A parceria com a Volkswagen fica clara antes mesmo de entrarmos no JAC E-JS1. Os para-choques e os faróis trazem um “quê” da marca alemã. Ele é hoje, ainda, o carro elétrico mais barato do Brasil – o Kwid E-Tech foi colocado em pré-venda essa semana e será mais barato, mas só chega de verdade em agosto. Mesmo assim, pagar altos R$ 164.900 em um subcompacto é absurdo, ainda custa bem menos que os modelos similares do comparativo de elétricos de entrada de nosso especial (leia aqui).
Similares, mas não tanto: o porte do E-JS1 pode até ser igual ao do Fiat 500e, mas o chinês custa cerca de R$ 90 mil a menos exatamente porque também oferece menos. Na cabine, vemos um acabamento mais simples, embora com design charmoso, e menos equipamentos – não há muito além de carregador sem fio, faróis de LED e ar digital (mas não automático). Já o espaço no banco traseiro é melhor que no 500e e no Mini, mas ao custo de um porta-malas de só 121 litros.
Acima, o cluster com velocímetro digital, a alavanca de câmbio na coluna de direção e algumas opções da tela central (em chinês na unidade avaliada). Ao lado, o botão de partida e o freio de mão elétrico.
Estritamente urbano
Encontrar uma boa posição de dirigir não nada é fácil: não há ajuste de profundidade do volante nem de altura do banco do motorista. O quadro de instrumentos lembra o do Mini, com informações essenciais, e a alavanca de câmbio – idêntica à dos Mercedes-Benz – fica na coluna de direção.
Em movimento, o carro elétrico mais barato do Brasil é o “1.0 dos elétricos”: a potência é de 62 cv, quase metade da vista no Fiat 500e, mas os 150 Nm de torque equivalem ao de um motor 1.5, e, em um carro leve, garantem arrancadas ótimas e 0-100 km/h em 10,7 segundos. ]
Com pouca potência, máxima limitada a 110 km/h, direção leve e suspensões macias, o E-JS1 é ainda mais urbano que os elétricos do comparativo.
Seu motor-gerador capricha na regeneração e permite guiar com só um pedal em velocidades médias/altas, freando bem até quase parar – quando deixa o motorista decidir parar de vez ou aproveitar a inércia, de acordo com o fluxo do trânsito.
A lógica dos carros a combustão se repete aqui: menos potência, menos consumo. E ser ecológico é gastar menos, não? Considerando a potência, podia ser até mais econômico: marcamos 8,8 km/kWh na cidade e 7,7 km/kWh na estrada.
Seria culpa da sua bateria de fosfato de ferro-lítio, mais barata? Por fim, a autonomia oficial é de 302 quilômetros, mas, em nossos testes, não passamos de 240.
O espaço traseiro surpreendente, o minúsculo porta-malas e a porta de carregamento
Questão de acerto fino
Apesar de ser um carro urbano bastante “OK”, o JAC E-JS1, carro elétrico mais barato do Brasil, fica atrás dos demais testados nesta edição principalmente no acerto fino. Quando interrompe a regeneração, o freio “real” nem sempre responde com prontidão (fique atento).
A direção com um pedal é mais chatinha, pois a resposta ao pé direito não é bem modulada. A suspensão é macia demais e mal calibrada, “dando batente” toda hora. O ESP é sensível e interfere demais, cortando potência.
A luz de freio não acende na fase de regeneração, dando sustos em quem vem atrás. E o padrão de carregamento é diferente, exigindo adaptador para uso em carregadores rápidos – vendido por R$ 13.900.
No fim, mesmo longe de ser um carro elétrico perfeito, o E-JS1 pode ser uma boa opção para quem quer um modelo a bateria simples para uso cotidiano na cidade grande.
Mas, lembre-se: por R$ 40 mil a mais, você pode comprar um Renault Zoe na versão básica Zen. Aí o francês oferece mais espaço, potência, conforto e autonomia, tornando-se um upgrade quase irresistível.
JAC E-JS1
Preço básico R$ 164.900
Carro avaliado R$ 178.800
Motor: elétrico com ímãs permanentes (síncrono), dianteiro
Combustível: a bateria
Potência: 62 cv
Torque: 150 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção(t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,650 m (c), 1,670 m (l), 1,540 m (a)
Entre-eixos: 2,390 m
Pneus: 165/65 R14
Porta-malas: 121 litros
Bateria: fosfato de ferro-lítio, 30,2 kWh
Peso: 1.180 kg
0-100 km/h: 10s7
Velocidade máxima: 110 km/h (limitada)
Consumo cidade: 8,8 km/kWh (teste MOTOR SHOW)
Consumo estrada: 7,7 km/kWh (teste MOTOR SHOW)
Emissão de CO2: zero g/km
Consumo nota: A
Consumo médio: 9,2 km/kWh
Autonomia oficial: 302 km
Recarga: 14h30 (tomada comum 220V), 6h (wallbox), 1h20 (DC)
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Compacto)
Da China à Europa (e ao Brasil)
Para disputar o título de elétrico “popular”, mais novidades vem por aí. A Chery terá uma fábrica na Argentina, o que deve demorar um tanto.
Mas, em poucos meses, chega ao Brasil o Renault Kwid elétrico, que promete ser o mais barato do mercado. Na Europa, como Dacia Spring, tem 44 cv. Aqui, deve ter mais. Tivemos um breve contato com ele, que contamos na edição passada. Confira clicando aqui.
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