Não é só você que sofre com as altas temperaturas. Eletrônicos também enfrentam as consequências do calor, que diminui o tempo de vida útil dos semicondutores (basicamente, os chips) e faz com que as baterias se degradem, ficando com ciclos de carga mais curtos. Celulares e tablets esquecidos dentro de carros ou deixados diretamente sob o sol sofrem danos nos componentes internos e, em alguns casos, podem até parar de funcionar. Equipamentos que utilizam coolers para refrigeração trabalham até pifar e até mesmo a rede elétrica se torna menos eficiente.

“Em casos extremos, o calor pode causar desligamentos e travamentos repentinos, chegando até mesmo a provocar a queima do aparelho”, aponta João Carlos Lopes Fernandes, professor do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia.

Três soluções ajudam a resolver o problema rapidamente:

  • usar coolers externos (ventoinhas)
  • manter os aparelhos em área arejada, com bom fluxo de ar
  • evitar usar notebooks na cama ou em superfícies que retêm o calor, como tecidos

Luz do sol e umidade

Outro ponto que merece atenção é a incidência direta de luz solar sobre aparelhos. Isso vale para todas as épocas do ano, mas tende a ser uma situação recorrente na primavera e no verão. Além de fazer com que os aparelhos esquentem mais, a luz solar também causa outros efeitos indesejados.

“Os raios ultravioletas degradam plásticos e, em casos extremos, podem afetar a transparência das telas de aparelhos como celulares”, explica Luiz Carlos Kretly, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp.

A umidade do ar também é um problema, porque causa oxidação prematura dos componentes, mas isso fica mais grave se combinado com a poeira acumulada no interior dos aparelhos.

Isso pode ser resolvido de maneira simples: limpando os aparelhos com frequência para evitar o acúmulo de pó.

As oscilações de temperatura provocadas pela utilização de equipamentos de refrigeração, como ar-condicionado, não chegam a afetar os aparelhos. “O choque térmico pode provocar stress nos componentes, mas isso não é algo que mereça preocupação ou que influencie na vida útil de um aparelho mais do que a exposição ao calor intenso”, salienta Kretly.

Dicas

  • Evite o calor acumulado, como deixar o gadget dentro do carro, diretamente sob o sol ou em superfícies metálicas durante longos períodos
  • Sob calor intenso, desligue o wi-fi, 3G e sistema de geolocalização, que aquecem ainda o aparelho
  • Desligue imediatamente o celular em caso de superaquecimento; se for um computador, tire a bateria
  • Leve o gadget a um local de temperatura mais amene, mas nunca recorra soluções drásticas para esfriá-lo (como usar a geladeira)
  • Ligue o aparelho apenas depois de ele voltar à temperatura normal
  • Descubra a temperatura máxima suportada pelo gadget (isso vem no manual)

Danos

Com o superaquecimento do eletrônico, componentes sensíveis são os primeiros a sofrerem danos. Por exemplo:

  • Na tela LCD, há risco de que o cristal líquido “vaze”, deixando pontos negros no visor.
  • Smartphones podem trazer uma camada de cola para fixação da tela touch, que derrete a 100°C e estraga o visor
  • Celulares mais antigos podem ter a bateria danificada: há casos em que incham e têm de ser descartadas.
  • Apesar de raro, pode ocorrer dano estético, como a superfície plástica enrugar ou tampa traseira entortar

A possibilidade de acidentes como explosão ou incêndio são remotas. “Os fabricantes fazem uma série de testes em situações extremas para desenvolver os aparelhos, além de seguirem uma série de normas de segurança”, diz Rodrigo Filev, professor de ciência da computação do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana). “O ruim é o calor acumulado. Por exemplo, a temperatura alta atingida dentro de um carro sob o sol”, explica.

Em contrapartida, usar o aparelho em um ponto de ônibus em um dia de calor forte não seria capaz de fazê-lo superaquecer — o ambiente aberto favorece alguma dissipação do calor.

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