O que Caoa Chery Tiggo 3x e Honda Accord híbrido têm em comum? Muito pouco, além de serem automóveis com quatro rodas. Mas há um curiosidade envolvendo os dois modelos. Ambos saíram de linha poucos meses depois de serem lançados.
Com o recente anúncio da Caoa Chery de que o Tiggo 3x deixaria de ser produzido, Autoesporte listou outros casos de carros que ficaram em linha no Brasil por pouco tempo – dois anos, no máximo.
A lista traz desde hatches compactos, passando por SUVs e contempla até uma fabricante que atuou por pouquíssimo tempo no país até encerrar as atividades. Confira:
Caoa Chery Tiggo 3X foi lançado há menos de um ano, mas já saiu de linha — Foto: Divulgação
Se passaram onze meses e alguns dias entre o lançamento do Tiggo 3x e o anúncio que o modelo teve a produção em Jacareí (SP) encerrada. Nesse período, o crossover vendeu pouco mais de 7 mil exemplares. Ele era o Caoa Chery mais vendido do país no acumulado de 2022.
Além do dinheiro investido para modernizar o Tiggo 2, no qual era baseado, o Tiggo 3x ainda trazia um motor 1.0 turboflex inédito na marca. A decisão de tirar o modelo de linha tem a ver com a modernização da fábrica do interior de São Paulo, que ficará fechada por dois anos para a instalação da linha de montagem de veículos híbridos e elétricos.
Chevrolet Sonic tinha visual ousado e bons equipamentos. Mas era muito caro — Foto: Divulgação
O Sonic foi a alternativa encontrada pela Chevrolet em 2012 para preencher a lacuna entre os compactos Onix e Prisma e a família Cruze, de tamanho médio. Importado do México, hatch e sedã tinham bom pacote de equipamentos, mas eram caros e tinham manutenção complexa. Eles eram os únicos na linha Chevrolet a usar o motor 1.6 16V.
Para piorar, na época o Sonic ainda “brigava” com o Tracker pelas restritas cotas de importação do México para o Brasil. Sabemos quem foi o vencedor na disputa interna. Assim, duraram pouco menos de dois anos por aqui, saindo de linha em 2014 com menos de 100 mil exemplares vendidos.
Geely EC7 era um sedã médio com preço de modelo compacto. Mas não fez sucesso (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
A Geely chegou ao Brasil em 2014 pelas mãos do Grupo Gandini, responsável pelas operações da Kia no país. No início, eram dois modelos: o subcompacto GC2, lançado por menos de R$ 30 mil e motor 1.0, e o sedã médio EC7, com motor 1.8 e preço abaixo de R$ 50 mil. Promissor.
Até que o dólar começou a subir e o governo passou a taxar as fabricantes que vendessem acima de uma determinada quantidade de carros sem conteúdo nacional ou produzido no Mercosul. Os Geely, montados no Uruguai com peças chinesas ficariam muito mais caros.
Dessa forma, os importadores resolveram encerrar a operação em 2016 com cerca de 1.000 exemplares de GC2 e EC7 vendidos.
Honda Accord Hybrid ficou em linha no Brasil por cerca de seis meses — Foto: Divulgação
Mais breve do que o Tiggo 3x, só o Honda Accord híbrido. Primeiro carro eletrificado da fabricante no país, ele chegou em agosto de 2021 com consumo homologado na casa dos 17 km/l.
Só que o pequeno lote importado acabou e a Honda decidiu não trazer novas unidades. Autoesporte apurou que o Accord não atende as normas de emissões e ruídos em vigor no Brasil desde o início do ano. Na época, a marca disse que “em função do cenário atual, dependem da disponibilidade de produção para a importação de novos lotes”.
Kia Rio levou uma década para finalmente ser vendido, mas durou menos de dois anos — Foto: Divulgação
As promessas de venda do Kia Rio no Brasil duraram mais tempo do que a venda do hatch compacto no país. Lançado em janeiro de 2020, ele deixou o mercado em novembro de 2021. Nesse curto período, foram exatas 539 unidades emplacadas.
