Aconteceu em setembro último, em Fremont, cidadezinha próxima de São Francisco, na Califórnia (EUA). Perseguindo um veículo suspeito, um policial ao volante de um Tesla Model S 85 (na foto acima) foi obrigado a pedir ajuda e tirar o pé do acelerador porque a carga da bateria de sua viatura estava chegando ao fim. Outros carros de polícia assumiram a caçada e, mais tarde, encontrarm o automóvel suspeito abandonado na beira de uma estrada. Seria esse um exemplo de que, pelo menos por enquanto, carros elétricos não são apropriados para o uso policial?
Segundo a própria polícia de Fremont, de cuja frota o Tesla faz parte, não. Em pronunciamento, o porta-voz do departamento esclareceu que, assim como o elétrico, qualquer outro tipo de carro poderia ter tido que parar por falta de combustível ou, quem sabe, por um pneu furado. E deu a entender que o Tesla já estava em serviço havia tempo suficiente para que suas baterias necessitassem de recarga – assim como qualquer outro carro precisaria de reabastecimento. E destacou as qualidades de confiabilidade, desempenho e manobrabilidade do elétrico, muito apropriadas ao uso policial.
Velocidade alta, consumo também
Pode ser. Mas o fato é que, quando usados em velocidade alta por trechos mais longos, os carros elétricos tendem a consumir muito mais bateria – diferentemente dos movidos a gasolina, esses veículos “bebem” mais na estrada que na cidade, mesmo em engarrafamentos. Como teve de manter velocidades acima das 110 milhas por hora (177 km/h) por uma distância de mais de 10 milhas (cerca de 16 km), a carga que seria suficiente para rodar mais 50 milhas (80 km) acabou sendo drenada rapidamente. Em tempo: segundo o fabricante, em condições normais, a carga total das baterias permite que esse Tesla rode pouco mais de 520 Km.
O fato é que, pelo menos por enquanto, carros elétricos não parecem ser mesmo muito confiáveis para longas perseguições com médias altas de velocidade. Não por conta de seu desempenho – antes o contrário: o Model S 85 faz de zero a 100 km/h em menos de 6 segundos e alcança os 225 km/h, números dignos de um bom carro esportivo e suficientes para que alcance a imensa maioria de modelos hoje em fabricação. O problema está na menor durabilidade de suas baterias quando exigidas ao extremo por períodos prolongados.
Tenho certeza de que esse “probleminha” será resolvido e em breve. Mas, por enquanto, seria melhor que a polícia, especialmente a rodoviária, utilizasse viaturas no máximo híbridas, capazes de continuar no encalço dos suspeitos mesmo depois que as baterias se esgotarem, queimando o velho – mas previsível – combustível.