SEGMENTO EM ALTA Bertoncello crê na popularização dos carros elétricos com a chegada de modelos mais baratos ao mercado. (Crédito: Claudio Gatti )

O Brasil tem atualmente cerca de 1 mil eletropostos públicos (parques, ruas e praças) e semipúblicos (shoppings, supermercados) para recarga de veículos elétricos. Até o final de 2022, o número deverá atingir 3 mil. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Muitas empresas veem no segmento a oportunidade de expandir os negócios com a criação de aplicativos para que os consumidores possam localizar com mais facilidade onde estão instalados os bicos utilizados para o fornecimento de energia. É o caso da Tupinambá Energia, startup de mobilidade urbana. “Estamos nos preparando para acompanhar o crescimento do mercado. Os veículos eletrificados vão se popularizar à medida que novos modelos, com preços mais baixos, cheguem ao consumidor”, disse à DINHEIRO Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá.

A empresa foi a precursora no lançamento de aplicativo para recarga de carros eletrificados no Brasil, em 2019. Segundo Bertoncello, o programa é a cereja do bolo porque auxilia no que é o calcanhar de aquiles da mobilidade de veículos elétricos: o medo de ficar desprovido de energia. Pelo lado do usuário, o app não só mostra o status do ponto em tempo real – se está ocupado ou quebrado, por exemplo –, como também permite a reserva de vagas. “É a garantia de que o motorista vai chegar e usar o equipamento”, disse o CEO.

O aplicativo também tem novidades para o dono do ponto de recarga. “O programa possibilita escolher qual o valor de referência será cobrado pelo uso do equipamento.” A Tupinambá tem mais de 5 mil usuários cadastrados no aplicativo, além de administrar 100 pontos próprios de abastecimento no País. Em janeiro deste ano, recebeu aporte de R$ 10 milhões da Raízen para investimento em rede de recarga. O plano é de nos próximos quatro anos multiplicar por dez a malha existente no País.

Outra startup que começou pequena e hoje está presente em mais de uma centenas de postos é a Easy Volt. Conhecida também como EZVolt, a empresa foi criada em um coworking e hoje tem uma das maiores redes próprias de carregadores no País, com mais de 150 pontos em nove estados — o montante supera os 350 se forem contados os equipamentos localizados em prédios residenciais, foco principal. A companhia oferece a recarga como serviço para veículos de passeio e para frotas corporativas.

NOS CINCO CONTINENTES Aplicativo Plugshare oferece ao cliente a possibilidade de escolher o tipo de carregador, saber se é pago ou gratuito, e conhecer a localização exata do eletroposto. (Crédito:Reprodução)

Além de possibilitar o pagamento da recarga, o aplicativo da bandeira indica a localização e disponibilidade do carregador, desbloqueia e mantém o usuário atualizado sobre notícias do setor. Mais do que isso, oferece um classificado de veículos elétricos, caso o proprietário tenha interesse em trocar de modelo. Em fevereiro, a Easy Volt recebeu aporte de R$ 5 milhões da Vibra Energia, montante que será transformado em participação societária. A antiga BR Distribuidora pretende inaugurar o primeiro ponto de recarga elétrica em um posto de gasolina da companhia até o fim de junho. “A meta é atingir 1 mil pontos até o fim de 2022”, disse Gustavo Tannure, CEO da Easy Volt.

A Voltbras também é referência no segmento. O aplicativo da bandeira permite fazer a reserva do horário e disponibiliza filtro para que o usuário possa buscar o eletroposto com as características desejadas. Um dos diferenciais é que o programa arquiva as sessões de recarga para controle de gastos e de consumo, além de informar a quantidade de dióxido de carbono que deixou de ser liberada na atmosfera com o abastecimento. O app permite o pagamento da recarga por cartão de crédito, a exemplo do que acontece em um aplicativo de transporte individual, como Uber ou 99.

REFERÊNCIA No mercado internacional um dos mais tradicionais apps é o Plugshare, presente nos cinco continentes. O aplicativo possibilita ao cliente conhecer a localização, o horário de funcionamento e até dar opinião sobre o sistema. Mais do que isso, permite ao usuário escolher o tipo de carregador, se é pago ou gratuito, e saber se o eletroposto está situado no estacionamento de um shopping ou de um supermercado, por exemplo, além de estar disponível em mais de dez idiomas.

Apesar da disseminação de aplicativos, Davi Bertoncello, que também é diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, acredita que a tendência será um mercado com poucas opções, para que o usuário não tenha que baixar cinco ou dez apps para sair às ruas. “É tipo iFood e Rappi no ramo da alimentação. Até o Uber Eats desistiu. Uma pessoa normalmente não opera com três ou quatro aplicativos.” Segundo ele, as empresas terão que colocar em prática a interoperabilidade, ou seja, vão passar a exibir os pontos das concorrentes sob acordos comerciais, numa analogia ao roaming praticado pelas companhias de telefonia.



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