A tão falada Black Friday começou como o dia que inaugura as compras para o Natal, mas isso lá nos Estados Unidos. Cai sempre na sexta-feira depois do Dia de Ação de Graças, em novembro.
Nesse dia os descontos em vários produtos são realmente generosos, tanto que o movimento nas lojas é intenso. A ideia é desovar os estoques de produtos antigos, para poder vender os mais novos e caros já no dia seguinte.
Por aqui, o termo ainda é relativamente novo, mas está mais para promoções do tipo “o patrão está maluco” – ou seja, as mesmas promoções que são feitas ao longo do ano, em que um pequeno desconto é aplicado ao preço original de venda. Isso quando o desconto é real, pois não é raro o anunciante subir o preço do produto na véspera e aplica o desconto, que no fim das contas é o mesmo valor praticado antes. É o famoso “a metade do dobro”.
A ideia desta coluna não é vender nada para você, meu caro leitor. Mas prometo que apresentarei carros com “descontos” bem generosos. São carros usados que desvalorizam tanto nos primeiros anos que parecem que estão numa eterna Black Friday. Os valores levados em consideração foram retirados da Tabela Fipe.
Citroën C4 Lounge 2015
O Citroën C4 Lounge tem muitas qualidades, como o eficiente motor THP e a farta lista de equipamentos. Por outro lado, é um dos carros com maior desvalorização do país. Enquanto um zero-quilômetro é oferecido por R$ 96 mil, um modelo 2015, que é praticamente o mesmo carro, apenas quatro anos mais velho, é facilmente encontrado por metade desse valor, ou seja, cerca de R$ 48 mil.
Para quem não quer ir tão longe em relação ao ano do carro, consegue um 2017 por cerca de R$ 60 mil, um valor quase 40% menor que o modelo zero-quilômetro.
Nissan Sentra 2016
O Nissan Sentra, um carro tão querido por mim, derrapa feio no quesito desvalorização. Meus seguidores sabem que tenho um 2008 na garagem, que já passou dos 210.000 km e continua firme e forme.
Mesmo sendo de uma geração anterior, a mecânica é basicamente a mesma. Como um carro tão bom perde tanto ao longo dos anos? A resposta está no custo de manutenção, que é de fato um pouco acima da média da categoria. Porém, do jeito que é barato no mercado de usados, continua sendo uma ótima opção para os que compram carros de segunda mão.
A versão mais completa, a SL, sai por pesados R$ 109 mil quando zero-quilômetro. Já a mesma versão desse carro no modelo 2016, ano em que ganhou os importantes controles de estabilidade e tração, custa em média 50% desse valor.
Ford Fusion 2016
O Ford Fusion é um carrão de respeito. Honra a tradição de grandes sedãs que a Ford tem no Brasil, mas causa grandes rombos nos bolsos dos primeiros donos. Isso porque desvaloriza muito, a ponto de um modelo com apenas três anos de uso custar metade de um zero-quilômetro.
A versão mais cara usa um interessante motor híbrido e custa R$ 183 mil quando nova. Já no mercado de usados, a mesma versão do modelo 2016 é facilmente encontrada por menos de R$ 90 mil, o que na verdade dá uma diferença até maior que 50%. É um alerta para quem compra pensando apenas na economia de combustível por ser híbrido.
Mitsubishi ASX 2015
A tão procurada categoria dos SUVs também tem ótimos negócios no mercado de usados. Um deles é o Mitsubishi ASX, que está prestes a completar 10 anos de Brasil na mesma geração. Esse pode ser um dos motivos pelo atual desinteresse pelo modelo zero-quilômetro, o que repercute na forte desvalorização.
Enquanto o modelo novo da versão HPE-S, a mais cara, custa R$ 131 mil, a versão equivalente de 2015, a AWD, custa metade disso, mesmo equipada com os opcionais, teto solar panorâmico e faróis de xenônio. Precisa ter muito desapego financeiro para comprar um ASX zerinho hoje em dia.
Palio Weekend Adventure 2016
Outro carro que está há anos na mesma geração é a perua Palio Weekend. É um carro bem interessante, com ótimo espaço de porta-malas, manutenção simples e suspensão bem adequada às nossas ruas. Porém, tem feito hora extra no mercado de novos. Conheço poucas pessoas que ainda desejam ter um carro desse zero-quilômetro na garagem, e para eles, a Fiat pede R$ 85.600.
Quem não se importa em levar um usado para casa consegue pagar metade disso no mesmo carro com apenas três anos de uso. E quando digo o mesmo, é porque é igualzinho mesmo. Diferentemente dos outros carros citados acima, que estão na mesma geração do novo, mas que já passaram por pequenas mudanças visuais, a Palio Weekend 2016 tem o mesmo desenho de uma novinha, com a vantagem de custar bem mais barato.
Vale pagar a diferença?
Todos são ótimos carros em suas versões mais completas e interessantes. Reparem como a diferença de preço é enorme. Por mais que digam que os carros usados darão problemas mais cedo, convenhamos que jamais alguém gastará a diferença dessa economia com manutenção.
Também temos a economia com IPVA, que será mais barato na mesma proporção, já que esse imposto é um percentual do valor do carro.
Outros podem questionar a desvalorização que esses carros usados terão, pois dei exemplos de modelos que já perderam bastante e sempre tenderão a ter uma desvalorização acima da média. Pois bem: digo que a maior desvalorização, a dos primeiros anos, já aconteceu. Quem comprá-los agora não sofrerá tanto nos próximos anos.