Boa parte dos automóveis comercializados no Brasil é global, ou seja, está disponível em outros países.
No entanto, isso não significa que os carros sejam iguais, independentemente do local onde são vendidos. Longe disso.
As montadoras adaptam a lista de equipamentos e até a motorização de acordo com fatores como poder aquisitivo, legislação, carga tributária, limites de emissões, custo de produção e preferência dos clientes de cada mercado.
Ou seja: cada nação tem pacotes específicos.
Aqui não é diferente. Uma série de modelos disponíveis e até fabricados em solo brasileiro acaba perdendo alguns itens e recebendo simplificações na comparação com outros países – especialmente os mais desenvolvidos.
Essa é a forma encontrada para manter preços competitivos, ainda mais considerando que uma parcela considerável das peças dos automóveis produzidos aqui ainda é importada e tem cotação em dólar – que tem ficado muito caro ante a desvalorização do real.
Confira cinco veículos que oferecem mais a clientes dos Estados Unidos na comparação com consumidores brasileiros.
Jeep Renegade
No mercado brasileiro, o SUV compacto conta com tração integral e câmbio automático de nove marchas apenas nas configurações turbodiesel, que rendem 170 cv de potência e 35,7 kgfm de torque.
Aqui, as demais versões trazem propulsor 1.8 flex de 139 cv e 19,2 kgfm, com tração dianteira e transmissão automática de seis velocidades.
Os norte-americanos não têm a motorização a diesel. Para compensar, desde a opção de entrada trazem motor 2.4 aspirado a gasolina de 182 cv e 24,5 kgfm, associado à caixa automática de nove marchas.
Além disso, mesmo na configuração mais simples o cliente dos EUA pode escolher o novo 1.3 turbo a gasolina, dotado de injeção direta e capaz de entregar 179 cv e 29 kgfm, acompanhado da mesma transmissão com conversor de torque da alternativa aspirada.
Lá, toda a gama pode vir equipada com tração integral e pacote de segurança que traz controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, farol alto automático, frenagem automática de emergência com alerta de colisão frontal, alertas de ponto cego e tráfego cruzado e assistente de estacionamento semiautônomo.
O nosso Renegade, produzido em Goiana (PE), não dispõe de nenhum desses recursos, porém vai ganhar a alternativa de motorização 1.3 turbinada e flex no ano que vem.
Nos EUA, o utilitário esportivo parte de US$ 22.620 (R$ 106,8 mil no câmbio de sexta-feira) e chega a US$ 29.240 (R$ 148,6 mil). No Brasil, os preços variam entre R$ 81.590 (US$ 16 mil) e R$ 163.990 (R$ 32,6 mil).
Honda HR-V
O SUV compacto é vendido nos Estados Unidos sempre com motor 1.8 aspirado a gasolina de 143 cv e 17,5 kgfm, acompanhado de câmbio CVT.
Aqui, o trem de força é o mesmo, com a diferença de que pode ser abastecido tanto com o derivado do petróleo quanto com etanol. Em nosso mercado, o propulsor de 1,8 litro entrega desempenho parecido: 140 cv e 17,4 kgfm.
Por outro lado, aqui o HR-V também pode ser adquirido com propulsor 1.5 turbo flex de 173 cv e 22,4 kgfm, algo que os norte-americanos não têm.
Para compensar, nos EUA toda a gama do SUV tem opção de tração integral, ao passo que aqui ela é sempre dianteira.
No quesito segurança, o utilitário comercializado no mercado norte-americano também leva vantagem ao disponibilizar, nas versões EX e EX-L, o pacote de assistência Honda Sensing, dotado de frenagem automática de emergência, sistema de mitigação de saída de rodovia, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e assistente de saída de faixa.
No Brasil, a Honda hoje oferece esse pacote apenas para o Accord.
Lá, os preços variam de US$ 21.020 (R$ 106,8 mil) até US$ 25.820 (R$ 131,2 mil), enquanto aqui vão de R$ 93.219 (US$ 18,3 mil) a R$ 141.635 (US$ 27,9 mil).
Os preços informados do HR-V no Brasil são da Tabela Fipe.
Ford EcoSport
Os norte-americanos são ávidos por SUVs e picapes, preferencialmente os de grande porte.
Porém, a Ford avaliou que o pequeno EcoSport tem espaço naquele mercado, com importação da Índia.
Nos EUA, o utilitário esportivo custa de US$ 19.995 (R$ 101,6 mil) a US$ 27.380 (R$ 139,2 mil), enquanto no Brasil os preços variam de R$ 80.490 (US$ 15,8 mil) a R$ 115.190 (US$ 22,7 mil).
