Falar de carros elétricos é colocar várias interrogações na cabeça das pessoas. Uma das maiores questões é em relação ao carregamento. Dúvidas de como é feito, onde pode ser carregado, quanto pesa no bolso e tantas outras questões relacionadas à carga de carros elétricos serão respondidas agora.
Esqueça do frentista com a mangueira no tanque e aquele cheiro de combustível exalando. Esse processo é sem dúvida muito rápido, pois em minutos o motorista entra no posto, sai de lá com a autonomia total de seu carro e não precisa, sequer, sair de dentro do veículo.
Essa cena tão comum e cotidiana será cada vez mais rara no futuro com a chegada dos elétricos, que estão ganhando cada vez mais espaço, com um grande apelo para um mundo mais sustentável. No Brasil os carros ecológicos representam apenas 0,05% da frota total do país.
Mesmo sendo um mercado minúsculo, ele já existe e está se estruturando lentamente, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Onde carregar?
O carregamento dos carros elétricos têm suas vantagens, mas a rapidez não é uma delas, tampouco facilidade para achar um ponto de carga no Brasil. Atualmente, temos esses pontos em supermercados, shoppings centers e postos de combustíveis; além de locais privados como empresas e estacionamentos.
Quantos postos têm no Brasil?
No Brasil há mais de 100 postos de recarga, mas a BMW Group Brasil promete que até o final deste ano o número vai aumentar, com 40 novas instalações somente da marca. A Volvo é outra que investe pesado: o fabricante sueco prometeu ter 250 postos.
É possível carregar o carro em casa?
Essa é uma dúvida frequente, mas sim, é possível carregar em casa, seja em tomadas de 110V, 220V ou no Wallbox — carregador que a própria marca disponibiliza para venda.
As tomadas residenciais no Brasil, que são por padrão NBR5410 — aquela de três pontos —, recomendam que as instalações elétricas sigam as seguintes padronizações para as tomadas de uso geral: em 110V, a opção deve ser de 10 amperes ou de 20 amperes, e as de 220V, a capacidade de corrente é de 20A apenas.
“O cálculo para saber o gasto do consumidor residencial é simples. Basta verificar o valor da potência que o seu aparelho tem, em Watt (W). Visto isso, é só multiplicar pela quantidade de horas que seu carro ficou ligado na tomada. Daí então o dono terá o valor em quilowatt-hora (kWh)”, explica Fábio Delatore, professor do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Universitário FEI.
Esses números na prática ficam da seguinte forma: usando como exemplo uma tomada de 110V-20, teremos no máximo 2.200W de potência disponíveis. Deixando o carro ligado por dez horas, teremos ao final, um gasto de 22kWh nesse período.
O preço do kWh varia de estado para estado, mas, de acordo com o ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a média nacional é de R$ 0,56. Sendo assim, o preço do exemplo que demos na tomada de 100V-20 será de R$ 12,32. Para deixar ainda mais claro, a multiplicação é de 22 (kWh) x 0,56 (R$).
Se o mesmo acontecer em uma tomada de 220V-20A, por exemplo, teremos potência máxima de 4.400W. Após dez horas, teremos 44kWh, o que dará uma conta mais elevada, de R$24,64.
A porcentagem de carga que será carregada pelo tempo de horas que ficará na tomada, obviamente, vai depender da bateria do carro, que normalmente são equipados com baterias de 40 e 60 kWh.
Em comparação com as tomadas 220V-20A, o tempo de carga será o dobro no caso da de 110V-20A e o triplo no caso da 110V-10A (que tem potência máxima de 1.100W).
Outro fator que influência na cobrança é a tarifa da bandeira do momento que o carro — ou qualquer objeto elétrico — está sendo carregando, que poder ser: bandeira verde, bandeira amarela e bandeira vermelha. Funciona como um semáforo.
Quando está verde está tudo dentro do normal; quando está amarela é um alerta de cobrança adicional para cada 100 kW/h usados; quando está vermelho a cobrança será ainda mais alta para cada 100 kW/h utilizados. Essas tarifas são descobertas direto com a ANEEL.
Wallbox
O wallbox é o carregador que a marca disponibiliza para o cliente ter uma carga mais rápida. Neste caso, normalmente, 80% da recarga é feita em média entre 6 e 8 horas.
A diferença é que nestes aparelhos a instalação deve ser feita em tomada trifásica, que aguenta maior carga de potência. As redes domésticas, na grande maioria, são monofásicas ou bifásicas, por não precisarem de uma demanda tão grande de energia.
“O que muda na rede trifásica é a quantidade de Watts que ela é capaz de entregar. Tipicamente uma tomada de 220V trifásica em 20 amperes de corrente máxima é capaz de produzir média de 13.200W. Sendo assim, o tempo de recarga do carro será muito mais rápido”, explica Delatore.
O custo neste caso é o mesmo das tomadas convencionais, pois entregará mais potência, mas em tempo bem menor. O custo será mais alto pelo fato de um aparelho destes custar em média R$ 7 mil e pela obra que será necessária para atender uma rede trifásica, já que é pouco comum em residências, como já mencionamos.
Atenção aos plugues!
Nos postos de recarga públicos e privados, normalmente os carregadores são de carga rápida, e carregam, em média 80% em uma hora, quase sempre de forma gratuita. Isso acontece para evitar filas e que o mesmo carro não fique horas carregando.
Em qualquer posto não há cobrança. Por lei, é proibido cobrar qualquer taxa ou tarifa por uso de energia em locais públicos. No caso de shoppings ou estacionamentos, o cliente terá que pagar o preço cobrado no estacionamento, mas não pelo serviço de carregar.
Porém, o motorista deve ter muita atenção em relação aos plugues do veículo.
No mundo, existem três padrões principais: norte-americano, europeu e japonês. Portanto, o motorista pode se deparar com um plugues que não seja igual ao do seu carro em postos de carga e ficar sem bateria. Então é recomendável sempre pesquisar os locais que atendem o tipo de plugues que o carro necessita.
Quanto economiza afinal?
O preços dos carros elétricos ainda são bem mais altos que de modelos a combustão. O elétrico mais barato do Brasil é o JAC iEV20, que está à venda por R$ 119.990.
Porém, mensalmente, o custo de um carro movido por combustível fóssil pode ser cinco vezes maior do que um elétrico.
Além da facilidade de poder carregar em casa e gastar muito menos do que com combustível, outra vantagem é o freio regenerativo. Ele recupera parte da energia gasta, tanto na retirada do pé do acelerador quanto na hora da frenagem, usando essa energia para carregar a bateria sem precisar plugá-lo ao carregador.
Vale lembrar que os híbridos convencionais não precisam ser carregados na tomada, como é o caso do novo Toyota Corolla Hybrid. No caso deles, o pack de baterias é pequeno e o carro não roda mais de 2 km na eletricidade. Porém, como o motor elétrico entra em serviço em várias situações de trânsito, ainda que por pouco tempo, o consumo é bem menor. Apenas o plug-in consegue ir além disso.