Nos últimos anos, o Brasil tem investido cada vez mais na produção de carros híbridos e elétricos, trazendo benefícios para o meio ambiente, como a redução de emissões de CO². No entanto, um estudo realizado pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) alerta para a falta de logística reversa para baterias de carros elétricos no país.
De acordo com o estudo, o número de carros elétricos e híbridos vendidos no Brasil já ultrapassa a marca dos 100 mil e o peso total das baterias elétricas utilizadas nesses automóveis gira em torno de 34 mil toneladas. Destas, cerca de 30 mil já estão em final de vida útil, o que representa um risco ambiental iminente para o país.
O professor Carlos Eduardo Canejo, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e um dos autores do estudo, alerta que a falta de gerenciamento adequado dessas baterias pode trazer grandes riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Segundo ele, a logística reversa desses equipamentos vai demandar políticas regulatórias adequadas e novas estratégias, não só públicas, mas também com engajamento e envolvimento das montadoras de carros.
O estudo alerta que, caso nada seja feito, até 2030 o país poderá receber toneladas de baterias de veículos elétricos leves inservíveis como rejeitos que apresentam um potencial risco ambiental devido à presença de substâncias tóxicas e com altas probabilidades de explosões e incêndios.
A falta de regulamentação também impede que essas baterias sejam devidamente recicladas e inseridas na economia circular. A principal alternativa tem sido a devolução aos fabricantes ou importadores, mas isso não garante o gerenciamento ambientalmente adequado dessas baterias.
A responsabilidade pelo gerenciamento adequado dessas baterias é compartilhada entre os governos, os fabricantes e importadores de produtos e os consumidores. A Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil estabelece a logística reversa como um dos instrumentos para propiciar o retorno dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.
O estudo da UVA ressaltou a importância do engajamento das montadoras na solução do problema. Em países como a Noruega, a iniciativa governamental já proibiu a venda de veículos movidos a combustíveis fósseis, até a data limite de 2025. A União Europeia e o Reino Unido também estabeleceram prazos finais para a proibição desses veículos em 2030 e 2035, respectivamente.
A falta de regulamentação e logística reversa adequada para baterias de carros elétricos no Brasil é um desafio que precisa ser enfrentado com urgência. O gerenciamento adequado desses resíduos sólidos é fundamental para garantir a sustentabilidade do meio ambiente e a saúde humana.
Fonte: Destino errado de bateria de carro elétrico põe em risco meio ambiente