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Renault Zoe E-Tech é todo certinho: não emite poluentes e até o tecido usado internamente é reciclado. Mas ter um custa até R$ 220.000 ou R$ 3.890 em plano mensal de assinatura

Zoe volta ao catálogo da Renault no Brasil após alguns meses de hiato

E se você não quer pagar os R$ 220.000 pedidos pelo Zoe E-Tech Intense, a versão de topo do pequeno elétrico que foi avaliada pela Mobiauto, pode adquiri-lo em um plano de assinatura, a partir de R$ 3.890 mensais. Esse método de aquisição o iEV20 não oferece.

Nenhuma das formas de adquirir o novo Zoe sai muito em conta para o usuário, especialmente quando lembramos que ele é um hatch compacto, com dimensões de um Sandero. Infelizmente, esta é a realidade que temos hoje no país em termos de eletrificação.

Renault Zoe E-Tech é todo certinho: não emite poluentes e até o tecido usado internamente é reciclado. Mas ter um custa até R$ 220.000 ou R$ 3.890 em plano mensal de assinatura

Motor e bateria foram atualizados para entregar 42 cv a mais de potência, 3,1 kgfm a mais de torque e 85 km a mais de autonomia

Se a aquisição de um Zoe é difícil de se justificar pelo preço, a proposta “ecologicamente correta” talvez seduza mais. Quem quer rodar pela cidade sem emitir poluentes e sem chamar tanta atenção quanto num Audi e-tron terá no Zoe uma opção até mais amiga do meio ambiente, embora não tão tecnológica.

Preço: R$ 219.990. Pintura Azul Celadon: grátis.

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Painel do Zoe foi atualizado com elementos já conhecidos dos nossos Sandero, Logan e Duster

Design e acabamento

O Zoe E-Tech que chega ao Brasil importado da Europa representa uma reestilização de meia vida do compacto elétrico, que já era comercializado em nosso mercado até meados do ano passado. As mudanças estéticas foram sutis, mas fizeram bem ao pequeno hatch. 

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Dianteira teve visual repaginado para ficar mais moderna. Rodas aro 16 também são novas

Na dianteira estão concentrados os principais retoques: os faróis foram alargados e ganharam contornos de LED, que operam como luzes diurnas. A falsa grade que integra o conjunto óptico ao emblema da marca também cresceu.

A tomada de ar inferior do radiador foi ampliada e adotou divisórias pontilhadas com efeito cascata. Há, ainda, recortes no para-choque para dar maior destaque aos faróis de neblina, posicionados em nichos contornados por filetes cromados.

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Traseira é quase idêntica a antes, mas lanternas receberam nova assinatura de LED

Na traseira, a fabricante rearranjou a iluminação interna das lanternas, aplicando guias de LED, e só. Pelo menos as rodas de liga leve com aro de 16 polegadas são novas. 

Por dentro, os primeiros itens a chamar atenção são o volante, o ar-condicionado digital e a central multimídia de 7 polegadas com projeção de celulares via Android Auto e Apple CarPlay (com fio). Os três itens já são usados no Brasil pelo novo Duster. Já o quadro de instrumentos é inédito e 100% digital, com uma tela de resolução agradável e predominância da cor azul para ressaltar a proposta “limpa” do veículo. 

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Volante é idêntico ao que vemos nos nossos atuais Duster, Sandero e Logan, e que deve também ser aplicado ao Captur

O acabamento é simples até demais para um carro que custa acima de R$ 200.000, com predominância de plástico rígido. De novo, a justificativa aqui é pagar pela proposta de uso, não pelo que o Zoe oferece em si, apesar de que o uso de tecido reciclado nas faixas internas dos bancos, no apoio de braço das portas, no contorno do console central e em parte do painel é um argumento sedutor para qualquer entusiasta do programa Globo Ecologia.

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Central multimídia é a mesma do Duster e oferece conectividade via Android Auto e Apple CarPlay ainda através do uso de cabo

Desempenho e dirigibilidade

A Renault promoveu mudanças no conjunto motriz do Zoe, antes com baixos 92 cv de potência e bons 22,9 kgfm de torque. Agora, o pequeno elétrico rende ótimos 135 cv e 25 kgfm. É mais potência do que um Renault Duster 1.6 e quase o mesmo torque de um VW Polo GTS. 

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Com motor mais forte, aceleração de 0 a 100 km/h caiu de 13,5 para 9,5 segundos

É verdade que a presença das baterias no assoalho eleva sua massa para 1.786 kg, mais do que o peso de uma Fiat Toro Turbo 270 flex, mas ainda assim o desempenho melhorou, principalmente para uso em rodovia: as respostas estão bem mais ágeis e há mais elasticidade para esticar a velocidade. A máxima ainda é relativamente baixa, 140 km/h, mas legalmente nenhuma rodovia brasileira permite ir além de 120 km/h.

