A BMW já informou que, após a chegada da versão híbrida do Série 3 (330e), a versão apenas a gasolina (330i) não sairá de linha. Mas é inevitável a pergunta: faz sentido manter os dois modelos?
Para a montadora alemã, ter à venda no Brasil o 330e e o 330i dá opções ao cliente. Mas o fato é que os dois modelos têm potência semelhante, e o híbrido leva vantagem em preço e consumo.
O 330e está à venda no Brasil apenas na versão M Sport, por R$ 297.950. A mesma configuração do 330i sai por R$ 20 mil a mais. A versão mais em conta do modelo a gasolina, Sport, deixou de ser oferecida temporariamente após a chegada do sedã híbrido, de acordo com a montadora.
Abaixo dos modelos 330, agora há apenas os 320i, com preços entre R$ 226.950 e R$ 259.950.
Avaliei o 330e, que traz o mesmo motor do 320i, o 2.0 de 184 cv, combinado a um elétrico. A potência combinada é de 252 cv, ante os 258 cv do 330i. Mas o híbrido traz um segredo: o modo esportivo de condução tem uma função chamada xtraBoost, que eleva a potência a 292 cv.
Nesse caso, o desempenho é melhor que o do 330i? Não, são semelhantes, até porque a bateria do motor elétrico acaba deixando a versão híbrida mais pesada. Ambos são impetuosos para acelerar, e vão de 0 a 100 km/h em pouco mais de 5 segundos.
Com muito torque em baixa rotação e um rápido e preciso câmbio automático de oito marchas, os dois Série 3 M Sport são os carros sem preparação esportiva que oferecem o desempenho mais próximo da esportividade. A posição levemente inclinada de guiar contribui para essa sensação.
Mas o 330i leva uma vantagem nesse aspecto: para o 330e ter todo esse ímpeto, o motor elétrico tem de estar sempre carregado. Caso contrário, a agilidade será a mesma de um 320i. Ou até inferior, já que estamos falando de um carro mais pesado.
Sistema híbrido do 330e
A versão híbrida do Série 3 traz bateria de 12 kW que, completamente carregada, oferece autonomia de 30 km, conforme informação no painel de instrumentos do carro. De acordo com a BMW, esse número pode ir até 66 km apenas com o motor elétrico.
No entanto, para ter essa autonomia, é preciso usar os modos de condução que permitem a entrada do motor a combustão em conjunto com o elétrico – eles são o híbrido e o esportivo. Assim, haverá forte regeneração de bateria.
Durante o teste, ao usar o modo esportivo – no qual o propulsor a gasolina e o híbrido trabalham juntos para entregar máxima potência -, rodei 10 km. A autonomia do motor elétrico foi mantida durante todo esse trajeto em 18 km, graças à regeneração obtida por meio de frenagem e desaceleração.
Porém, o consumo aumentou bastante (veja detalhes abaixo). E como é o carregamento do motor elétrico? O carro tem uma entrada para tomada na parte dianteira, do lado esquerdo, acima do para-lamas.
Em uma tomada de 3,6 kWh (16A e 220V), a mais comum de se instalar em casa para recarga de carros híbridos, levei duas horas para ir até a carga completa. Porém, o carro ainda tinha 8 km de autonomia no motor elétrico quando comecei o processo.
A tendência é de que, como ocorre com smartphones, o proprietário de um carro híbrido ou elétrico não deixe a bateria descarregar completamente para fazer a recarga. De acordo com fabricantes desse tipo de veículo, esse hábito não “vicia” a bateria do carro, comprometendo sua capacidade.
Para quem não quer deixar o 330e recarregando a noite toda na garagem, o sedã traz um sistema que permite programar o horário do início e do final do processo. Então, basta fazer a programação e deixar o carro na tomada.
Qual é o consumo do 330e?
O consumo de um carro elétrico pode variar bastante. A BMW do Brasil não divulga o do 330e, e não colocou o carro no programa de etiquetagem do Inmetro. Antes de sua chegada ao Brasil, estimava-se, com base em dados divulgados na Alemanha, que o carro pudesse fazer 55,5 km/l.
Esse número, porém, considera o uso da gasolina europeia, que não tem adição de etanol (o combustível vendido no Brasil é menos eficiente que o europeu em consumo). Para tirar a dúvida, fiz o teste.
Durante cinco dias, usei predominantemente o modo elétrico e rodei cerca de 30 km. Nessa configuração, apenas o motor a eletricidade será usado a até 140 km/h. O a combustão pode entrar? Sim, mas só em situações extremas, como a necessidade de uma aceleração muito forte. O propulsor a eletricidade tem 113 cv.
No modo híbrido, que usei em poucos momentos nos cinco primeiros dias de teste, o motor elétrico funciona sozinho a até 110 km/h. Porém, sempre que é preciso fazer uma aceleração ou retomada, o propulsor a gasolina entra para auxiliar.
Ao final dos cinco primeiros dias, obtive a marca de 40 km/l. A partir daí, passei a usar somente o modo híbrido de condução. Após 10 km, meu consumo foi para cerca de 17,5 km/l.
Já no modo esportivo, em que os dois motores estão sempre funcionando em conjunto, o consumo médio foi de pouco menos de 10 km/l.
Detalhes do 330e
O 330e híbrido é praticamente idêntico ao 330i – tanto por dentro quanto por fora. No interior, o que o diferencia é a inscrição “330e” na traseira – o carro a gasolina não tem nenhuma identificação.
O acabamento traz detalhes de alumínio e couro, os bancos são confortáveis e a tela da central multimídia tem cerca de 10″. Há apenas Apple CarPlay e Mirror Link. O painel é virtual, mas sem possibilidade de configuração.
O ar-condicionado tem três zonas de temperatura. Os passageiros de trás – o túnel central alto dificulta a acomodação de um terceiro ocupante – têm um comando individual, feito em tela digital.
Entre os sistemas de auxílio ao motorista, há o semiautônomo (em algumas vias, o carro freia, acelera e faz curvas sozinho) e a tecnologia de estacionamento reverso (estaciona o carro em vagas de ré).