A indústria automobilística brasileira está diante de um grande dilema: qual tecnologia escolher para mover os carros nos próximos anos? Esta é a pergunta que está sendo feita por muitas montadoras que estão negociando com o Ministério do Desenvolvimento Indústria Comércio e Serviços (Mdic) benefícios para o desenvolvimento das novas tecnologias para a segunda fase do programa automotivo Rota 2030. As duas principais opções são o híbrido flex, que utiliza etanol, combustível renovável, e o carro elétrico.

No entanto, a escolha não é simples e envolve diversas questões, como a matriz energética e a acessibilidade do consumidor, além da sustentabilidade e geração de emprego e renda. Os maiores produtores mundiais de veículos, incluindo China, EUA e Europa, já se definiram pelos veículos elétricos, mas no Brasil a maioria das montadoras tende para o híbrido flex, em razão da infraestrutura já existente e por ser uma tecnologia acessível ao consumidor.

Para o Ministério do Desenvolvimento, é importante explorar todas as rotas tecnológicas disponíveis para o processo de descarbonização. Em entrevista ao Estadão, o secretário Uallace Moreira Lima afirmou que a decisão cabe a cada montadora, mas que elas precisam avaliar se a escolha é a melhor para ter competitividade no mercado e contribuir para a descarbonização. Ele defendeu a ideia da sustentabilidade e da qualificação da mão de obra.

Entre as empresas que defendem o híbrido flex está a Toyota, que já produz esse tipo de veículo no país desde 2019. Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, afirmou que o grupo tem diversas tecnologias disponíveis, como híbrida, elétrica e a hidrogênio, mas que a empresa quer colocar no mercado as soluções mais práticas e sustentáveis para cada região. Chang ressaltou que cada tecnologia contribui para o processo de descarbonização, algumas mais que outras, e que cada uma terá uma diferenciação de imposto de acordo com o que entrega.

Por outro lado, defensores dos carros elétricos avaliam que o país pode se isolar dos demais fabricantes e ficar para trás tecnologicamente, com mais uma “jabuticaba”. Oficialmente, apenas a General Motors afirma que, na transição, pretende ir direto para a eletrificação. A aposta pode implicar no isolamento da marca no país, pois nenhuma outra montadora cita prazos para a produção de carros 100% elétricos, que são mais caros que os híbridos em razão do ainda elevado custo da bateria e da alta tecnologia embarcada.

No Brasil, a conta das emissões é feita pelo processo chamado de “poço à roda”, que inclui os impactos ambientais de todo o processo produtivo do combustível a ser usado no carro elétrico, e deixa o etanol à frente de outras tecnologias. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Marcus Vinícius Aguiar, os carros a combustão no Brasil terão vida mais longa do que na China e em países da Europa, porque lá grande parte da energia vem de fontes mais sujas, enquanto as fontes energéticas são renováveis e o uso do etanol ajuda o país a cumprir as regras de emissões, que estão mais atrasadas em relação a esses países.

Fonte: Futuro dos carros no Brasil: montadoras racham entre elétricos e híbridos a etanol

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