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Maçanetas das portas traseiras ficam escamoteadas na coluna C

Só não estranhe o comportamento do acelerador em duas etapas. Ao pisar no pedal uma primeira vez, o Zoe seguirá operando em modo Eco, com velocidade limitada a 95 km/h. É preciso “carcar” o pé no fundo para senti-lo entrando em modo normal. Só aí as retomadas passam a ser um pouco mais cheias para uso rodoviário.

Outra particularidade é a presença do modo “B” na manopla de câmbio. Ela ativa o chamado redutor, que proporciona uma resposta mais incisiva dos freios regenerativos e faz o carro frear sozinho até a imobilidade. 

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Manopla de câmbio oferece a opção “B”, de frenagem regenerativa, mas não a função “P”, presente em carros convencionais

Isso torna a experiência de desaceleração um tanto peculiar, pois leva tempo até que o motorista se acostume. Por outro lado, ajuda a regenerar a energia dissipada nas frenagens para recarregar o armazenamento de eletricidade. O curioso é que o próprio veículo desencoraja seu uso quando a bateria está mais cheia, com um aviso no quadro de instrumentos.

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Quadro de instrumentos 100% digitais é um dos elementos mais legais do novo Zoe

Em modo Eco, as respostas do acelerador são um tanto anestesiadas e difíceis de modular até que se pegue a manha. Já o câmbio com uma marcha de relação infinita, como em todo elétrico, não possui a função P, o que causa ainda mais estranheza ao condutor. Ao parar o hatch, basta acionar o freio de estacionamento eletrônico.

Todas essas características mostram como dirigir um carro elétrico, por menor e mais simples que seja, ainda é uma experiência muito diferente daquela vivida em um veículo convencional a combustão.

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Baterias no assoalho reduzem o centro de gravidade e deixam o Zoe muito bem assentado ao contornar curvas

A boa notícia é que a presença das baterias no assoalho aprimora o centro de gravidade do Zoe, deixando-o bem assentado na hora das curvas. E apesar de seu diâmetro de giro não ser tão curto assim, manobrá-lo é uma tarefa simples, por conta do porte compacto e da presença de câmera de ré mais sensores de estacionamento nas duas pontas.

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Câmera de ré pode ter luminosidade, brilho e coloração ajustados

Motorização e desempenho: motor elétrico dianteiro de 135 cv e 25 kgfm. Câmbio automático, 1 marcha. Tração 4×2 dianteira. 0 a 100 km/h: 9,5 segundos.

Dados técnicos: direção elétrica, suspensão McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira), freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira), 10,6 m diâmetro de giro, Cx 0,25, 140 mm vão livre do solo, ângulos de ataque, central e saída não divulgados, carga útil 486 kg, pneus 195/55 R16.

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Cofre abriga o motor elétrico, que é apenas dianteiro, além de coletor de ar para resfriar o radiador, reservatórios para os fluidos do próprio radiador, dos freios e do lavador de para-brisa, além da bateria 12 Volts e dos fios de alta tensão (vedados por capas alaranjadas)

Consumo e autonomia

Outro item evoluído pela fabricante foi a capacidade da bateria, que saltou de 41 para 52 kWh brutos, sendo 50 kWh disponibilizados de fato para a autonomia do veículo. Esta aumentou de 300 para 385 km no rigoroso ciclo WLTP, usado pelos órgãos europeus de medição.

É claro que esse número varia de acordo com a forma de dirigir. Ela pode até passar de 400 km sob uma direção comedida e que aproveite de forma inteligente os momentos de regeneração. Ou pode cair para quase 200 km se o motorista for um “pé de chumbo” e rodar o tempo todo com o ar-condicionado no máximo.

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Ar-condicionado automático digital tem o mesmo comando do novo Duster

A Renault criou uma ferramenta interessante em seu site oficial, que simula a autonomia real do novo Zoe de acordo com as condições de utilização. Por meio dela, também é possível conferir os tempos de recarga. Porque agora o Zoe, finalmente (ufa!), possui opção de carregamento rápido.

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Em um posto de recarga DC (corrente contínua), de 125 Ampère, é possível preencher 80% da bateria em 30 minutos e 100% em pouco mais de uma hora. Já em um wallbox tipo AC (corrente alternada) instalado em casa, o tempo varia de 2h15min em uma tomada trifásica de 32 ampère a até quase sete horas em uma convencional bifásica.

