Saiba quais são os principais motivos que explicam os preços inferiores para manter um veículo com motor eletrificado em relação a um modelo a combustão
O preço do carro elétrico ainda é elevado no mercado brasileiro, mas a sua manutenção é mais barata em comparação ao automóvel com motor a combustão. Os valores mais baixos para manter o veículo com propulsão eletrificada são explicados, principalmente, pelo número bem menor de peças do conjunto mecânico e da inexistência de outros componentes.
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“Os custos podem ser 50% menores em veículos pesados e 30% nos leves”, revela Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). “Os carros elétricos têm cerca de 50 partes móveis, contra de 350 a 400 de um convencional”. Conheça dez motivos para que o automóvel eletrificado seja mais barato de manter.
- Ter um conjunto motriz menos complexo e com menor quantidade de peças é um fator decisivo para pagar menos na hora da manutenção do veículo elétrico. Afinal, ele não possui itens como velas, correias, filtros de combustível e de óleo, engrenagens de câmbio, bielas e virabrequim, simplificando e barateando a revisão. As seis primeiras revisões do Nissan Leaf – lançado no Brasil em 2019 –, por exemplo, saem por R$ 2.810, enquanto as do Nissan Versa, de porte similar, custam R$ 3.078. No caso do Renault Zoe, é preciso desembolsar R$ 3.188 nas revisões até 60 mil quilômetros – R$ 400 a menos que o SUV Duster. Outro exemplo: no Arrizo 5 elétrico, o mesmo número de revisões chega a R$ 2.200, cerca de R$ mil a menos que o Arrizo convencional.
- Esmiuçando um pouco mais: o automóvel com motor a combustão deve trocar, basicamente, óleo e filtro de óleo a cada 10 mil quilômetros rodados, além de itens como vedação do cárter e filtro de combustível. Dependendo do estado do carro, outros serviços são necessários, como verificação ou troca de correia, mangueira de combustível e sistema de embreagem. Nada disso existe em um modelo elétrico. “A economia aumenta ainda mais para quem tem frota, porque a escala é maior”, diz Maluf.
- Quando o motorista tira o pé do acelerador, a velocidade do carro elétrico começa a diminuir, em um trabalho de frenagem automático que ajuda a regenerar a bateria. Dessa forma, o sistema de freio é bem menos exigido e evita o desgaste das pastilhas, item que leva muito mais tempo para ser substituído. Mais economia para o bolso do consumidor.
- A revisão do carro elétrico é menos complicada e demorada. Ela inclui a inspeção das portas de carregamento e dos rotores e uma análise sobre o uso da bateria. Pastilhas de freio, fechaduras, filtro de ar-condicionado, suspensão, dobradiças e trincos também são vistoriados.
- Em média, as concessionárias das marcas desembolsam R$ 200 mil para adequar e digitalizar uma área de suas oficinas destinada à manutenção de veículos elétricos. De quebra, elas precisam de mão de obra especializada e equipamentos específicos, como carregadores de corrente contínua de até 150 kW – que têm capacidade de carga superior – e ferramentas para retirada dos módulos da bateria. Ao contrário do que se imagina, as concessionárias não repassam esse custo extra aos proprietários dos carros, a fim de amortizar o investimento. “Trata-se de uma condição necessária para vender o veículo elétrico”, atesta Antonio Calcagnotto, diretor de relações institucionais, governamentais e de sustentabilidade da Audi do Brasil. “Elas assumem esse gasto na planilha do negócio e não o adicionam na conta da revisão do automóvel do cliente.”
- Segundo Adalberto Maluf, o custo energético do carro elétrico é bem menor, uma vez que ele aproveita 90% da eficiência energética disponível, contra 30% dos automóveis com motor a combustão. “Isso se traduz em custo operacional menor do veículo elétrico, que sofre desgaste muito inferior de seu conjunto motriz”, afirma.
- Estudo do departamento de engenharia da Nissan de 2019 demonstrou que os preços do quilômetro rodado de três modelos da marca – Leaf, March 1.0 e Kicks 1.6 – são de, respectivamente, R$ 0,10, R$ 0,30 e R$ 0,35. Ou seja, dirigir o representante elétrico do trio é, aproximadamente, três vezes mais barato que um modelo com motor a combustão. Recarregar completamente a bateria de um veículo elétrico custa de R$ 8 a R$ 10. Completar com etanol o tanque de um carro que comporta 50 litros não sai por menos de R$ 150.
- Antes, bateria avariada era sinônimo de uma fortuna para arrumar. Na última década, porém, o preço do “coração” dos veículos elétricos caiu 87% – 13% só no último ano. É uma boa notícia para a manutenção, pois o componente representa uma fatia considerável do valor do carro. Quando um módulo da bateria apresenta defeito, o reparo já não causa um susto tão grande. “Hoje, o kWh custa US$ 150. Quando chegar a US$ 100, o carro elétrico será viável para todos os usuários que rodam, ao menos, 30 quilômetros por dia”, calcula Maluf.
- Manter um carro eletrificado não se resume aos gastos com revisões de peças e sistemas nas concessionárias. Deve-se considerar o custo de propriedade que, além da manutenção e do abastecimento, leva em conta o preço do seguro e os impostos, como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que é de 4% sobre o valor do automóvel. “A isenção de IPVA, em alguns Estados, reduz ainda mais o valor para manter o carro elétrico”, diz Calcagnotto. Ele revela que donos de veículos eletrificados de Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Distrito Federal não pagam IPVA. Em Alagoas e Santa Catarina, o valor do imposto é de 2%; e, no Rio de Janeiro, 0,5%.
- O valor do seguro também não é impeditivo para manter um veículo elétrico. Os preços das apólices são parecidos aos de modelos com motor a combustão. “Quase não há relatos de furtos. Como ainda há poucos carros elétricos circulando no País, em caso de roubo eles são facilmente localizados”, salienta o diretor da Audi. “E, em situações de sinistros, eles têm menos peças para reparar.” Segundo Calcagnotto, a tendência é de que as empresas seguradoras reduzam ainda mais os preços das apólices dos eletrificados. O seguro do Audi Q8 e do e-Tron são, praticamente, idênticos. O do SUV sai, em média, R$ 15.200, ao passo que o do e-Tron é avaliado em R$ 15.000.
Números sobre a manutenção do carro elétrico
R$ 2.200 é o valor das revisões até 60 mil quilômetros do Arrizo 5 elétrico, R$ 1.000 a menos que o Arrizo convencional
R$ 200 mil é o investimento médio para adequar uma oficina que faz manutenção do carro elétrico