A Volkswagen não esperava, mas a chegada de sua linha de elétricos ID trouxe junto uma nova gama de clientes. 85% das reservas feitas para o ID.3, primeiro elétrico da montadora, são de novos clientes da VW. Ou seja, das 37 mil reservas, cerca de 31.500 foram de pessoas que nunca tiveram um VW antes.
Isso é um contraste que chamou a atenção da Volkswagen. O Golf, em termos de dimensões, é o equivalente a combustão do ID.3. E no caso dele, carro mais vendido da marca há anos, 85% dos compradores já são proprietários de um Volkswagen.
“O ID.3 se destacou com uma população que é mais jovem do que a média do consumidor da VW, que é de cerca de 58 anos”, destacou Jürgen Stackmann, chefe de vendas da marca VW dentro do grupo. Apesar dos problemas de software que levaram a um atraso nas entregas – elas começam em setembro – a ambição é grande. A empresa quer superar a Tesla e se tornar a maior fabricante de carros elétricos no mundo.
Segundo Stackmann, desde que a VW abriu os pedidos do ID.3 nos concessionários, no dia 24 de julho, o hatch elétrico superou o Golf e se tornou o carro mais vendido no varejo na Alemanha. O desapontamento do executivo vem do fato de que 85% dos pedidos de elétricos foram de clientes homens, mantendo o padrão da marca como um todo.
“Eu esperava ter uma parcela maior de mulheres”, reforçou. Outro detalhe que o executivo pontou foi que a maioria dos pedidos foram de compradores de áreas urbanas e de subúrbios, ao invés de regiões “rurais”, nas quais seriam mais fáceis instalar um ponto de recarga em casa.
Em relação ao estilo de vida dos clientes que adquiriram um ID.3, eles são “techies”. Ou seja, pessoas ligadas a tecnologias, inovação e novidades. Além disso, o elétrico será o segundo carro da casa, disse Stackmann.
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Atrasos do ID.3 não mudam a expectativa de vendas
Apesar do atraso na produção e na entrega, por causa do coronavírus e um defeito no software, a VW mantém a projeção de entregas. Segundo Stackmann, a empresa estima entregar entre 60 mil e 70 mil carros elétricos e produzir cerca de 100 mil unidades do ID.3 e do ID.4 – primeiro SUV elétrico da VW. Como comparação, a Tesla vendeu 90 mil carros no último trimestre.
Eletrificados também esgotaram
Além do sucesso do ID.3, Stackmann afirmou que as versões eletrificadas de Golf e Up!, o eGolf e o eUp! também já estão esgotadas. Isso, ajudou a VW evitar multas por parte da União Europeia, que impôs rígidos limites de emissões de poluentes as montadas no continente.
Desde o caso do Dieselgate, o Grupo VW está focado em acelerar a eletrificação de sua gama total. Além dos elétricos de alto valor agregado das marcas de luxo, como Audi e Porsche, que estão nas ruas já, a empresa vem investindo nas marcas mais “populares”, como a própria VW.
Além disso, tenta abrir tentáculos na China. Para isso, estaria tentando comprar a divisão de carros elétricos da JAC Motors, a Anhui Jianghuai Automobile Group Holding. O valor seria de cerca de R$ 2,5 bilhões na conversão atual. Também na China, estaria buscando se tornar o principal acionista da fabricante de baterias de carros elétricos Guoxuan High-tech Co Ltd.
Qual o foco da VW com a compra?
O movimento da Volkswagen foca em duas coisas. Manter a liderança no mercado chinês como maior fabricante estrangeira, mesmo em meio as quedas nas vendas por conta da pandemia de coronavírus é a primeira. A segunda é fincar os pés também no segmento de elétricos no País em que mais deve crescer a demanda por elétricos nos próximos anos.
Com 25 milhões de veículos vendidos no País em 2019, o governo estipulou, antes da chegada da crise de saúde e sanitária, que até 2025 25% das vendas anuais precisam ser de veículos com “novas formas de energia”. Ou seja, elétricos e híbridos.
A negociação da Volkswagen é a mais recente que ocorre após um movimento do governo chinês em liberar a compra de empresas chinesas por estrangeiras e também de permitir que elas operem no país sem uma joint venture com montadoras locais. A BMW já assumiu o controle de sua maior joint-venture chinesa, a Brilliance em 2019.