A tecnologia de massa ainda não chegou aos carros voadores imaginados na franquia ‘De Volta para o Futuro’, mas os carros elétricos — mais econômicos e sustentáveis — são uma realidade cada vez mais próxima, com o aumento do uso da energia solar e a conscientização dos motoristas.

Dono do primeiro ponto de recarga e possivelmente também do primeiro carro movido por energia elétrica de Mato Grosso do Sul, o empresário Henderson Martins, de 44 anos, fez a conversão da sua Ford Ranger e rodou pela primeira vez com o veículo carregado em janeiro de 2020. 

Ao mesmo tempo em que adaptava sua Ranger, Henderson, que tem uma empresa de energia solar em sociedade com o irmão, montava também a estação de recarga pioneira de MS, que foi noticiado pelo Jornal Midiamax na época.

Henderson e o irmão na estação de recarga. (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde então, o mercado vem crescendo e Campo Grande já ganhou mais seis estações e muitos adeptos. “Vejo que cada dia mais as pessoas estão começando a trocar o carro à combustão pelo carro híbrido, que é o elétrico com combustão. Eu conheço alguns clientes nossos que já deixaram de ser 100% combustão e estão no híbrido e pretendem, daqui a uns anos, migrar para o 100% elétrico”, disse ele ao Jornal Midiamax

Os carros que rodam atualmente e que foram adaptados são no modelo híbrido, que podem ser movidos tanto com energia elétrica como com combustíveis. E com o preço da gasolina chegando a custar R$ 8 reais em MS, a conversão para 100% elétrico pode chegar antes do imaginado. “As pessoas estão tomando ciência que a combustão não vai existir mais, então estão migrando”, opinou ele. 

Henderson contou que recebeu um empresário de Três Lagoas que comprou um carro movido à energia. O três-lagoense queria entender sobre a recarga e o uso do veículo elétrico. “Um carro elétrico é muito mais simples que um a combustão”, explicou. 

Estação de carros elétricos é abastecida com energia solar
Estação é abastecida com energia solar. (Foto: Arquivo Pessoal)

Fonte de energia sustentável 

Apesar dos combustíveis fósseis estarem caros, a energia elétrica na bandeira vermelha também têm gerado reclamações, principalmente por conta da seca nas hidrelétricas do Brasil. Porém, utilizar um carro elétrico juntamente com uma fonte de energia sustentável além de custar mais barato, também ajuda o meio ambiente.

Utilizar veículos elétricos é um avanço para a diminuição dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aumento do aquecimento global. Para ser realmente sustentável, a medida deve vir acompanhada de outras ações que classifiquem o veículo como verdadeiro carro ecológico.

Quando movido por bateria, o veículo não contamina a natureza quando está circulando, mas a energia produzida para a recarga pode ser contaminante, dependendo dos processos para a formação dela.

A estação de recarga criada pelo empresário utiliza energia solar para fazer o abastecimento dos veículos e é gratuita. Outra, das sete estações da Capital, fica no estacionamento do Shopping Campo Grande. Ela também não cobra pelo abastecimento e utiliza a rede elétrica convencional para o serviço. 

Custo x benefício 

Atualmente, algumas fabricantes já produzem carros 100% elétricos, mas o motorista pode optar por fazer a conversão do próprio carro. Porém, segundo o empresário, que também é engenheiro elétrico, atualmente comprar um carro elétrico está compensando mais, por conta da alta do dólar — que está custando mais de R$ 5.

“Todos os materiais são importados e com a alta do dólar está muito difícil fazer projeto. [Com o valor gasto para] fazer uma conversão igual a da minha picape hoje, você compra um carro elétrico. Não uma picape, mas um carro com entrada elétrica”, opinou Henderson. Para fazer a conversão, é necessário trocar todo o motor e também alguns equipamentos do veículo. “Vai usar só a carcaça praticamente”, explicou ele. 

Carros elétricos são carregada por algumas horas
Ranger é carregada por algumas horas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo levantamento da Revista Carro, o carro elétrico mais barato vendido no Brasil é oJAC E-JS1, que custa em torno de R$ 154,9 mil. Os preços variam, podendo chegar aos R$ 500 mil do Jaguar I-Pace S, considerado o 10º mais barato do país. 

No quesito de custo para rodar com o veículo, segundo Martins — utilizando com base o gasto com a Ranger —, a economia chegou a mais de 80%. Ele gastava em torno de R$ 400 com gasolina para rodar por volta de 300 quilômetros. “De energia você não vai gastar 100 reais por mês. Em torno de 70 a 80 reais para ter essa mesma autonomia”, relatou. 

Apesar dos benefícios, o investimento do setor em Mato Grosso do Sul ainda é totalmente da iniciativa privada, mas o alinhamento com políticas públicas e setor da indústria pode favorecer e acelerar o desenvolvimento e atingir mais pessoas. Não é preciso ir à Lua para saber que voltar o olhar para o sustentável é “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade” — parafraseando o astronauta Neil Armstrong, em 1969.  

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