embora 70% dos funcionários queiram continuar trabalhando remotamente depois da pandemia, 65% pretendem ter mais tempo junto a suas equipes, presencialmente. Eles batizaram isso de “paradoxo do trabalho hibrido”.
Para solucionar essa aparente contradição, a Microsoft aposta em flexibilidade e vem desenvolvendo uma série de ferramentas como integração do software de conferência com o sistema multimídia do carro e formas mais orgânicas de visualizar os participantes de uma videoconferência.
Se você está lendo esta coluna, provavelmente já usou o Teams ou, no mínimo, algum de seus concorrentes diretos como o Zoom ou o Google Meet. Plataformas de videoconferência fizeram e seguem fazendo parte do dia a dia durante a pandemia, seja para reuniões de trabalho ou para sala de aula (um dos nichos fortes onde a Microsoft atua, com acordos comerciais com prefeituras e empresas).
Na nova versão, a ideia é que o usuário consiga se desprender da estrutura em grade, onde cada cabecinha aparece presa em sua própria janela, para criar um ambiente de conferência imersivo e tridimensional.
A maior parte dos usuários perde o foco e a atenção depois de meia hora de papo virtual nessas plataformas e cansa de olhar fixamente para o mosaico de cabecinhas a que fomos reduzidos pelo distanciamento social. Há quem faça as unhas enquanto participa de uma reunião de trabalho, sem muito pejo. Afinal, o que a câmera do computador não revela, ninguém confere.
De todas as inovações apresentadas, a que mais chama atenção é a integração do Teams com a tecnologia de metaverso da empresa, batizada de Mesh e que já é utilizada em produto como o AltspaceVR, plataforma de metaverso comprado pela empresa em 2017 e concorrente direto do Horizon Worlds (Meta) e do RecRoom.
O AltspaceVR, aliás, foi onde visitamos a primeira igreja do metaverso, numa experiência já relatada em outra coluna.
A tecnologia Mesh vai permitir que você participe de diferentes reuniões como um avatar e esse avatar poderá transitar de maneira natural entre espaços imersivos no metaverso e conferências remotas tradicionais em videoconferência.
Da mesma maneira, você poderá acessar esses espaços tanto através de óculos de diferentes marcas —como o Oculus Quest 2 (Meta), o HTC Vice (HTC) e o próprio Microsoft HoloLens (Microsoft)— quanto através de dispositivos bidimensionais tradicionais como o seu computador ou celular.
Os avatares da Microsoft, como os do Meta, são feitos em 3D e podem adotar gestos e emojis, além de representarem os movimentos dos lábios, coerentes com o que o usuário estiver falando.
Um suporte está sendo desenvolvido para permitir que haja tradução e transcrição simultâneas do que cada um falar em reuniões virtuais, permitindo juntar no Teams gente do mundo todo, sem barreiras de idioma.
Com o Microsoft Teams, as companhias poderão criar seus próprios espaços virtuais no metaverso. Grandes empresas, como a Accenture e a Anheuser-Busch InBev já estão utilizando essas ferramentas.
Todas essas tecnologias estão previstas para o primeiro semestre de 2022 e ainda é preciso aguardar para ver, na prática, se vão mesmo cumprir tudo o que prometem.
Fato é que hoje, com as tecnologias disponíveis, uma série de reuniões virtuais é muitas vezes mais cansativo que a velha experiência presencial. E certamente a transição para o mundo híbrido vai necessitar ainda de ajustes tecnológicos e culturais.
Os desafios e possibilidades do trabalho híbrido estão colocados e ainda há muito o que melhorar na interface e experiência de usuário. Mas é uma tendência que parece ter vindo para ficar.
E prepare-se, outros gigantes estão prestes a entrar em campo.