Desde que a Toyota apresentou a nova geração do Corolla, trazendo duas versões Altis com o mesmo preço de R$ 124.990, uma dúvida passou a frequentar os corações e mentes das pessoas que pretendem comprar o sedã japonês. De um lado, o Corolla Altis Hybrid, com motor 1.8 e dois motores elétricos. De outro, o Corolla Altis Premium, com um novo motor 2.0 de 177 cavalos. É normal que muitas dúvidas surjam na cabeça dos consumidores, pois os dois carros trazem muitas novidades.
Para tentar ajudar o consumidor a tirar essas dúvidas, vamos analisar o Corolla Hybrid, que significa uma mudança radical de atitude na posse de um automóvel. Mas, para isso, começamos falando do novo Corolla 2.0. A primeira coisa que se deve saber é que o Corolla Altis Premium vem mais equipado do que o Corolla Altis Hybrid. O pacote premium inclui acabamento interno em couro bege e marrom, maçanetas internas na cor prata, ar-condicionado dual zone, banco do motorista com regulagem elétrica (oito ajustes), sensor de chuva, teto solar e retrovisores externos com rebatimento automático. Também é possível ter todos esses equipamentos no Corolla Altis Hybrid, porém o pacote custa R$ 6.000.
Para além disso, o Corolla Altis Premium 2.0 traz um acréscimo de 33 cavalos na potência, em relação ao antigo Corolla, e ainda um complexo câmbio CVT de dez marchas, no qual a primeira é por engrenagem e as demais são por polias. Ele tem borboleta no volante para permitir a simulação de trocas manuais (câmbio CVT não tem marchas, é uma só). Então, a grande diferença mesmo é dirigir um carro muito potente, que vai garantir mais segurança para as ultrapassagens nas estradas.
Agora vamos falar do Corolla Altis Hybrid. O sistema híbrido é formado por um novo motor 1.8 de 101 cv e dois motores elétricos que somam 72 cv. Mas a combinação da potência total não é a soma dos três motores, e sim uma equação técnica que resulta em 123 cavalos. Não é muita coisa, para o porte do carro. E aqui você já começa a saber se tem o perfil para comprar o novo Toyota Corolla Altis Hybrid. Se o seu perfil é o de andar rápido na estrada, esqueça o Corolla híbrido. Ele ganhou apenas nota 2 (de 5) em nosso teste de desempenho. Tem um desempenho apenas médio. Da mesma forma, o Corolla Hybrid não é muito indicado para quem viaja muito, pois o sistema é mais eficiente quando roda na cidade.
Como um carro pode ser mais econômico na cidade do que na estrada? Simples. Na estrada, normalmente o motorista está pedindo potência para o motor, em ultrapassagens, nas subidas etc. Portanto, a partir de uma certa velocidade, o sistema híbrido (que é inteligente) conclui que o motorista precisa de potência e faz entrar em funcionamento o motor a combustão interna. No caso do Corolla Hybrid, o consumo é potencializado porque o motor a combustão tem apenas 101 cavalos de potência — então, passa a trabalhar em regimes de giros mais altos.
Para quem roda mais na cidade, o Corolla híbrido é indicado. Apesar de os números oficiais apontarem 14,5 km/l na estrada e 15,3 km/l na cidade, ele faz muito mais. Dá para fazer mais de 20 km/l na cidade com o Corolla Altis Hybrid, seguindo o Instituto Mauá. Se você dirigir com a consciência que um carro híbrido sugere dá para ser ainda mais econômico. Ou seja: acelerar de forma suave, controlar no quadro de instrumentos se o ponteiro está dentro da margem Charge (carregando as baterias) ou Eco (usando apenas eletricidade) e evitar ao máximo que o ponteiro fique dentro da margem Power (quando ligar o motor a combustão). Parece complexo? Não é. Como dissemos, o carro é inteligente. Ele até pode usar combustível em alguns momentos, mas é para manter as baterias com a quantidade de energia elétrica suficiente para a próxima necessidade real — em pequenas manobras, em engarrafamentos de trânsito, em locais com ritmo lento.
O Toyota Corolla Altis Hybrid não precisa ser plugado na tomada elétrica. Carros que exigem essa tarefa são 100% elétricos ou híbridos plug-in. O Corolla é um híbrido convencional, ou seja, o próprio uso do carro carrega as baterias elétricas. E isso é feito em dois momentos: nas frenagens e nas desacelerações. É o mesmo sistema que foi introduzido há alguns anos nas corridas de Fórmula 1 e ficou conhecido como Kers (de regeneração de energia).
Além desse lado prático, o Corolla Hybrid é indicado para quem tem uma postura diferente em relação ao meio-ambiente. É comprovado cientificamente que o aquecimento global provoca efeitos devastadores no clima do planeta. O resultado é um clima cada vez mais imprevisível, com calor em locais e épocas de frio, com frio em locais e épocas de calor, com oscilações muito grandes de temperatura em curtos períodos de tempo e, principalmente, com queimadas e tempestades devastadoras, provocando inundações, doenças, mortes e penúria social devido ao elevado número de pessoas desabrigadas. A indústria automobilística não é a única e estudos indicam que não é sequer a principal culpada desse aquecimento, mas ela faz parte do sistema — portanto, procura atuar para reduzir os estragos causados por sua parte. Comprar um carro eletrificado significa emissão zero de gás carbônico sempre que o sistema híbrido estiver em funcionamento. É a parte que cabe aos consumidores conscientes.
De forma surpreendente, a Toyota fez a sua parte e conseguiu oferecer ao público brasileiro um carro híbrido com o mesmo preço e qualidade de seu carro convencional topo de linha. Em termos de dirigibilidade, embora seja mais lento, o carro não é uma tartaruga, pois, na necessidade de potência, o sistema inteiro funciona com uma vantagem: o torque da parte elétrica é 100% disponível. Claro que o Corolla Hybrid não tem sequer opção de mudança de marcha manual (não tem borboleta nem alavanca). Mas, na boa, troca de marcha em carro com câmbio CVT não passa de uma firula para quebrar o tédio da transmissão continuamente variável. Nesse aspecto, o Altis Hybrid é mais “honesto” do que o Altis Premium, pois assume seu compromisso de ter um câmbio voltado ao consumo e não inventa nada para modificar isso.
Portanto, resumindo, o Toyota Corolla Altis Hybrid é um carro para pessoas exigentes em termos de conforto e sofisticação, que desejam um carro com alto nível de segurança, com excelente acerto de suspensão, com grande porta-malas, que esteja bem conectado, que rode mais na cidade do que na estrada (ou que rode em velocidades moderadas na estrada) e que pretende ter um pequeno papel nesse novo paradigma dos carros eletrificados, uma história que está apenas começando no Brasil.