SÃO PAULO — A montadora Stellantis, dona de marcas como Alfa Romeo, Chrysler, Peugeot, Citroën e Fiat, quer ter 34 milhões de carros conectados, no mundo, até 2030.
A empresa investe no desenvolvimento de serviços e acessórios tecnológicos capazes de mudar a forma como o cliente se relaciona com seu veículo, que terá várias funções conectadas à internet e motor elétrico.
Crise: Tesla perde US$ 250 bi com investigação sobre risco de incêndio em painel solar
O movimento é parecido ao de outras montadoras, que tentam rivalizar com a tecnologia carregada pelos carros elétricos da americana Tesla.
As inovações permitem, por exemplo, o uso de comandos de voz pelo motorista para ativar navegação e mapeamento de alta definição, acionar opções de entretenimento e até fazer compras e pagamentos on-line.
Falta de peças: Montadoras deixarão de produzir 300 mil veículos este ano no Brasil
O plano pretende elevar as receitas da montadora em € 20 bilhões indo além da venda de carros com a oferta de serviços de assinatura e produtos.
A transformação numa “empresa automotiva de tecnologia” vai consumir investimentos de € 30 bilhões até 2025 para elevar a conectividade e eletrificação de seus veículos.
— Com essa estratégia, a Stellantis caminha para se tornar uma empresa de tecnologia de mobilidade sustentável — disse o presidente da companhia, Carlos Tavares, durante apresentação dos planos da Stellantis, que possui 14 marcas de veículos.
Novidades: Volkswagen anuncia novo ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões na América Latina
Novos softwares e plataformas tecnológicas
Para dar esse salto, a Stellantis anunciou a criação de três novas plataformas de tecnologia, a partir de 2024, movidas por inteligência artificial.
Atualmente, a montadora já oferece atualização dos softwares de seus veículos remotamente pelo ar (do inglês over-the-air, tecnologia conhecida como OTA). Com o avanço dessa tecnologia, pretende oferecer lançamentos ao menos a cada três meses até 2026.
Novos modelos: BMW vai investir R$ 500 milhões em fábrica de Santa Catarina para produzir novas gerações das linhas X3 e X4
Essa tecnologia permite aumentar as opções de recursos e serviços que os motoristas utilizam em seus veículos.
— Esse movimento colocará a Stellantis entre os líderes, senão a líder, em software e eletrônica — disse o diretor de software da montadora Yves Bonnefont.
Com seus recursos de coleta de dados dos veiculos, em 2022, Stellantis lançará um programa de seguros baseado na utilização do carro, que monitora a forma como o motorista dirige. Isso pode baratear o custo, dependendo de seus hábitos de segurança.
Montadoras tentam alcançar Tesla
As montadoras vêm desenvolvendo cada vez mais novas estratégias tecnológicas para seus veículos como forma de rivalizar com a Tesla, montadora americana de veículos elétricos carregados de tecnologia cujo valor de mercado chegou a US$ 1 trilhão recentemente na Nasdaq.
A companhia americana fundada pelo bilionário Elon Musk cresce de forma exponencial e tem deixado as montadoras tradicionais comendo poeira
Estagflação: Inflação trava crescimento da economia brasileira, mostra indicador do Itaú
Os recursos de inteligência artificial e softwares oferecidos por seus veículos contribuíram para que a Tesla chegasse a essa capitalização.
A alemã Volkswagen já revelou que pretende cobrar por recursos de direção autônoma a partir de 7 euros por hora. A General Motors informou recentemente que quer acrescentar US $ 80 bilhões a seu faturamento em novos negócios de tecnologia, como a unidade de veículos autônomos Cruise.
A Ford contratou o ex-chefe do projeto de automóveis da Apple, Doug Field, para desenvolver novos produtos de tecnologia para seus veículos. E a Renault se uniu ao Google para desenvolver novos negócios.
Combustíveis: Petrobras informa que não há decisão sobre preço de combustíveis após Bolsonaro dizer que haveria redução
A Stellantis também anunciou um acordo preliminar para uma parceria com a Foxconn para projetar semicondutores feitos sob medida. A indústria automobilística mundial sofre com a falta dessas peças e entre 10 e 12 milhões de veículos deixarão de ser produzidos este ano no mundo por causa da crise de semicondutores, estima a consultoria BGC.