De uns anos pra cá, as empresas automobilísticas vem se dedicando bastante ao mercado de carros elétricos, que se diferenciam principalmente por não emitirem tantos gases poluentes como os veículos tradicionais (não estou falando da produção de baterias. Isso é outra história). Uma das empresas nesse meio é a Ford, que adicionou o March-E ao seu portfólio em novembro de 2019.

No entanto, a Ford vem trabalhando com veículos elétricos a mais tempo do que de fato lembramos, e esse artigo serve justamente para recordarmos alguns dos principais “experimentos” da companhia desde o século passado.

Já aviso aqui que este não é um post patrocinado! O objetivo é trazer um pouco da história e curiosidades sobre o mercado de carros elétricos.

 


Começou em 1913, mas não foi fácil…

 

O primeiro contato da empresa – ou melhor, do seu fundador – com carros elétricos foi em 1913. Henry Ford trabalhou em pelo menos dois protótipos de veículo elétrico junto com seu amigo e inventor Thomas Edison.

Notícia

A acusação é de que a competição não seguiu critérios justos

Na época, os dois anunciaram que estavam se dedicando a criar um carro elétrico de baixo custo com peças do modelo T, um veículo mais acessível e movido a gasolina. Porém, esse protótipo não foi pra frente nem foi produzido por uma série de motivos:

1. O sucesso do Modelo T tornou os carros a gasolina mais fáceis de operar;

2. As estradas estavam melhores e o petróleo barato;

3.  A tecnologia de baterias ainda era muito limitada.

Nesse contexto, os carros elétricos tiveram que esperar mais algumas décadas para ganharem as ruas.


Muitas tentativas a partir dos anos 60

Tudo que é bom não dura pra sempre, e não foi diferente com o petróleo no final dos anos 1960. Essa reviravolta no mercado somada ao crescimento das preocupações ambientais, então, renovaram o interesse pelos veículos elétricos na época.

Em 1967, os engenheiros da Ford trabalhavam em um novo protótipo experimental totalmente elétrico chamado Comuta. Ele era alimentado por quatro baterias de chumbo-ácido e conseguia percorrer (com carga total) 64km a no máximo 40km/h. Porém, o carro nunca foi produzido em grande escala.

Em 1979, 12 anos depois da última tentativa, a companhia criou um modelo Fiesta com bateria de níquel-zinco. Esse experimento já via alguns avanços, alcançando até 100km/h em um percurso máximo de 160km. Além disso, as baterias começavam a ser mais eficientes mesmo com um volume menor.

Connecta

O carro podia ser carregado em uma tomada comum!

 

Outro passo importante para a história dos carros elétricos da Ford foi o conceito Connecta, que surgiu em 1991. Sua bateria era composta de sódio e enxofre e a principal diferença era que podia ser carregada através de uma tomada doméstica comum ou especial de 220V. Quando tempo levava para o carro ter 100% de bateria são outros 500…


Começando a aumentar os números: Ecostar e Ranger

Um dos grandes problemas era o preço pra fabricar baterias

Dois anos depois do Connecta, a Ford desenvolveu a van elétrica Ecostar, que seria usada em um programa-piloto de frotas. Foram construídas 80 vans que rodaram mais de 1,6 milhão de quilômetros em variadas cidades pelo mundo.

Infelizmente, o custo das baterias de sódio e enxofre (US$45.000!) não permitiu que a produção seguisse em frente. 

 

Mais tarde, ainda na década de 1990, a empresa teve um bom avanço no quesito custo com uma Ranger elétrica – primeiro veículo elétrico de produção vendido nos Estados Unidos. Mesmo que o preço ainda não estivesse maravilhoso (US$30.000), a maioria das 2.000 caminhonetes produzidas entre 1998 e 2000 foram compradas ou arrendadas para empresas de serviço público e agências governamentais.

A Ranger tinha bateria chumbo-ácida e conseguia chegar a velocidades de 120km/h em um percurso máximo de 96km. Em 1999, a primeira bateria foi substituída por outra de níquel-metal-hidreto que aumentou sua autonomia para 160km.


Entramos nos anos 2000: e-Ka, TH!NK e os híbridos

 

Nos anos 2000, a Ford continuou pesquisando outros tipos de bateria para usar em suas criações elétricas. Em 2001, surgiu o e-Ka – veículo totalmente elétrico com uma bateria de íons de lítio. Ele tinha autonomia de 145km e velocidade máxima de 130km/h.

Um ano depois, veio a dupla TH!NK, que contava com os modelos City e Neighbor. Enquanto o City atingia cerca de 90 km/h por um percurso de 64 a 80km, o Neighbor foi projetado para viagens curtas. Ele alcançava apenas 40km/h por 32km a 48km.

O projeto-piloto contava com 400 unidades. Foram produzidos 7.000 TH!NK Neighbor.

E chegamos aos híbridos

Mesmo com todo esse trabalho, os elétricos ainda não eram acessíveis

 

A coisa toda parece ter avançado bastante desde 1913, mas a Ford ainda não havia lançado um carro elétrico popular e acessível. Então, a atenção se voltou para os híbridos

O primeiro carro desse tipo produzido pela empresa foi o Ford Escape Hybrid (junto com o Mercury Mariner Hybrid), em 2004. Ele foi eleito Utilitário do Ano nos EUA e começou a operar em frotas de táxi na cidade de Nova York.

No ano seguinte surgiu um carro com célula de combustível, que convertia energia química em eletricidade para acionar o motor usando hidrogênio e oxigênio. Ele alcançava 130km/h e sua autonomia chegou a 300km


A partir dali, vieram vários outros modelos até chegar no March-E. Na visão geral do mercado, outras empresas também começaram a investir em veículos elétricos e mais opções chegam a cada dia. Com a degradação ambiental se agravando, Grupos de Defesa tem até pressionado empresas a utilizar carros elétricos para diminuir a produção de poluentes.

Claro, temos toda uma questão sobre de onde vem as peças que constroem esses veículos, assim como a produção das baterias utilizadas neles (que não são tão “limpas” assim). Porém, são pequenas evoluções da tecnologia que vão se somando e, quem sabe, façam bastante diferença.

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