Circula a notícia de que a fabricante chinesa de carros elétricos BYD pretende instalar uma fábrica no Brasil a partir de 2023. O lugar escolhido seria Camaçari, na Bahia, onde a Ford produzia alguns de seus modelos, mas se analisam outras opções. Pode ser o primeiro movimento firme na próxima revolução do mercado automobilístico brasileiro. Embora esteja atrasado na eletrificação de sua frota em comparação com outras partes do mundo, o Brasil pode dar um salto de gigante quando modelos elétricos começarem a ser produzidos localmente e ofertados por um preço mais competitivo por aqui. A esperança pode vir da BYD, que está se destacando no mercado mundial graças ao design de seus produtos e a soluções tecnológicas importantes como a bateria de íon-lítio Blade, que permite o recarregamento de 30% a 80% do veículo em apenas meia hora em uma tomada de 110 kW. A marca lidera o mercado chinês e rivaliza com a Tesla mundialmente.
A BYD, sigla para Build Your Dreams ou “construa seus sonhos”, começou a vender seus veículos no Brasil no final do ano passado e ao longo de 2022 pretende abrir 45 concessionárias em todo o País. Antes de instalar uma fábrica, ela espera bater a meta de comercializar 10 mil carros por ano no mercado local. Os carros de passeio que chegam por aqui ainda estão acima do R$ 500 mil, como o sedã elétrico Han ou o SUV Tan, ambos com desempenho de superesportivos, capazes de ir de 0 a 100 quilômetros por hora em 4,6 segundos. Mas o plano chinês é ganhar escala, extrapolar o segmento de luxo e trazer modelos compactos para começar realmente a ganhar espaço dos carros com motores à combustão no mercado brasileiro. A Byd é uma empresa fundada em 2002, criada para produzir baterias e hoje totalmente especializada em veículos elétricos.
Os chineses demoraram para desenvolver a produção e o mercado de veículos a combustão, mas nos modelos elétricos eles assumiram uma espetacular dianteira mundial. Mesmo as baterias dos carros da Tesla, como o Model 3, são compradas na China, da fabricante CATL. A BYD ocupa o quarto lugar entre os fabricantes de baterias e hoje representa uma grande esperança de popularização dos modelos elétricos em todo o mundo. Seus custos de produção são menores do que o dos concorrentes e sua tecnologia, altamente desenvolvida. Com preço entre 45 mil e 55 mil euros no mercado europeu, a marca tem abocanhado participações da Tesla em vários países, como a Noruega, por exemplo, onde 60% dos carros novos vendidos já são elétricos. No Brasil, estão sendo dados pequenos passos e o mercado só vai realmente mudar quando surgirem modelos pequenos movidos a eletricidade com preço entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. E a BYD poderá fazer essa pequena revolução.