Na época do lançamento, o presidente da Kia do Brasil, José Luiz Gandini afirmou à Autoesporte que tinha confiança de que o câmbio ficaria estável. Não foi isso que aconteceu. Nem mesmo a produção no México, que isenta o veículo dos 35% do imposto de importação fizeram com que o hatch fosse viável.
Lifan X80 foi o último lançamento da fabricante chinesa no Brasil (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
O X80 foi lançado em 2018 prometendo conforto “sete estrelas”. Mas a realidade se mostrou dura com a Lifan. Apesar de ser um SUV grande com preço de modelo médio, o X80 não fez o sucesso esperado.
Com a chegada da pandemia, em 2020, a Lifan passou a reduzir a operação no Brasil. Atualmente, o site e as redes sociais da marca estão desatualizados e não há registros de emplacamentos há mais de um ano. Além disso, quase todas as (poucas) concessionárias ainda listadas no site da empresa já fecharam ou viraram loja de carros multimarcas.
SsangYong Tivoli tinha visual bacana, mas não foi páreo para a concorrência já estabelecida (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Ninguém pode dizer que a SSanYong não tentou prosperar no Brasil. Afinal, foram três tentativas de emplacar os modelos sul-coreanos no mercado brasileiro. Todas falharam.
Na última investida, o principal produto era o SUV compacto Tivoli. Dono de um desenho atrativo, mas pecando pela falta de itens de segurança e desempenho, não fez sucesso. Em julho de 2019, Autoesporte revelou que a SsangYong não importava carros havia três meses, mas que tinha planos de retomar as vendas.
Isso não aconteceu e a própria matriz passou a enfrentar dificuldades. Hoje, enfrenta processo de falência e busca novos donos.
Apollo era a versão da Volkswagen do Ford Verona — Foto: Auto Esporte
O Apollo foi o primeiro “filho” da Autolatina, casamento entre Volkswagen e Ford. Lançado em 1990, ele era nada mais que uma versão com logotipo VW do Ford Verona. As mudanças eram sutis, com um pequeno spoiler embutido na tampa do porta-malas e lanternas escurecidas.
Ao olhar do público, nem o exclusivo motor 1.8 AP, ou mesmo os itens de série que eram opcionais no Verona justificavam investir os 20% extras na comparação com o similar da Ford. No fim das contas, o Apollo saiu de linha dois anos depois, com cerca de 50 mil exemplares vendidos.
Volkswagen Pointer foi fabricado por pouco tempo (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Para não repetir o fiasco do Apollo, a Volkswagen resolveu aumentar as diferenças quando criou o Pointer, cuja base era o Ford Escort. Lançado em 1994, tinha design próprio e oferecia carroceria com quatro portas.
O estilo agradou ao público, bem como os motores 1.8 e 2.0 já com injeção eletrônica. O problema é que o casamento entre Volkswagen e Ford acabou em 1996. Assim, o Pointer saiu de linha cerca de dois anos depois de ter sido lançado.
Bônus: Mercedes-Classe X
Mercedes-Benz Classe X foi vendida por três anos na Europa — Foto: Divulgação
A primeira (e única) picape da Mercedes-Benz conseguiu a proeza de figurar em duas de nossas listas. Além desta, a Classe X também se enquadra como um modelo prometido para o Brasil, mas que nunca foi lançado de forma efetiva.
Desenvolvida em parceria com a aliança Renault-Nissan, a Classe X foi fotografada em testes em São Bernardo do Campo, cidade onde está a fábrica de caminhões da Mercedes. A imprensa especializada também teve contato com o veículo, mas tudo não passou de um plano furado.
Pior. A aliança com Renault e Nissan desandou após vários problemas no processo de adaptação da fábrica de Córdoba, que produziria a picape. Além disso, as baixas vendas fizeram com que a Mercedes desistisse do projeto e encerrasse as vendas em 2020, três anos depois do lançamento.
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