Todavia, algumas marcas populares já têm seus representantes elétricos. A Nissan tem o Leaf. Inclusive, ele foi o carro 100% elétrico mais vendido em 2021. A Chevrolet tem o Bolt, apesar do chá de sumiço depois dos casos de incêndio. Mas ainda estamos esperando sua reestilização.
A Renault tem o Zoe e daqui a pouco terá o Kwid E-Tech e o Mégane E-Tech (ambos revelados em primeira mão pela Mobiauto). Estamos ansiosos por eles. A Peugeot, por fim, tem o Peugeot 208 e-GT.
A Fiat também quis ter o seu, então trouxe o novo 500e, que já era bem-quisto graças ao seu visual simpático e sofisticado. Dois adjetivos que raramente andam juntos no mundo automotivo.
No entanto, a marca italiana soube cobrar bem caro por essa simpatia do passado. O modelo já está custando R$ 255.990 (/janeiro 2022) na versão única vendida aqui, a Icon. Sabemos que o preço é uma das principais dificuldades para os elétricos pegarem embalo no país, mas, no caso do 500e, a Fiat pesou muito a mão.
Diga-se de passagem, isso ela está fazendo com a linha toda. É questão de meses para não termos mais uma versão da Fiat Strada abaixo dos R$ 100.000, mas vamos deixar isso para outra prosa.
Voltando para o 500e, existe uma lógica que precisa estar bem clara na cabeça do consumidor: se a fabricante aumenta o preço, nós também temos que subir o nível de exigência. Várias coisas poderiam ser relevadas no pequeno elétrico se ele não custasse um quarto de milhão de reais.
Fiat 500e Icon 2022 – Preço: R$ 255.990
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É estiloso, isso não se pode negar
Já repararam como a Fiat sabe fazer carro bonito? Beleza é algo subjetivo e singular, nós jornalistas automotivos não cansamos de dizer isso. Mas mesmo quem não goste do estilo do Fiat 500e não poderá dizer que ele carece de estilo.
Uma questão que vale levantar é que, no Brasil, os consumidores de automóveis ainda têm uma certa mentalidade de que o tamanho interfere na proporção da beleza ou que não vale pagar tanto por um carro pequeno. Será que esse é um dos motivos para os SUVs e picapes fazerem cada vez mais sucesso?
Assim, o mercado de hatches e subcompactos tem perdido espaço a passos largos. Talvez o preço tenha contribuído. O público deve pensar que, já que está pagando caro, que seja pelo menos algo que seja chamativo e gere status.
Esse é um dos motivos para muitos consumidores virarem o nariz para o Fiat 500e. Não há nada de surpreendente nisso. Afinal, ele é um carro de nicho. Uma boa opção para solteiros e para as vagas apertadas de uma cidade grande.
É aquele carro prático e bonito, quase um vestido preto, capaz de salvar uma mulher em qualquer ocasião. Acho que vale o exemplo, pois podemos dizer por empirismo que ele costuma agradar mais o público feminino.
Para trazer um ar premium para o modelo, o logotipo da Fiat foi excluído e não aparece em lugar algum da carroceria, mais ou menos como a Ford faz com Mustang Mach 1 e Bronco Sport. Já a grafia 500e é estampada nas laterais, tampa traseira e falsa grade dianteira.
Bem acertado, de bom gosto, traços delicados e uma sofisticação notável, esse é o Fiat 500e, por fora… Por dentro é outra história.
Mas se olhar direitinho…
É verdade que o 500e tenta fazer o elo entre passado e futuro não apenas na junção de estilo retrô com propulsão 100% elétrica, mas também em detalhes como os botões no lugar de maçanetas internas para abrir as portas. Tudo isso dá um bom charme ao modelo.
Ao mesmo tempo, quando você senta no banco do subcompacto italiano, fica difícil não notar a quantidade de plástico duro no painel, nas portas, no console. Isso é característico da Fiat, uma marca genuinamente generalista. Mas, lembremos, o 500e custa mais de R$ 250.000.
E tem os ajustes do banco. Mesmo o do motorista é todo manual, como o de qualquer carro popular. Do jeito que o marketing da Stellantis é bom, é capaz de vender que faz parte da proposta vintage do carro…
Pelo menos o ar-condicionado é bom. Como o carro é pequeno, refrigera rapidamente. O problema é que sua cabeça ficará esquentando sob a luz do sol num dia de muito calor.
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Como assim? É que colocaram um teto solar para deixar o carro bem charmoso, mas a persiana dele é uma redinha cheia de furos. Num típico dia ensolarado de um país tropical, em que a temperatura passa dos 30°, a luz invadirá e esquentará a cabine mesmo com o vidro fechado.
Calma que ainda não acabou. Tem um vão de um palmo mais ou menos entre o console e o painel sem muita funcionalidade. Não é agradável esteticamente. E se o passageiro deixar algum objeto no chão, não é fácil sair rolando até chegar aos pés do motorista, o que pode até ser perigoso.
