Quase não há SUV premium hoje sem variante “cupê”. E não poderia faltar essa opção na família ID, a gama elétrica da Volkswagen em rápida expansão, com dois modelos – ID.3 e ID.4 – inclusive já confirmados para o Brasil. E para cá deve vir também, como “topo de gama” elétrico, a mais recente expressão estilística e tecnológica da família: o novo Volkswagen ID.5.
O pacote é substancial: vai desde a geração mais avançada dos sistemas de auxílio ao motorista a refinamentos inéditos – como adição da carga da bateria no cluster digital, novos gráficos para o excelente sistema multimídia, ultrapassagens automáticas e memória de estacionamento.
Detalhes do logotipo na traseira e os faróis “inteligentes” IQ Light, que variam luminosidade e altura do facho conforme condições de rodagem e já equipam, aqui no Brasil, o SUV Taos. O porta-malas de 550 litros (411 na medição da Quattroruote). Quando rebatido, o espaço não fica plano
De modo geral, esta é precisamente a variante mais dinâmica (apenas em design, que fique claro) do já conhecido ID.4: o SUV-cupê tem para-choques esportivos, teto inclinado e um elegante aerofólio traseiro. E não são só para a imagem, pois contribuem para a eficiência aerodinâmica, como fica claro no excelente Cx de 0,27.
Diferentemente do SUV ID.4 (leia avaliação), a novidade é oferecida em apenas duas variantes – a Pro Performance avaliada neste nosso primeiro contato (um motor de 204 cv) e a GTX (dois motores, tração integral e 299 cv). Ou seja, falta a versão de entrada com motor de 170 cv e bateria de 52 kWh (aqui a capacidade líquida é de 77 kWh, ou 82 brutos).
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De resto, o Volkswagen ID.5 tem as mesmas qualidades dos outros modelos da família elétrica. A começar pela cabine acolhedora, que não impõe sacrifícios a nenhum ocupante: distância entre-eixos longa, assoalho plano, bom espaço em largura e altura (esta não se alterando em relação ao SUV, apesar do teto mais inclinado). Se há do que reclamar, é do porta-malas, embora os 414 litros que medimos (550 oficiais) sejam mais que suficientes para a maioria das necessidades.
A posição de guiar é alta, para facilitar o acesso e a visibilidade, mas o assento tem formato de carro “normal”, deixando o motorista com as pernas meio estendidas. Já a área ao redor dele tem uma estrutura minimalista e essencial, mas à qual não falta funcionalidade. Ali está tudo do que você precisa, com um excelente assistente de voz, que, agora aprimorado, compensa (de verdade) a escassez de teclas físicas e o feedback nada bom das telas e teclas sensíveis ao toque para gerenciar diferentes dispositivos – principalmente o ar-condicionado, que não tem botões retroiluminados.
Em movimento, o ID.5 segue a personalidade dos irmãos. Muito conforto, em primeiro lugar, garantido pela bom isolamento acústico e pelo excelente trabalho das suspensões. Esse clima relaxado também é visto na atuação do motor traseiro, que, como dissemos antes, entrega bom desempenho (0-100 km/h em 8,2 segundos), mas de maneira suave e progressiva: nunca falta reserva de potência para rodar tranquilamente, mas não espere aquele “chute nas costas” típico de alguns EVs.
A direção tem um feedback um pouco asséptico, mas boa agilidade e precisão, além de uma calibração leve e bom raio de giro, que ajudam no trânsito e em manobras. Nas curvas, porém, não espere a reatividade de um esportivo – por outro lado, nas manobras de emergência, isso resulta em um carro sempre muito seguro e equilibrado (a tração é traseira, e lá está 53% do peso).
A surpresa em relação aos irmãos é a eficiência energética, que já era alta. Considerando seu porte, com 4,6 m de comprimento, o Volkswagen ID.5 teve excelentes resultados de consumo em nossos testes, com média de 5,6 km/kWh (que subiu a 6,7 km/kWh no ciclo urbano), e ainda igualou o recorde de autonomia total de 461 km do muito mais caro e maior BMW iX.
Assim como no BMW iX, a cabine é minimalista, com poucos botões físicos. Pena que as superfícies e as telas sensíveis ao toque não sejam muito boas: o negócio é apelar para os comandos de voz, que foram aprimorados
Mais autonomia e tecnologia
O Volkswagen ID.5 usa o software mais recente dos sistemas de bordo: o 3.1, que outros ID poderão ter através de atualizações sem fio (OTA). Numerosos recursos foram adicionados, de ajustes gráficos à expansão das capacidades de direção assistida. Uma delas é a ultrapassagem automática, que funciona a partir de 90 km/h em estradas com ao menos duas faixas de rodagem; se houver outro modelo com tecnologia Car-to-X por perto (que permite a troca de dados entre os carros), ele é capaz ultrapassar sozinho também em estradas de pista única com tráfego de mão dupla.
Uma vez acionada a seta, o sistema monitora a área traseira com dois radares e, se as condições permitirem, ultrapassa (mas o motorista precisa manter as mãos no volante). Outra nova função é o estacionamento automático com possibilidade de gravar cinco manobras: se estacionar na sua garagem for muito complexo, basta fazer as manobras necessárias e gravar o processo; depois, a pedido, do motorista o carro poderá fazer tudo sozinho.
Quanto ao sistema de informações e multimídia, além de mudanças gráficas, houve evolução nos comandos de voz, agora capazes de entender 95% das frases comumente usadas. Já o menu de recarga foi aprimorado, com informações mais claras, e o navegador, que leva em consideração o estado de carga para planejar as rotas, foi otimizado para permitir a chegada ao destino com paradas necessárias nos carregadores.
Para completar, o head-up display com realidade aumentada tem novos ícones, que facilitam a leitura das informações, principalmente na navegação assistida – e o novo software já está configurado para “plug & charge”, sistema que permitirá abastecer em um posto público sem aproximar o cartão ou smartphone (ao conectar o soquete ao carro se inicia uma troca de dados criptografada entre o ID e o carregador, que ativará a operação).
Volkswagen ID.5 Pro Performance
Preço básico € 55.600 (R$ 300.000)
Carro avaliado € 55.600 (R$ 300.000)
Motor: traseiro, elétrico síncrono, com ímãs permanentes
Combustível: a bateria
Potência: 204 cv
Torque: 310 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e multilink cinco braços (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: integral
Dimensões: 4,60 m (c), 1,85 m (l), 1,61 m (a)
Entre-eixos: 2,77 m
Pneus: 235/45 R19 (d) e 255/50 R19 (t)
Porta-malas: 550 (oficial)/ 411 litros (medição Quattroruote)
Bateria: íons de lítio, 82 kWh (77 líquidos)
Peso: 2.117 kg
0-100 km/h: 8s5
Vel. máxima: 160 km/h (limitada)
Consumo cidade: 6,7 km/kWh (teste Quattroruote)
Consumo estrada: 5,2 km/kWh (teste)
Consumo médio: 5,9 km/kWh (oficial) / 5,6 km/kWh (teste)
Emissão de co2: 0 g/km
Autonomia: 499 km (oficial) / 461 km (teste)
Nota do Inmetro: A (estimada)
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