O que empresas como Samsung, Sony e LG fazem que impactam você? Provavelmente você vai citar TVs, celulares, equipamentos de áudio, eletrodomésticos, videogames e afins. Mas, pelo que foi mostrado na CES 2020, você em breve poderá falar também de carros.
Pois é. Essas empresas, que teoricamente não têm muito a ver com automóveis, também querem entrar nesse ramo. No evento deste ano, cada uma apresentou diferentes produtos relacionados a veículos, sejam eles conceitos ou mais próximos de virar realidade.
A tendência, provavelmente, se espalhará por outras empresas de tecnologia —algumas já estão trabalhando nisso, como Google, Uber e Apple. E isso pressionará as montadoras, que perderão o privilégio de serem as únicas fabricantes de automóveis e ganharão concorrência de gigantes.
Até por isso, algumas delas estão fazendo o inverso e invadindo a área de tecnologia, como a Toyota, com sua ideia de construir uma cidade inteligente.
Por que elas estão fazendo isso?
As empresas de tecnologia perceberam, nos últimos anos, que carros deixaram de ser aqueles produtos como conhecemos atualmente, em que só eram modificadas coisas como potência, motores, câmbios e outras características dessa indústria. O carro irá muito além disso.
Graças a avanços em áreas como conectividade (com o 5G), em sensores de mapeamento, eletrificação e inteligência artificial, o carro virou uma “tecnologia”. Mais do que isso: é a próxima tendência em tecnologia que todos apostam na mudança, não um chute no vácuo que pode ou não dar certo.
Não é à toa que a Sony, em sua conferência na CES, disse que o smartphone foi a grande megatendência da última década e que a próxima é a mobilidade. O pensamento é: se o Google está nisso e pode fazer, por que não eu?
LG e Samsung também colocaram carros como parte central de suas conferências principais na CES deste ano. Não foi a primeira vez, já que nos últimos anos as empresas têm aumentado o olhar para carros. Mas, neste ano, protótipos e conceitos dessas marcas se tornaram físicos para provar que não estão para brincadeira.
O que elas mostraram
O mais bacana entre os que eu vi foi o da LG— apesar de que ainda é um conceito e sem previsão nenhuma de chegar às ruas.
O automóvel da companhia é um autônomo com espaço para oito pessoas sentarem —sem sequer lugar para motoristas, claro. Ele é visto como uma solução para mobilidade e para compartilhamento de veículos —pode ir parar em empresas como a Uber no futuro.
Ele conta com reconhecimento facial por fora para liberar a porta e, dentro, rola uma experiência personalizada. Cada assento conta com oito alto-falantes e a ideia é que você possa continuar o filme que estava vendo em casa ou ouvir suas músicas, sem ser afetado pelos outros desconhecidos. Rola até um closet que limpa a sua jaqueta e um bar com comidas —tudo isso senso cobrado no cartão cadastrado do usuário.
Mas, se uma companhia surpreendeu de verdade, foi a Sony. Ela frustrou muita gente ao mostrar só o logo (nada diferente) do PlayStation 5, mas ninguém esperava que a estrela da conferência dela fosse ser um carro elétrico conceito da marca, que diz querer ajudar a gerar segurança para a mobilidade do futuro. Este tópico é o principal desafio para a implantação real do carro autônomo.
O protótipo foi feito para mostrar ideias da Sony para o setor e não para ser comercializado, mas realmente funciona. Ele tem, por exemplo, telas sensíveis ao toque por todo o cockpit para acessar mídias. Sensores e câmeras da Sony são responsáveis pelo auxílio ao motorista e, eventualmente, até pela autonomia total.
Já a Samsung mostrou na CES 2020 uma nova versão da sua ideia de cockpit digital baseado no 5G. Mais próximo da realidade, o sistema do carro consegue entender que você está no trânsito e automaticamente pode avisar para uma reunião ser adiada ou, até, pode preparar elementos da casa inteligente —como ar-condicionado— para você já chegar nela do jeito que você gosta.
“O digital cockpit mostra que a tecnologia da Samsung pode ser embarcada também em automóveis. Queremos uma experiência completamente diferente com o 5G, proporcionando conveniência dentro e fora do veículo”, afirmou ao Tilt Mário Lafitte, vice-presidente de assuntos corporativos da Samsung na América Latina.
A Samsung leva isso tão a sério que há poucos anos comprou a Harman, especialista em criar soluções conectadas para carros, por nada menos que US$ 8 bilhões.
O carro do futuro
A próxima geração de carros engloba tanta tecnologia que a CES tem sido ano a ano mais invadida por fabricantes de carros, que já tomam um pavilhão completo da feira e se estende para outras áreas. As principais montadoras, por sinal, aparecem por lá.
O que deu para ver dessa área é muito conceito e algumas poucas coisas práticas. Ainda há uma indecisão grande de como será o futuro dos carros. O design deles deve mudar muito e as empresas estão chutando para todos os lados, desde vans como a da LG e Bosch até carros com cápsulas individuais ou para duas pessoas.
O maior barulho veio da Hyundai que, em parceria com a Uber, mostrou um protótipo do futuro “carro voador” prometido pelo aplicativo —mais um helicóptero ou avião elétrico do que um carro verdadeiro, na prática.
Se a gente parar para pensar, não faz sentido os carros continuarem da mesma forma que são atualmente. A revolução deve ser similar à transição das charretes para carros. No começo, os primeiros carros até tinham design que lembrava a charrete para não assustar consumidores, mas ao longo dos anos se distanciaram disso.
Ao mesmo tempo, outras empresas, como Amazon e Qualcomm, estão por trás do software que vai gerir toda essa novidade. A fabricante de chips até mostrou na CES um Snapdragon específico para empoderar a autonomia de carros do futuro. Pelo visto, a tecnologia vai fazer a revolução do carro chegar em velocidades aceleradas.
* O repórter viajou a convite da LG
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