Mas nem tudo é ruim. O volante, por exemplo, é um dos pontos altos. A combinação de preto e bege com as costuras destacadas trouxe o ar vintage e elegante que esperamos. A nova central multimídia flutuante de 10,25 polegadas faz o contraponto, trazendo modernidade. A combinação ficou plausível e agradável.
Os bancos dianteiros também merecem destaque. Têm um belo desenho, que se sobressai mais ainda com o acabamento claro. São robustos, macios e acomodam muito bem passageiros de estatura muito baixa ou mediana.
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Espaço: dois é bom, três é demais
No entanto, o conforto dos bancos se perde se um dos ocupantes for muito alto. Meu marido tem 1,90 m e mal podia se mexer que já batia a cabeça no teto, mesmo com a altura do assento na posição mais baixa possível.
Atrás, o banco é mais seco. Apesar de acomodar até duas pessoas (totalizando quatro lugares, o famoso 2+2), o espaço é muito limitado. Só funciona para viagens rápidas ou se os passageiros traseiros forem crianças.
Mas faltaria espaço para as malas, o que só confirma que o 500e é um carro para solteiros ou no máximo um casal com uma criança. E para uso prioritariamente urbano, claro, afinal ele é elétrico. Até aí, tudo bem, tem público.
Vale citar que, nesta nova geração, o 500 ganhou 61 mm de comprimento, 22 mm de entre-eixos, 57 mm de largura e 29 mm de altura. Agora, ele é feito sobre a plataforma Mini BEV, exclusiva para modelos elétricos e usada somente pelo próprio 500e até o momento.
Dimensões: 3.632 mm de comprimento, 2.322 mm de entre-eixos,1.683 mm de largura, 1.527 mm de altura e 185 litros de porta-malas
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Desempenho: um carro para rodar na cidade
Apesar do Fiat 500e desfrutar do benefício que os carros elétricos têm de entregar o torque total na primeira arrancada, os 22,4 kgfm não dão conta de impressionar por muito tempo.
A culpa é dos 118 cv, potência baixa para um carro de proporções pequenas, mas elétrico, o que significa que é mais pesado. São quase 1.300 kg, mesma faixa de um SUV compacto como um Volkswagen T-Cross ou Honda HR-V.
Na cidade, o Fiat 500e vai até bem. Nas avenidas de São Paulo, o máximo permitido é 60 km/h (exceto as marginais, vias expressas onde se pode rodar a até 90 km/h). É claro que ele dá conta. Os mais de 22 kgfm entregues instantaneamente ajudam nos aclives.
Com isso, o subcompacto precisa de 9 segundos para ir de 0 a 100 km/h, o que até é uma boa marca. Já a velocidade máxima é limitada a 150 km/h. No modo Range, ele fica mais ágil, mas ativa a função one pedal, que otimiza o freio regenerativo a fim recuperar a energia das baterias.
Nada contra o sistema em si, é que a da Fiat carece de acertos. Uma rápida tirada de pé do acelerador e temos uma queda muito brusca de velocidade, o que causa muita estranheza até para quem está acostumado com carros elétricos, que dirá quem não tem familiaridade com o recurso. Falta suavidade.
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Outro ponto que merece atenção é que o Fiat 500e não absorve muito bem os impactos. Por ser um carro pequeno e baixo, sente-se muito as irregularidades do asfalto. É preciso tomar cuidado redobrado com os buracos, devido ao seu porte pequeno, e também ter mais jeitinho nas lombadas.
No geral, em poucos momentos falta esperteza na dirigibilidade do Fiat 500e, algumas queixas são levantadas só quando se tenta extrair um pouco mais do modelo em uma velocidade mais alta. Mas, no dia a dia da cidade, o elétrico entrega muito bem o que precisa. E com a vantagem de caber em qualquer vaga.
Motor: elétrico, transversal, dianteiro
Potência: 118 cv
Torque: 22,4 kgfm
Peso/potência: 10,9 kg/cv
Peso/torque: 57,59 kg/kgfm
Câmbio: automático, 1 marcha
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 9 segundos (G)
Velocidade máxima: 150 km/h
Dados técnicos: direção elétrica / suspensão independente McPherson e molas helicoidal (dianteira) e eixo de torção e molas helicoidal (traseira) / freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira) / peso em ordem de marcha: 1.290 kg / carga útil: 400 kg / diâmetro de giro: 9,7 m
Autonomia
Preço e autonomia são os principais motivos para a maioria dos consumidores serem resistentes aos carros 100% elétricos. E o Fiat 500e, além de muito caro para o que oferece, tem uma autonomia de 330 km no ciclo WLTP, menor que a dos concorrentes Renault Zoe (385 km) e Chevrolet Bolt (383 km).
As baterias de 42 KWh foram as principais responsáveis pelo aumento nas proporções e no peso do subcompacto. Ok, 1.290 kg podem não parecer muito, mas são mais de 300 kg a mais do que um Mobi, que tem dimensões parecidas.
