As famílias dos acionistas controladores da Volkswagen pretendem ter maior influência sob a montadora e querem mais voz sobre assuntos estratégicos, em um jogo de poder que ocorre antes da planejada listagem das ações da Porsche, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
As famílias Porsche e Piech, que controlam a holding Porsche SE – que detém a maior parte dos direitos de voto da Volkswagen – esperam devolver o grupo a águas mais calmas após um período turbulento sob o comando do presidente-executivo Herbert Diess, acrescentaram as fontes.
“Eles querem ficar mais de olho na implementação das diretrizes estratégicas”, disse uma pessoa com conhecimento das discussões das famílias à Reuters.
Sob a gestão de Diess, a Volkswagen deu grandes passos em direção à eletrificação, mas seu estilo direto provocou oposição dentro da empresa e às vezes ofuscou suas conquistas, testando a paciência das famílias, disseram as fontes.
A maior influência das famílias já se refletiu na nomeação de Oliver Blume como o próximo presidente-executivo da montadora alemã, um movimento que atraiu a atenção de vários investidores uma vez que ele também permanecerá como chefe da Porsche AG.
Anunciado como o “candidato preferido” do clã Porsche e Piech, Blume deve levar adiante a tão esperada oferta pública inicial de ações (IPO) da Porsche AG, a montadora homônima das famílias que ele lidera desde 2015, disseram as pessoas.
Porsche SE e Volkswagen não comentaram.
O IPO é fundamental para as famílias, pois elas se tornariam acionistas diretas da Porsche AG novamente após a aquisição da montadora pela Volkswagen em 2009, que sucedeu uma tentativa anterior da Porsche AG de comprar a Volkswagen.
“A estrutura do IPO atende principalmente ao interesse das famílias em estreitar ainda mais seu controle sobre a Porsche, e eles não serão dissuadidos desse plano”, disse Hendrik Schmidt, especialista em governança corporativa da DWS, que detém ações tanto da Volkswagen quanto da Porsche.
Manuel Theisen, professor aposentado de administração de empresas da Ludwig-Maximilians-Universidade de Munique e especialista em governança corporativa, disse que essa é uma maneira de recuperar parte da influência das famílias.
“A principal razão é o poder.”