A Volvo colocou no mercado seu primeiro carro 100% elétrico, o XC40 Recharge Pure Electric. Ele é parte da estratégia da marca de se tornar 100% elétrica até 2030.
Se acabar com os carros 100% a combustão e mudar para o híbrido com certa facilidade já parecia surpreendente, a mudança com prazo para outra tecnologia que ainda não está disponível em 100% dos lugares é uma aposta ousada.
Mas como é conviver com a versão elétrica do SUV compacto da marca que abre caminho para os próximos que devem vir com a mesma tecnologia e proposta?
A Europa talvez esteja pronta para o carro 100% elétrico com distâncias menores a serem cobertas, mas será que também estamos aqui no Brasil?
Dirigir o XC40 elétrico é tão diferente da versão híbrida plug-in que também continua à venda?
Pontos Negativos
- Falta de infraestrutura
- Preço
Veredito
Conviver com um carro elétrico ainda é um paradoxo. A falta de pontos de recarga de alta velocidade espalhados mesmos nos grandes centros como a cidade de São Paulo te limita a sempre ter prazos maiores para o que se vai fazer ou limitar sua circulação. A falta que fez durante a avaliação ter o carregador em casa que os proprietários recebem ficou bem evidente, mas por outro lado, o carro se torna comum e fácil de lidar no dia a dia, quando se resolver a questão do carregamento, vai ser fácil aceitar a transição.
DESIGN E ESPAÇO INTERNO
O XC40 elétrico se diferencia do modelo a combustão no visual externo basicamente pela grade toda fechada na dianteira, já que não há um motor a combustão que precisa ser resfriado.
No mais, a Volvo adotou o mesmo design que já conhecemos e que faz sucesso em toda a linha XC, no caso do 40, em tamanho compacto e reduzido.
Os faróis e lanternas de LEDs com design marcante, fazem parte do visual de linhas limpas, marcadas e que se acentuam por pequenos detalhes, sem muitos exageros, bem ao padrão sueco de não fazer nada muito exagerado.
Por dentro, o carro também mantém o mesmo estilo dos demais carros da linha XC. O acabamento é bom e tem detalhes de requintes extra, como uma faixa com pontos que dá um aspecto 3D para o interior na altura das maçanetas.
Funcional, bem acabado e mesmo sendo disruptivo em termos de força motriz, o XC40 não apela para grandes diferenças no interior, é um XC como outro qualquer.
O espaço interno é bom para quatro adultos com muito conforto porque ele é um SUV compacto. O porta-malas oferece bons 414 litros de porta-malas e tem um espaço extra na dianteira, que a Volvo conseguiu utilizar já que não há um motor a combustão ali.
CONSUMO E DESEMPENHO
O desempenho do XC 40 elétrico com seus dois motores elétricos, um em cada eixo, é de 408 cv e 67,3 mkgf, é surpreendente. Chega a ser desnecessária tanta potência e torque em um carro desse tamanho, especialmente pela entrega instantânea de torque.
Ele tem aceleração de carro esportivo: são 4,9 segundos para sair de imobilidade até os 100 km/h, apesar dos 2.118 kg. A entrega é muito mais esportiva do que se espera de um pacato SUV da marca sueca. Como tem sido feito com outros carros da marca, o XC40 elétrico já vem com limitador de velocidade para 180 km/h.
A autonomia divulgada com uma carga completa é de 418 km no ciclo WTLP, que é um ciclo que simula o uso do carro em condições normais para medições.
Segundo a Volvo, com um sistema de carga rápida é possível chegar a 80% da capacidade em 40 minutos na bateria que tem capacidade de 78 kWh.
É claro que isso depende de como o motorista dirige e de não ficar buscando sorrisos com acelerações bruscas que o XC40 pode oferecer. Regiões de serras também tendem a reduzir a autonomia da carga.
A falta de carregadores rápidos espalhados em pontos públicos, sendo a maioria de carga lenta ou média, faz com que seja preciso programar bem suas viagens, especialmente em pontos que não haja um carregador ou uma tomada trifásica para usar o cabo que acompanha o carro.
A exceção do silêncio dentro da cabine e o leve zunido do motor elétrico que só se ouve se o sistema de som estiver desligado, é um carro normal de condução.
A suspensão tem um ajuste de firmeza destinado aos mercados europeus, não tanto o piso brasileiro. A direção elétrica tem uma calibragem boa, mas também mais focada em conforto, não em precisão, o que é normal se tratando de um SUV.
A posição de guiar é muito boa e fácil de encontrar graças aos ajustes da direção e dos bancos. Além disso, os bancos dianteiros têm o ajuste de extensão, que melhora o apoio de pernas para as pessoas mais altas.
EQUIPAMENTOS
O pacote do Volvo XC40 elétrico é bem completo, como de se esperar. Uma das principais novidades é a adoção da nova central multimídia, que apesar de manter o formato ganhou um novo sistema operacional, desenvolvido em parceria com a Google em cima do Android.
Com isso, não há mais a opção de conexão por cabo ou sem fio de Android Auto ou Apple CarPlay. Por outro lado, o sistema vai permitir ter os aplicativos que se deseja diretamente na central por meio da Play Store, exatamente como fazemos com o smartphone e, nesse caso, usando um chip 4G do carro.
Há também quatro entradas USB do tipo C, carregador de celular por indução, sistema de som premium da Harman Kardon com 13 alto-falantes e subwoofer com capacidade de 660 watts.
O pacote inclui ar-condicionado de duas zonas com filtro de impurezas, teto solar panorâmico, painel de instrumentos virtual de 12,3 polegadas com alta definição, chave presencial com partida automática: ao entrar no carro e acionar o câmbio ele já está funcionando.
Como era de se esperar há sensores de chuva, de luminosidade e de obstáculos na frente e atrás, computador de bordo, luzes de faróis e lanternas de LEDs e farol alto automático. O porta-malas tem abertura elétrica e com o uso de movimentos sob o para-choque traseiro.
SEGURANÇA
A de se esperar em um Volvo, o pacote de segurança é exemplar. São sete airbags, controles de tração e estabilidade e pacote ADAS completo: controle de velocidade adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal e traseira, alertas de ponto cego nos retrovisores, de tráfego cruzado e de saída da faixa de rodagem com correção.
Conta ainda com assistente de partida em rampa e de descidas íngremes, câmera 360º que cria uma imagem superior para auxiliar em manobras e o sistema On Call, que serve para concierge e emergências.
MERCADO
O espaço para os carros elétricos ainda não chegou a 2% do mercado brasileiro. 2021, que foi um ano com muitas novidades nesse segmento deve terminar com cerca de 1% das vendas.
Com preços ainda impraticáveis, os elétricos, como outras tecnologias que hoje são comuns a carros de entrada, estão vindo de cima para baixo.
Por enquanto, a falta de estrutura, a demora com as cargas se comparado aos carros a combustão, são um impeditivo a uma vida livre com o carro elétrico, especialmente saindo dos grandes centros.
Parece exagerado, mas viver com um carro elétrico ainda é um exercício de paciência e pede muita organização no uso e no trajeto para não ser pego no desespero da falta de carga.