A nível global, apenas um em cada 50 novos carros eram totalmente elétricos em 2020. Mas mesmo que todos os automóveis fossem elétricos agora, ainda iria demorar 15 a 20 anos a substituir a frota movida a combustíveis fósseis, revela estudo da Universidade de Oxford
Para atingir a desejada meta das emissões zero de carbono em 2030 – o objetivo global “net zero” – os próximos cinco anos são essenciais e para isso é preciso trocar os carros pelas bicicletas (as normais e as elétricas) e também pelo simples ato de andar a pé, ou seja, o “transporte ativo”, revela um estudo desenvolvido por investigadores de mobilidade suave da Universidade de Oxford. É que os carros elétricos não são totalmente “carbono zero”, uma vez que para os fabricar é preciso minerar as matérias-primas para fabricar as suas baterias e gerar a eletricidade com que funcionam. Todo esse processo produz emissões, explica o estudo.
Um dos investigadores, Christian Brand, professor associado na Unidade de Estudos de Transportes, da Universidade de Oxford, referiu que a equipa académica responsável por coligir os dados observou 4000 pessoas residentes nas cidades de Londres (Inglaterra), Antuérpia (Bélgica), Barcelona (Espanha), Viena de Áustria, Orebro (Suécia), Roma (Itália) e Zurique (Suíça).
Durante um período de dois anos, esses 4000 participantes foram observados nas suas deslocações diárias, a irem de comboio para o emprego, ou a deixarem os filhos nas escolas de carro ou ainda a seguirem de autocarro para a cidade. Uma das conclusões a que os investigadores chegaram foi que as pessoas que se deslocavam de bicicleta numa base diária tinham menos 84% de emissões de carbono no seu quotidiano do que as que usavam outros meios de transporte.
Os autores do estudo também concluíram que qualquer cidadão que troque o carro pela bicicleta pelo menos uma vez na semana reduz a sua pegada carbónica em 3,2 quilos. Impressiona porque tal é o equivalente às emissões libertadas por conduzir um carro por 10 quilómetros, por enviar 800 e-mails ou, ainda, por comer um prato de borrego ou uma tablete de chocolate. Ao longo do ano, trocar o carro pela bicicleta uma vez por semana significa poupar em emissões o equivalente a uma viagem de avião entre Londres e Nova Iorque.
Ou seja, as emissões de carbono libertadas por se andar de bicicleta são 30 vezes inferiores às que se libertam a conduzir um carro movido a combustíveis fósseis ou até mesmo um automóvel elétrico, segundo o estudo de Oxford.