A Fórmula 1 apresentou nesta quinta (15), em Silverstone, na preparação para o GP da Grã-Bretanha, seu carro-conceito para a temporada 2022 em tamanho real. O carro impressiona bastante e tem o objetivo número 1 de tornar as corridas mais empolgantes, com disputas por posição na pista e não apenas nas estratégias de pit stops.
Trata-se de uma visão da própria categoria sobre como deve ser o carro com as novas regras, mas espera-se que as equipes tenham algumas soluções diferentes, dependendo da interpretação de seus projetistas. Para facilitar o entendimento dos leitores do Parabólica, fizemos um resumo de uma reportagem publicada no próprio site da F1 e assinada por Greg Stuart. São 10 pontos-chave que explicam todos os detalhes do novo carro para a temporada 2022.
1. Projetado para melhorar as corridas
O que está impedindo corridas mais próximas atualmente? O efeito da “perda catastrófica de força descendente” resultante do “ar sujo” sendo jogado caoticamente de um carro líder atualmente. As máquinas de F1 atuais perdem 35% de sua força descendente ao correr três comprimentos de carro atrás de um carro da frente (aproximadamente 20 metros, medidos do nariz do carro da frente até o nariz do carro seguinte), enquanto se aproximam o comprimento de um carro (cerca de 10 metros) resulta em uma perda de 47%.
O carro de 2022, desenvolvido pela equipe interna de Motorsports da Fórmula 1 em colaboração com a FIA, e colocando um pesado ônus sobre o fenômeno aerodinâmico conhecido como ‘efeito solo’ reduz esses números para 4% em 20 metros, subindo para apenas 18% a 10 metros.
2. Winglets e as tampas nas rodas
Duas das características marcantes do carro 2022 são os winglets sobre as rodas e um retorno a um recurso visto pela última vez na F1 em 2009 — as tampas das rodas. A F1 optou por uma vedação física para evitar que os engenheiros direcionem intencionalmente o fluxo de ar perturbador para fora das rodas, prejudicando o carro que vêm atrás. Quanto aos winglets sobre as rodas, seu trabalho é ajudar a controlar a esteira que sai dos pneus dianteiros e direcioná-la para longe da asa traseira.
3. Rodas de 18 ” com pneus de perfil baixo
Os novos pneus da Pirelli para essas rodas de 18” foram projetados com o objetivo de reduzir a quantidade de sobreaquecimento dos pneus quando eles deslizam. Os pneus de perfil mais baixo também têm o benefício adicional de reduzir as mudanças de deflexão da parede lateral e o efeito de esteira aerodinâmica resultante que ocorre.
4. Asa dianteira e nariz repensados
Embora as asas dianteiras tenham se tornado progressivamente mais simples nas últimas temporadas, o carro de F1 de 2022 apresentará uma forma de asa dianteira totalmente nova. O trabalho da nova asa dianteira é gerar downforce consistente ao correr atrás de outro carro e garantir que a esteira da roda dianteira seja bem controlada e direcionada para baixo do carro da maneira menos perturbadora.
5. Efeito-solo
O efeito solo ganhou destaque na F1 no final dos anos 1970, com carros projetados na forma de asas de avião invertida, criando enormes quantidades de força descendente. Carros de efeito solo foram posteriormente proibidos no final de 1982 — e o carro de 2022 não é um retorno a essa era. Mas ele traz túneis totalmente moldados sob o piso, em vez do piso escalonado usado atualmente.
A força descendente sob o piso é melhor preservada dentro dos túneis, sem a dependência de arranjos de geometrias geradoras de vórtices sensíveis à esteira — assim, os carros podem andar mais próximos.
6. Asa traseira arredondada
As asas traseiras dos carros atuais direcionam o fluxo de ar para cima, mas também são projetadas para enviar fluxo para fora, deixando o “ar sujo” ali para o carro que vem atrás. Em contraste, a forma e a posição da asa traseira do carro 2022 cria um fluxo de ar rotacional que coleta a esteira da roda traseira e a rola para o fluxo que sai do difusor — formando uma esteira invisível em forma de “cogumelo”. O DRS permanece na asa traseira, mas será objeto de estudo com as novas regras.
7. Motor híbrido
Os motores continuam como em 2021: 1.6 turbo híbrido. Haverá, no entanto, algumas modificações no sistema de combustível, bem como alguns sensores adicionais para permitir que a FIA monitore melhor as chamadas unidades de potência.
8. Combustível mais ecológico
A F1 trabalha para introduzir um combustível totalmente sustentável em um futuro próximo, mas em 2022 haverá apenas um aumento na proporção de bio-componentes, passando de 5,75% para 10%. Ou seja: haverá 10% de etanol na mistura (como se fosse o motor de um carro flex).
O etanol deve ser um biocombustível de segunda geração feito de forma sustentável, o que significa que terá uma pegada de carbono quase zero — uma “etapa provisória” até a Fórmula 1 se alinhar com os regulamentos atuais de combustível para carros de rua.
9. Design pró segurança
O chassi agora precisa absorver 48% e 15% a mais de energia, respectivamente, nos testes de impacto dianteiro e traseiro, bem como maiores forças nos testes de ‘compressão’ estáticos necessários para homologar o chassi e certificar sua resistência.
Devido ao acidente de Romain Grosjean no GP do Bahrain de 2020, os carros agora terão quer ser projetados de forma que, em caso de acidente, o motor se separe do chassi de maneira segura, sem expor o tanque de combustível. Com os reforços estruturais e os pneus mais pesados e mais robustos, houve um aumento de 5% no peso mínimo do carro, passando de 752 kg para 790 kg.
10. 7.500 simulações
A equipe de Motorsports da F1 executou cerca de 7.500 simulações no desenvolvimento do novo carro. Essas simulações também levaram 16,5 milhões de horas para serem resolvidas. O carro de 2022 também foi desenvolvido em sessões exclusivas no túnel de vento da Sauber na Suíça, com 138 configurações experimentadas por mais de dois anos, ou seja, cerca de 100 horas.
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Carro-conceito da Fórmula 1 em 2022
Foto: Fórmula 1 / Divulgação