Na última carreata pelo Dia da Mobilidade Elétrica, realizada em São Paulo, não foi difícil encontrar um representante da linha BMW i3, tanto dirigida por entusiastas da mobilidade elétrica quanto por companhias de alugueis ou compartilhamento de veículos que decidiram fazer do compacto alemão seu garoto-propaganda.
Ainda que a discussão sobre a transição dos motores à combustão para um futuro movido à bateria seja aqui e ali incipiente (e ainda incerta do ponto de vista sócio-ambiental e de infraestrutura viária), é fato que a categoria já conta com um legado de cabo a rabo: afinal, a BMW oficializou este mês o fim da produção de seu i3, 8 anos e meio após sua concepção. Os últimos modelos saíram da fábrica de Leipzig ainda no fim de junho – a planta passará a montar o também elétrico iX1, assim como a terceira geração do Mini Countryman. Não há, no momento, um sucessor direto do i3.
No total, foram vendidas 250 mil unidades do elétrico em 74 países – o compacto desembarcou no Brasil já em 2014, antes da chegada de outros similares como Nissal Leaf e Chevrolet Bolt. Alguns de seus componentes ganharam vida longa, integrando modelos que vão do Mini Cooper SE a ônibus elétricos na Turquia.
O i3 é resultado de uma iniciativa engatilhada em 2008 pela BMW, e foi, ao lado do esportivo i8, o primeiro passo prático da filosofia ‘i’ encabeçada pelo engenheiro sênior Ulrich Kranz. Trata-se de um plano holístico, que prega não só o desenvolvimento de automóveis elétricos, mas também cortes expressivos no uso de água e emissão de CO2, além do emprego de energias verdes (solar e eólica, por exemplo) na manufatura.
A ideia era criar um carro sustentável para cidades mais e mais populosas, e livre dos grandes motores a combustão, engenheiros puderam propor planos ousados. “Nós desenhamos de espaçonaves a automóveis mais convencionais. Definitivamente queríamos um carro com uma cara otimista. Muitos filmes de ficção científica apostam nesse território distópico, e design pode acabar fazenda a mesma coisa. De fato, é mais fácil seguir nessa tada do que fazer algo amigável. Mas queríamos comunicar que é possível ser responsável e ainda assim se divertir”, diz à Wired Kai Langer, chefe de design do projeto ‘i’.
O BMW i3 é símbolo de um esforço ainda em desenvolvimento da companhia, que planeja cortar em 40% a emissão de gás carbônico por veículo em toda a cadeia de valor (da produção ao consumo) até 2030 em comparativo com números de 2019. Também até 2030, o grupo (que englba as montadoras Mini e Rolls-Royce) espera que ao menos um a cada dois carros a saírem de suas concessionárias sejam 100% elétricos, como o i3.
Por outro lado, a presença marcante de uma empresa de luxo como a alemã no mercado eletrificado também é simbólica do preço ainda elevado que se paga por veículos elétricos – compactos eletrificados ainda partem da casa dos 160 mil reais no Brasil.