Caros leitores, digníssimas leitoras: apesar de o mercado automotivo registrar, até o dia 28 de setembro, uma queda acumulada de 32,9% sobre o mesmo período do ano passado, alguns nichos estão indo muito bem, obrigado!
Um dos setores que abordamos há duas semanas foi o mercado de carros de luxo, que é praticamente imunes a crises. Outro que vem mostrando sua força é o segmento de carros elétricos/híbridos.
Neste ano, o mercado de carros híbridos deverá fechar o acumulado de janeiro a setembro com cerca de 13,5 mil veículos vendidos, o que representaria um crescimento de 148% sobre o mesmo período do ano passado, quando 5,4 mil carros foram comercializados nesse período de 2019.
Esse crescimento (que também já abordamos) tem um grande culpado, que é a Toyota! Mas, desta vez, vamos detalhar um pouco mais este mercado.
Primeiramente, caro leitor, o que vem acontecendo com o mercado de veículos (no tocante à mudança do tipo de combustível usado), foi o que aconteceu há umas duas décadas atrás com o setor de telefonia.
Se você tiver mais de 35 anos, deve se lembrar deles:
Após a Lei Geral das Comunicações e a privatização das estatais, os preços das ligações despencaram. Para não ir muito longe, em 2012, um minuto de ligação interurbana chegava a custar R$ 3,48. Hoje, a Vivo, no fixo, cobra R$ 0,15 e dá pra falar durante 23 minutos.
Da mesma forma que o celular “TOP” da época (o Motorola DynaTAC 8000X) custaria hoje por volta de US$ 10 mil. Em 1992, quando a telefonia móvel chegou no Rio Grande do Sul, por exemplo, foram habilitados apenas 4 mil assinantes. Em 1993, o volume de assinantes saltou para 20 mil.
Ou seja, o produto telefonia (e aparelho celular) começou a ganhar corpo e acabou se popularizando. O que era um serviço para pessoas de alto poder aquisitivo acabou se popularizando e se tornando acessível ao longo destes últimos 25 anos.
O paralelo aqui com os carros elétricos/híbridos é o mesmo.
Pegando as 10 principais marcas do mercado automotivo, que representam 93% do setor, a penetração deste tipo de veículo é assim:
Percebemos que a única que se sobressai é a Toyota (olha aí a Toyota com as suas “toyotices”). As demais marcas praticamente não possuem veículos com esse tipo de motorização.
Logicamente, você vai me dizer que tem a GM com o Bolt, a VW com o seu Golf elétrico ou até mesmo a Renault com o Zoe. O que as três marcas têm em comum é que elas utilizam aquele conceito máximo “vampetiano”: “Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo.” Ou seja, elas ofertam o produto, mas – sinceramente – sabemos que é tudo na brincadeira…
Mas vamos olhar o conceito de carros elétricos/híbridos de uma forma diferente.
A pergunta que fizemos foi: quais são as marcas com a maior penetração de carros elétricos/híbridos nas suas vendas neste ano?
E aí, quando fizemos um top 10 das marcas com maior penetração neste tipo de veículos, obtivemos o seguinte resultado:
Das 10 marcas que encontramos, tivemos, por exemplo, uma Lexus, com 99,6% dos seus carros vendidos sendo elétricos/híbridos. Temos também uma JAC, com 10% das suas vendas neste tipo de motorização. Mas todos sabem que as duas são “café-com-leite” por aqui. Então, vamos tratar das outras.
A Toyota deu pau em todas, tendo um dos carros mais acessíveis, o Corolla híbrido, além do sucesso da RAV4 – já o Prius… é feio demais! A montadora japonesa tem os dois carros mais vendidos neste tipo de motorização.
Mas o que chamou a nossa atenção foi a Porsche, em que 20% dos seus carros são em plataforma hibrida/elétrica. E a grande surpresa de todos foi com a Volvo: a marca sueca cravou 40% de todos os seus carros vendidos neste tipo de motorização.
Para sabermos um pouco mais sobre isso, decidimos conversar com o pessoal da Volvo. Mas não com o pessoal da montadora. Fomos atrás do pessoal das concessionárias, que está lá com a barriga no balcão, para sabermos mais sobre a percepção do cliente.
Falamos com Rodrigo Faria, presidente da ABRAV (Associação Brasileira dos concessionários Volvo), além de ser titular da concessionária Toriba Volvo, entre outras marcas.
Tivemos um bate-papo super produtivo – apesar dele ser corintiano. Um dos pontos comentados foi que os concessionários Volvo aqui do Brasil abraçaram a causa da montadora quando ela anunciou que um dos seus pilares de crescimento mundial seria a eletrificação dos veículos.
E convenhamos… para nós, quando a “gringaiada” chegou dizendo que seria tudo elétrico daqui para frente, era mais ou menos como se encontrássemos um jabuti sobre a árvore!
Mas o resultado dessa iniciativa arrojada da Volvo foi o investimento maciço dos concessionários em novos padrões e instalações para lançar o novo negócio que vem se tornando o mercado de automóveis com a eletrificação dos veículos.
Um exemplo é a nova onda de investimentos que a rede de concessionários vem fazendo no seu pós-venda para atender a nova demanda de manutenção das baterias – na substituição das células da bateria, e não mais em toda bateria.
A Volvo entrou num jogo sem volta! Segundo Faria, a partir do segundo trimestre do ano que vem, 100% dos carros comercializados no Brasil serão híbridos/eletrificados.
Ele também diz que os concessionários estão começando a ter dificuldade em vender um carro que não seja elétrico/híbrido. Isso porque os carros Volvo estão altamente vinculados com o conceito de carros elétricos/híbridos.
A moral da história de tudo isso é que o mercado de carros híbridos vem seguindo uma trajetória parecida com a da telefonia.
Ela era um produto caro e elitista, que registrou um crescimento contínuo ao longo do tempo, até que a situação se consolidou de vez e de forma acessível.
As marcas de luxo são as primeiras a abraçarem a causa, e a Volvo está aí para mostrar que o futuro (dela) é eletrificado.
Podemos discutir aqui como serão esses novos veículos: 100% elétricos, dupla motorização, via plug-in e sem plug-in. Ou, então, se teremos um sistema capaz de carregar os veículos de forma mais rápida, ou se teremos energia elétrica para esses veículos. As dúvidas são muitas.
A única certeza que podemos ter é que a motorização dos carros será elétrica/híbrida. Se será amanhã ou daqui uma década, não sabemos… mas que será, será!
Já para as marcas de volume aqui no Brasil, é só elas imitarem a Toyota (já que ela é a marca número 1 do benchmarking de todas elas) para acelerarem o processo!
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