Tomando como base a tarifa de energia elétrica sob bandeira vermelha praticada no estado de São Paulo em maio de 2021, o custo aproximado para cada recarga completa do Zoe E-Tech é de R$ 18, muito menos do que os mais de R$ 200 exigidos para encher um tanque de qualquer automóvel. Pelo menos em algum momento o bolso teria de doer menos, não é mesmo? 

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Autonomia: 385 km (ciclo WLTP).

Tempos de recarga:
Carregador rápido (50 kW DC, 125ª) – 1h05 min
Wallbox 22 kW AC (3x32A) – 2h15min
Wallbox 11 kW AC (3x16A) – 4h30min
Wallbox 7,4 kW AC (32A) – 6h54min

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Conforto, espaço e equipamentos

O Renault Zoe E-Tech não é tão eficiente em conforto e espaço interno quanto na postura ecologicamente correta. No banco do motorista, por exemplo, não há sequer opção de regulagem de altura do assento, mesmo que manual. 

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Bancos dianteiros são revestidos parcialmente em couro e tecido reciclado, mas não permitem o ajuste de altura do assento 

E o ajuste do encosto lombar nas duas posições da frente é feito através de roldanas giratórias, que por sinal ficam voltadas ao console central e não para as portas. A regulagem pode até ser milimetricamente precisa, mas é mais incômodo e demorada.

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Espaço na fileira traseira é decente, mas a posição do banco é demasiadamente elevada

Na fileira traseira, a posição dos ocupantes é demasiadamente alta e inclinada para trás, por conta da elevação do compartimento das baterias naquele ponto da carroceria. Pelo menos o espaço para pernas, ombros e cabeça permite que dois adultos viajem sem muito aperto. 

Onde o Zoe se mostra espaçoso mesmo é no porta-malas, com 338 litros. Para um carro compacto, é um ótimo volume, ficando acima até mesmo dos 320 litros oferecidos pelo primo Sandero.

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Porta-malas do Zoe é maior que o de qualquer hatch compacto brasileiro

O Zoe ainda apresenta um rodar muito suave, com isolamento acústico excelente. As suspensões são igualmente macias e silenciosas, mas há um contraponto. O vão livre do solo e o ângulo de ataque são comprometidos pelos defletores aerodinâmicos na dianteira e pelas duas barras longitudinais metálicas no assoalho, que servem para proteger das baterias. 

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Ou seja: transpor obstáculos nas vias geralmente em mau estado de conservação deste nosso país é tarefa que demanda paciência. Eu mesmo raspei o assoalho numa lombada havia uma depressão na saída dela, que não dava para enxergar antes da entrada. Coisas de Brasil, às quais um carro elétrico ainda não está muito acostumado.

Dimensões: 4.084 mm comprimento, 2.588 mm entre-eixos, 1.787 mm largura, 1.562 mm altura, 338 litros porta-malas, bateria de 52 kWh, 1.786 kg de peso (ordem de marcha), 486 kg carga útil.

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Tecido reciclado também compõe os apoiadores de braço nas guarnições das portas

Por fim, a lista de equipamentos é muito comedida para o preço do Zoe E-Tech. Veja: 

Principais itens de série
Quatro airbags
Assistente de frenagem de emergência
Monitoramento de ponto cego
Controles de estabilidade e tração
Faróis de LED com projetores e luzes diurnas integradas
Faróis de neblina de LED
Chave com sensor presencial
Vidros elétricos com função um-toque e antiesmagamento
Direção elétrica
Retrovisores externos elétricos
Retrovisor interno fotocrômico
Faróis e limpador de para-brisa automáticos
Freio de estacionamento eletrônico
Controle de cruzeiro
Ar-condicionado automático digital
Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros
Indicador de pressão dos pneus
Central multimídia de 7″ com Android Auto e Apple CarPlay (via cabo)
Sistema de som com 6 alto-falantes
Redutor de velocidade
Volante multifuncional revestido em couro com ajuste de altura e profundidade
Revestimento interno em tecido reciclado

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Conclusão

A aquisição de um Zoe E-Tech, seja por compra ou assinatura, não se justifica pelo preço, isso já dissemos. Mas ele tem uma proposta coesa: ser um elétrico racional para uso prioritariamente urbano, sem extravagâncias, com discrição e amigável ao meio ambiente até nos tipos de revestimento interno que usa.

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Zoe é um carro projetado para uso prioritariamente urbano

Para quem é o amigo certinho citado no início desta avaliação, prima por todos esses valores e tem os R$ 220.000 ou R$ 4.000 mensais pedidos pela Renault, o Zoe pode entregar uma experiência interessante e nova de condução e de interação do proprietário com seu automóvel. 

Uma pena que o carro elétrico mais acessível em nosso mercado no momento ainda seja tão inacessível para uma enorme parcela dos brasileiros.

Imagens: Murilo Góes/Mobiauto

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