A Volvo Cars abriu a pré-venda do seu primeiro carro nascido totalmente elétrico. O C40 Recharge Twin traz um motor elétrico em cada eixo, autonomia de cerca de 450 quilômetros por carga, além do estilo descolado de cupê por R$ 419.950. Neste primeiro lote, a fabricante entregará 200 unidades, que começam a chegar entre a última semana de março e o começo de abril. O lançamento do SUV elétrico será no dia 15 de março.
Além da bandeira elétrica, o C40 é o primeiro modelo “vegano” da marca sueca. A ideia é vender o utilitário com interior 100% sem couro, incluindo o volante, a alavanca da câmbio e o estofamento. Para conhecer o novo Volvo elétrico, o Jornal do Carro foi até o estúdio da gravação ao volante de outro carro eletrificado. Testamos o Porsche Panamera 4S E-Hybrid, versão híbrida plug-in que tem tabela a partir de R$ 649 mil.
Nascido 100% elétrico
O Volvo C40 é irmão do XC40. A plataforma é a mesma CMA (arquitetura modular compacta, em inglês, da Geely/Volvo Cars). Além disso, os dois têm a mesma dianteira. Entretanto, o C40 nasceu para ser somente elétrico. Nesse ponto, a dupla de SUVs já está sintonizada, já que a linha XC40 agora tem apenas versões a eletricidade.
Para o Brasil, o Volvo C40 só terá a configuração mais completa de início, com dois motores elétricos. Porém, na Europa, há opções mais acessíveis que usam apenas um motor elétrico. Os preços das versões Core, Plus e Ultimate por lá vão de 45 mil a 60 mil euros (ou R$ 270 mil e R$ 360 mil, na conversão direta). Dessa forma, o C40 fica abaixo do XC40 Recharge, que custa entre 55 mil e 60 mil euros na região.
A configuração mais completa que vem ao Brasil traz os dois motores elétricos e a bateria de 75 kWh. Entre os equipamentos, há bancos com aquecimento, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de colisão traseira, ar-condicionado de duas zonas com sistema de purificação do ar, acesso sem chave e abertura elétrica do porta-malas, entre muitos outros itens.
O lado vegano
Tal como dissemos, o Volvo C40 descarta o uso de couro e materiais de origem animal. Em vez de farta forração em couro, o SUV-cupê se vale de um tecido misto sintético chamado Mycrotech. Ele mistura polímero (trama plástica) e fibra de seda no revestimento dos bancos, da manopla do câmbio e do volante. Mas, ainda assim, há percepção de luxo.
Nos painéis de porta, também não há madeira, cristais ou materiais emborrachados. Temos uma espécie de acrílico azulado que imita um mapa topográfico de terrenos suecos, além de tecido que se assemelha a feltro, também na cor azul. Essa é a cor dominante: está por todo interior e se estende aos tapetes e assoalho. Bem como é a cor de lançamento, chamada de azul Fjorde em homenagem (de novo) à geografia escandinava.
Outra novidade é o sistema multimídia e de informações, que passa a ser todo do Google. O quadro de instrumentos também é digital e pode reproduzir – além de velocímetro e hodômetro – um mapa em visão panorâmica do Google Maps. Já a tela central, em formato de tablet na vertical, tem sistema Android com conexão 4G, comandos do Google Assistant (inclusive por voz) e multimídia do Google Play.
A conexão com celulares para o Andorid Auto é feita por conexão sem fio ou por uma das três saídas USB Tipo C (não há Apple Carplay disponível, o que pode frustrar clientes e fãs do Apple iPhone). Há ainda uma bandeja de recarga sem fio para smartphones compatíveis, assim como teto solar panorâmico eletrocrômico, que dispensa persiana de tecido para filtrar luz e calor. Segundo a Volvo, a tecnologia permite reduzir 80% do calor na cabine, 95% da luz solar e 99% dos raios UV.
Estilo cupê
No exterior, a novidade do C40 está nos faróis, que usam tecnologia de micro-LEDs individuais, chamada pela Volvo de Pixel Tech. Segundo a marca, são 84 células em cada farol, para ampliar e melhorar a iluminação, sem ofuscar outras pessoas. Fora isso, o C40 se parece muito com o XC40, mas sem o formato botinha, por causa da traseira com estilo cupê.
Contudo, chamar o Volvo C40 de SUV-cupê é forçar um pouco a barra. O próprio nome indica que ele pertence a outro nicho. Está mais para um sucessor do antigo C30, hatch médio vendido uma década atrás. Ao mesmo tempo, o visual tem toques diferentes. As rodas de alumínio de 20″ são fechadas, para ajudar na aerodinâmica e reduzir o consumo. Os pneus dianteiros medem 235/45, enquanto os traseiros tem 255/40.
Por enquanto, só estático
Por ora, nosso contato com o Volvo C40 foi apenas estático. O momento para testá-lo será em março. Mas a promessa é de um modelo bastante dinâmico. Os dois motores elétricos geram um total de 408 cv de potência, e um torque máximo de 67,3 mkgf nas quatro rodas (a tração é integral).
Para comparar, o Porsche Panamera híbrido que aceleramos no caminho até o Volvo não fica distante: o seu motor 3.0 V6 a gasolina (98 octanas) entrega 330 cv e conta com a ajuda de um motor e gerador elétricos que geram 136 cv extras. Assim, o conjunto entrega potência máxima de 462 cv, além de um torque de 45,89 mkgf entre 1.850 rpm a 5.000 rpm), enquanto a parte elétrica gera outros 40,79 mkgf – ou seja, menos que o C40.
Mas o Porsche tem algo mais. O torque combinado vai aos 71,38 mkgf, despejado também nas quatro rodas. Assim, permite uma aceleração de zero a 100 km/h em rápidos 4,4 segundos, graças também ao câmbio PDK de dupla embreagem e oito marchas, Bem como ao ganho esportivo com o pacote Sport Chrono, que estava presente na unidade.
No caso do Volvo C40, a ficha técnica promete aceleração da inércia até os 100 km/h em 4,7 segundos. É quase o mesmo tempo do esportivo da marca alemã. Obviamente, além de mais caro, o Panamera chama muito mais atenção no trânsito. E tem infinitas opções de customização de fábrica, incluindo muito couro a bordo, além de outros materiais de luxo.
2022 será “ano dos elétricos” no Brasil
Sim, os carros eletrificados são objeto de luxo no trânsito e no mercado do Brasil. Eles atualmente correspondem a uma quantidade ínfima da frota do país. Entretanto, tal como projeta a Associação Brasileira do Veículos Elétricos (ABVE), este será o melhor ano histórico para os carros elétricos. O ritmo de emplacamentos será tão intenso quanto em 2021, e o total destes modelos nas ruas vai passar de 100 mil no 2º semestre de 2022.
Em janeiro, o Brasil emplacou 2.558 veículos eletrificados, entre carros de passeio, utilitários e comerciais leves (híbridos, híbridos plug-in e elétricos). O resultado representa uma alta de 93% na comparação com janeiro de 2021. Do total, 367 unidades são de modelos puramente elétricos (alimentados por bateria). Ou seja, 14% das vendas de eletrificados.
Mas, apesar do recorde, os eletrificados respondem por apenas 2,2% dos emplacamentos totais no período (116.801 carros de passeio, segundo a Fenabrave). Neste primeiro mês de 2022, o eletrificado mais vendido foi o Toyota Corolla Cross Hybrid, com 908 unidades. O SUV Volvo XC60 foi o híbrido plug-in mais emplacado. E o elétrico puro campeão é outro Volvo, o XC40 Recharge, com 107 carros.