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Principais itens de série
Para justificar o preço alto, o Fiat 500e tem uma lista de itens de série extensa. Os itens que mais se destacam são os assistentes de segurança ativa à direção, como alerta de mudança de faixa, reconhecimento de placa e controle de cruzeiro adaptativo.
- 6 Airbags
- AVAS – Alerta sonoro de pedestres (Ativo em velocidade abaixo de 20 km/h)
- Aerofólio traseiro na cor do veículo
- Alarme antifurto
- Apoia-braço central dianteiro com porta-objetos
- Ar-condicionado automático digital com agendamento para pré-climatização
- Aviso visual e sonoro para uso de cinto de segurança para todos os passageiros
- Banco do motorista com ajustes de altura (4 posições) e sistema “easy entry” para o banco traseiro.
- Banco traseiro bi-partido (50/50)
- Bancos em couro bicolor ecológico com grafia exclusiva e logo 500-e
- Brake-light
- Carregador de celular sem fio
- Cabo de carregamento padrão – 1,8 kW monofásico
- Carregamento Wireless para Smartphone (até 15W) com luz indicadora de uso
- Central multimídia Uconnect 10,25 ” (bluetooth:entradas USB (painel frontal e console central;rádio AM-FM; Comandos climatização; Reconhecimento de voz; tela sensível ao toque;Personalização; Wireless Carplay/Android auto)
- Câmera de ré com linhas dinâmicas
- Direção elétrica
- Faróis dianteiros com sistema Welcome Animation.
- Freios com assistente de partida em aclives
- Frenagem de emergência por detecção de obstáculos
- Gancho universal para fixação cadeira criança (ISOFIX) dois atrás e um no banco do passageiro dianteiro
- Keyless – partida do motor por botão + sistema elétrico de abertura e fechamento das portas
- Alerta de permanencia
- Limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro
- Logo 500-e cromado (laterais, tampa traseira e para choque dianteiro)
- Luzes de neblina traseiras
- Maçanetas e retrovisores na cor do veículo
- Monitoramento de ponto cego no retrovisor externo
- Motor elétrico de 87kW (118) cv e 220 Nm torque
- Painel com acabamento na cor do veículo
- Painéis de porta com porta garrafas, porta objetos e porta guarda-chuva.
- Parking assist com sensores de estacionamento 360°
- Piloto automático adaptativo (iACC)
- Porta mala com revestimento em carpete e luz de cortesia
- Pre disposição para carregamento super rápido (até 85kw)
- Quadro de Instrumentos com visor 7″ full digital de alta resolução personalizável com monitoramento das funções do veículo, e integração com multimídia
- Reconhecimento de sinalização em via para limite de velocidade
- Retrovisores externos elétricos
- Rodas de liga leve 16″ (pneus 195/55 R16) com acabamento escurecido (+kit fix & go de reparação)
- Sensor crepuscular e de chuva
- Sistema de ajuste automático para farol alto
- Sistema de ajuste modo de condução (Normal; Range; Sherpa)
- Sistema de navegação inteligente ON BOARD (Mapas by TOM TOM)
- Sistema de som com 6 auto falantes (2 tweetes na coluna dianteira; 2 alto falantes nas portas dianteiras e 2 alto falantes na parte traseira)
- TPMS (sistema de monitoramento pressão dos pneus)
- Teto solar elétrico
- Transmissão automática com comando por botões no painel(Estacionar, Dirigir, Ré, Neutro)
- Vidros elétricos com sistema One Touch
- Volante bicolor em couro multifuncional (controle de Multimídia, assistente de condução e funções do quadro de instrumentos)
- Volante com ajuste de altura e profundidade
- Chave design “Pebble shape”
- CONNECT ME (assinatura opcional) – APP mobile;SOS call; Assistente de condução; Alerta manutenção;Notificação anti furto; Monitoramento de performance e eficiência; atualizações; Alerta de manutenção; Localização remota; 4G Wi-Fi e hotspot)
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Vale a pena comprar o Fiat 500e?
Amigo, se com tudo isso que falamos, você ainda está aqui, significa que cogita pagar R$ 250.000 no Fiat 500e. Sendo assim, pode levar, pois já se trata de sonho, não dá para intervir.
Se você tiver uma altura mediana, for solteiro ou casado sem crianças, gosta do estilo retrô, da agilidade de um subcompacto e da ideia de ser amigo do meio ambiente, com um carro elétrico para uso no dia a dia, já tem meio caminho andado para dar certo. O resto é adaptação.
Agora, se você quer um conselho, daqueles que sabemos que um amigo apaixonado não vai seguir, lá vai: dá uma olhada no Mini Cooper S Elétrico. Custa R$ 239.990, é de uma marca realmente premium (claro que isso significa manutenção e seguro mais caros), é mais esperto (0 a 100 km/h em 7,3 segundos) e faz mais jus ao valor.
Agora, se você já olhou e não se encantou com o 500e, espera mais um pouquinho que o amor da sua vida pode estar para nascer. Clica aqui para ver a lista de carros elétricos que desembarcam no Brasil este ano.
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