FRANKFURT – A onda de eletrificação dos carros europeus levou a Volkswagen a transferir parte da sua produção de motores a combustão da Alemanha para suas fábricas no Brasil e na Argentina, onde o segmento de automóveis elétricos ainda engatinha. Foi o que disse a jornalistas o presidente da montadora para a região da América do Sul e Caribe, Pablo Di Si, durante o Salão de Frankfurt, na Alemanha.

Segundo ele, as fábricas alemãs da Volkswagen antes destinadas à produção de motores a combustão estão agora produzindo baterias para carros híbridos e elétricos e também os próprios automóveis movidos a energia elétrica. Com isso, as unidades de São Carlos, no Brasil, e de Córdoba, na Argentina, estão elevando seus volumes na produção de motores a combustão, para atender à demanda de exportação antes atendida pela Alemanha.

Segundo estimativas aproximadas divulgadas por Di Si, a fábrica de São Carlos já produziu 40 mil motores a mais em 2019 em relação a igual período de 2018, por causa dessa transferência de produção. A fábrica da Argentina, por sua vez, teve acréscimo de 150 mil motores este ano. Praticamente todo o volume adicional resultante da transferência é destinado à exportação, disse.

Di Si comemorou o aumento de produção na América do Sul, região comandada por ele, mas alertou que essa vantagem um dia deve acabar, por considerar que a eletrificação dos carros é uma questão de tempo para o mercado sul-americano. “Estamos vendo o crescimento na produção de motores hoje, mas não sabemos como será daqui a 15 anos”, afirmou.

Lançamento no Brasil

Conforme antecipou o Estadão/Broadcast, Volkswagen acredita que é possível viabilizar o lançamento de um carro elétrico no Brasil no fim de 2021, segundo Jürgen Stackmann, chefe global da marca para vendas, marketing e pós-venda.

A montadora apresentou no evento o primeiro carro elétrico da marca produzido em uma plataforma modular própria para esse tipo de tecnologia, chamada pela empresa de MEB. Até então, os veículos elétricos da Volkswagen eram adaptações de modelos fabricados em plataformas preparadas para produzir carros movidos a combustíveis fósseis.

Batizado de ID.3, sigla para inteligência e design, o novo carro tem sido divulgado como o “elétrico popular” da Volkswagen e inicialmente será vendido na Europa, ao preço de 30 mil euros para a sua versão mais básica. A intenção é introduzir a mobilidade elétrica para o mercado de massa. As entregas começam na Alemanha em meados de 2020.

No entanto, enquanto na Europa a Volkswagen busca apresentar um carro elétrico a um público de classe média, no Brasil a montadora começaria tentando atingir os consumidores de maior renda, uma vez que os custos de um automóvel movido a energia elétrica são incompatíveis com os padrões brasileiros de renda média. O veículo a ser trazido não seria necessariamente o ID.3, mas provavelmente um modelo da mesma família.

Outra dificuldade no Brasil é a infraestrutura para a recarga do carro. Um grupo de cinco montadoras, que inclui a Volkswagen, tem conversado com empresas de energia e uma companhia de tecnologia para viabilizar uma rede de pontos de recarga no Brasil, começando por São Paulo. Assim, o País abriria espaço para o crescimento do mercado de elétricos.

*O repórter viajou a convite da Anfavea

Estadão

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