Aqui, apenas a versão topo de linha Storm é equipada com tração 4×4 e motor 2.0 flex com injeção direta de 176 cv e 22,5 kgfm, sempre com transmissão automática, ao passo que as demais vêm com propulsor 1.5 de três cilindros, igualmente bicombustível, capaz de render 137 cv e 16,2 kgfm – gerenciado por câmbio manual ou automático.
No mercado norte-americano, por sua vez, todas as configurações são automáticas e podem receber os dois motores disponíveis: 1.0 turbo de 125 cv e 17,3 kgfm e o mesmo 2.0 com injeção direta, também acompanhado de tração nas quatro rodas e ajustado para render 168 cv e 20,6 kgfm. Lá, o combustível é sempre gasolina.
No quesito segurança, desde a versão mais básica o EcoSport dos EUA traz oito airbags e freios a disco nas quatro rodas, além de alerta pós-colisão e câmera traseira – contra apenas duas bolsas infláveis da configuração de entrada do modelo brasileiro.
No Brasil, toda a gama tem discos apenas nos freios dianteiros e os traseiros são a tambor. Em ambos países, controles de estabilidade e tração são itens de série.
Aqui, a partir da versão Titanium Plus o utilitário esportivo passa a ser equipado com sete airbags.
Quanto a itens de conforto e tecnologia, o Eco para o mercado norte-americano também é mais recheado e vem com sensor de chave até na versão mais simples, enquanto a tela da central multimídia disponível para a gama é de oito polegadas, contra sete do carro brasileiro.
Outra diferença: nos Estados Unidos, todas as configurações dispensam estepe e trazem kit de reparo – exclusividade da versão Titanium Plus aqui.
Nissan Kicks
Como no Brasil, nos Estados Unidos o Kicks é sempre equipado com motor 1.6 aspirado, só que lá ele bebe só gasolina e entrega um pouco mais de desempenho: são 124 cv e 15,8 kgfm, ante 114 cv e 15,5 kgfm do modelo flex fabricado e vendido aqui.
Lá fora, a transmissão é sempre CVT e no mercado brasileiro existe opção de câmbio manual.
Os preços do SUV compacto nos EUA variam de US$ 19.070 (R$ 96,9 mil) a US$ 21.320 (R$ 108,4 mil). Aqui, começam em R$ 87.990 (US$ 17,3 mil) e chegam a R$ 117.390 (US$ 23 mil).
Mesmo a configuração mais acessível já oferece frenagem automática com detecção de pedestres, mais alerta de saída de faixa e central multimídia com tela tátil de sete polegadas.
Também conta com airbags frontais, laterais de de cortina – ante airbag duplo do Kicks básico brasileiro, que tem câmbio manual e não oferece controles de tração e estabilidade, disponibilizados somente nas configurações com CVT.
Bolsas laterais e de cortina também são de série apenas nas duas versões mais completas aqui no Brasil.
Nos EUA, o modelo também pode receber opcionalmente sistema de som Bose e bancos dianteiros aquecidos, itens indisponíveis em nosso mercado.
Toyota Corolla
O Corolla vendido e fabricado no Brasil tem a mesma base mecânica e estrutural do modelo norte-americano, que tem visual diferente e conta com versões hatch – indisponíveis em nosso País.
Por dentro, tanto o modelo oferecido nos EUA quanto o comercializado aqui são bastante parecidos, porém lá fora o sedã é mais recheado, independentemente da configuração.
Nos Estados Unidos, os preços sugeridos vão de US$ 19.925 (R$ 101,3 mil) a US$ 28.210 (R$ 134,4 mil), contra uma variação de R$ 114.590 (US$ 22,5 mil) até R$ 154.390 (US$ 30,4 mil em nosso mercado.
No país norte-americano, são três opções de motorização, sempre gerenciadas pelo câmbio CVT, como aqui, e todas a gasolina: 1.8 de 141 cv e 17,4 kgfm; 2.0 de 171 cv e 20,9 kgfm; e 1.8 híbrido de 123 cv.
No Brasil, o sedã dispõe do mesmo propulsor de dois litros, porém flex e ajustado para entregar 177 cv e 21,4 kgfm, enquanto a configuração híbrida também é bicombustível e entrega potência combinada de 122 cv.
O Corolla norte-americano se diferencia por trazer oito airbags em todas as configurações, contra sete do brasileiro.
Até a versão de entrada vem com o pacote safety sense, que inclui frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, assistente de manutenção de faixa, luz alta automática e leitor de placas.
Aqui, somente a configuração mais cara tem o pacote de segurança, que não é tão completo e não conta com a leitura de placas de trânsito.
O modelo vendido nos EUA também dispõe de sistema multimídia com internet 4G dedicada com roteador Wi-Fi, câmera traseira e comandos de voz por meio da assistente virtual Alexa – recursos não oferecidos no Corolla brasileiro.